Sábado. Acordei com a clareza que vinha das janelas. Elas já estavam a vestir se para ir tomar o pequeno almoço. A Rute é que ainda estava na cama. Cobri a minha cabeça, de forma a que a clareza não se abatesse sobre mim. Estava cheia de sono. Baixei um pouco o cobertor para ver as horas. Eram 8:45, notei que a Rute já começava a mexer se. Ela levantou se a bocejar aproximando se de mim.
- Então não vais levantar?- sentou se na minha cama, ela ainda tinha cara de sono.
- Não me apetece.
- És mesmo preguiçosa.- deitou se ao meu lado.- Para falar a verdade também estou com preguiça. Só me apetecia ficar na cama o dia todo.
- Olha que boa ideia.- disse já bem acordada.- Nós podemos ir tomar o pequeno almoço e depois voltamos para a cama.
- Alice, tu tens com cada ideia.- falou a rir.- Anda mas é tomar banho.- levantou se, pegou as coisas e saiu do dormitório.
Sem muita vontade, quase a rastejar até, levantei da cama. Espreguicei me e bocejei. Peguei nas minhas coisas e saí do quarto. Caminhei até o balneário e entrei. Fui para a box, depois tirei a roupa para entrar no banho.
- Estava a ver que não vinhas.- comentou Rute.
- Que remédio.- resmunguei sentindo a água quente escorrer me pelo corpo.
- Tens mesmo a certeza que não foste tu que abriste a porta ontem?
- Tenho. Quando eu ia bater, ela abriu se. Nem sequer cheguei a tocar lhe.- esclareci.
- Que estranho. Não acredito que a porta se tenha aberto sozinha.
- Já somos duas.- concordei com ela.
Acabamos de tomar banho. Pegamos as toalhas e começamos a secar nos. Depois de estarmos secas, vestimo nos. Ela penteou o cabelo, enquanto que eu deixei como estava. Lavamos os dentes, como já estávamos prontas pegamos as nossas coisas e saímos do balneário. Deixamos as coisas no dormitório e fomos ao refeitório. Fomos sentar nos com a Maria, visto que estava sozinha.
- Onde é que vocês estiveram?- perguntou preocupada.- Não vos vi desde as 17h de ontem.
- Fala mais baixo Maria. Nós fomos levar a Alice a conhecer o bar.- respondeu Rute, nesse instante o Joel e o Gustavo juntam se a nós.
- Que sorte o diretor não nos ter apanhado.- comentou Joel contente.
- É melhor não falarmos muito disso.- avisou Gustavo.- Podem ouvir nos.- estávamos a conversar animadamente, quando o senhor Armando acercou se da nossa mesa. Nós olhamos para ele sem perceber.
- O senhor diretor mandou chamar o Joel, o Gustavo, a Rute e a Alice. Deu o recado para irem até à sala dele.- todos nos olhavam, dado o recado Armando retirou se.
- Conclusão estamos feitos.- concluiu Rute.
- Pode ser que seja outra coisa.- falou Joel tentando amenizar a situação.
- Duvido. Ele chamou nos aos quatro, por isso ele já deve saber de ontem.- lembrei lhes.
- É melhor irmos.- disse Gustavo.
- Boa sorte.- desejou Maria.
Levantamos e começamos a caminhar. Subimos as escadas para o segundo piso, continuamos a andar até chegar à porta. O Gustavo bateu, o diretor deixou nos entrar. Era a terceira vez que entrava nessa sala. Nos entre olhamos todos inclusive o diretor.
- Sentem se.- falou o diretor.- Sabem antes de vocês chegarem perguntava me se tinham esquecido de como funcionava o horário do colégio.- deu uma longa pausa.- Vocês os três tiveram o descaramento de levar a Alice convosco. Julgavam que eu não vos apanhava? Pois apanhei.
- Na verdade eles só me queriam mostrar a cidade.- esclareci.
- Não tente defender lhes Alice. Esses os três que estão consigo são uma má influência para ti.
- Eu não acho. Até porque eu não me deixo influenciar facilmente.- contrariei o diretor.
- Alice oiça...- interrompi lhe.
- Diretor, sinceramente qual é o mal de sairmos de vez em quando? Eu acho que começo a sentir me uma prisioneira aqui.- olhei para eles.- Nem quero imaginar eles, que estão cá há mais tempo que eu. A juventude não é só estudos mas também liberdade. Nós devíamos ter mais liberdade para sair.
- Então quer o quê, acabar com os horários?
- Não, nem sequer falei dos horários. Simplesmente nós ontem estávamos distraídos e acabamos por perder a noção das horas. Acho que isso também já aconteceu consigo.
- Não interessa, eu tenho de castigar vos.- fez uma pausa.- Ficam uma semana sem sair deste colégio.
- O quê?- falamos ao mesmo tempo.
- Foi isso mesmo que ouviram. Agora podem sair.- eles começaram a sair mas eu permaneci.
- Está a ver, eu falava disto. Agora mesmo somos prisioneiros em dobro.- fiz uma pausa.- Acha o quê? Que eles vão aprender as regras nesses modos. Se consigo resultava, lamento dizer lhe que connosco não resulta. Com licença.- saí da sala.
Descemos as escadas em silêncio. Todos os alunos nos observavam. Fomos para o bar, sentamos no sofá e demos longos suspiros. A Rute ligou a televisão, cada um estava com a cabeça na lua.
- Não acredito, uma semana sem sair.- falou Joel.
- Que tédio, o que vai ser de mim?- lamentou se Rute.
- Fazer mais o quê? Parece que vamos ter que acatar as ordens do diretor.- resmungou Gustavo.
- Alice, tiveste muita coragem em falar com o diretor daquela maneira.- disse Rute que parecia orgulhosa. Laura apareceu no bar com um sorriso vitorioso, aí é que eu liguei os pontos. Levantei me indo na direção dela.
- Foi ela.- acusei apontando o meu dedo nela.- Foi ela que nos denunciou.
- Não pode ser. A Laura não faria isso.- defendeu Gustavo.
- Gustavo abre os olhos, ambos sabemos que a tua namorada é uma hipócrita.- disse Joel.
- Eles namoram? Não dá para acreditar.
- Do que é que ela está a falar?- Laura fez se de desentendida.
- Só podes estar a gozar comigo?- falei a rir.- Gustavo foi ela que nos denunciou.
- Eu não fiz isso. Gustavo em quem é que tu acreditas? Na tua namorada ou nessa rapariga?- olhou me com desprezo.
- Olha eu dou te o essa rapariga...- o Joel agarrou me antes que eu pudesse saltar para cima dela.- Controla te Alice, tu és educada. Podes largar me Joel.
- Alice, tu não passas de uma desqualificada.- ofendeu me Laura.
- Não fales assim dela.- meteu se Rute.- Tu é que és uma impostora.
- Gustavo escuta me. Quem acendeu a luz do dormitório ontem foi ela.- fiz uma pausa juntando os pontos.- Ela viu que eu e a Rute ainda não estávamos no quarto. Então hoje de manhã ela foi contar ao diretor. Se não fosse por ela o diretor não nos apanhava.- expliquei, muitos alunos já estavam ao nosso redor.
- Ela não faria isso.- defendeu lhe Gustavo.- Ela não é assim. Pode ter esse feitio mas ela não faria isso.
- Então foste tu que abriste a porta ontem?- perguntou Joel.
- Claro que não. Senão ela seria nossa cúmplice.- respondi negando de imediato.- Coisa que não vai com a cara dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Colégio
VampireApós um acidente trágico, Alice vai para um colégio interno. No colégio, conhece Rute, uma rapariga simpática que faz logo amizade com ela. E também conhece Afonso e os seus irmãos, Beatriz e Henrique, que logo à primeira vista parecem não simpatiza...