Elas estão de volta

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Sábado. Como não tinha nada para fazer por volta das 14:30, fui para o dormitório tirar um cochilo. Depois de umas horas, comecei a ouvir ruídos. Pareciam de pessoas a falarem e de malas de rodas a serem arrastadas. Abri os olhos lentamente e ouvi um grito.

- ELA ACORDOU.- gritou Rute que se preparava para saltar para cima de mim.

- Não Rute, por favor.- pedi com os olhos bem arregalados.

- Vamos todas para cima da Alice.- disse Rute já saltando para cima de mim. A Sandra e a Isabel também saltaram.

- Ai, vocês vão me partir.- depois de um tempo elas tiraram o peso de cima de mim.- Que alívio.- levantei da cama ajeitando a minha roupa.

- Querida, senti tantas saudades.- Rute apertou me num abraço forte.

- Meu deus, não é preciso isso tudo. Acho que ainda vão acabar por matar me.

- Oh, tão querida. Começo a achar que estamos a mimá la demais.- falou Isabel vindo também abraçar me, o que parecia mais sufocar.

- Não estamos nada.- contrariou Rute que ainda não me tinha largado.

- Saiam daí, que eu também quero o meu abraço.- meteu se Sandra tentando afastá las de mim. Como não conseguiu também juntou se àquele abraço.

- Podem parar com isso. Vocês exageram tanto.

- Oh, que drama. Até parece que não se vêem há um ano.- falou Laura, que eu nem sequer tinha reparado que havia chegado.

- Não te metas Laura, que tu estás com inveja.- comentou Rute.

- Ok, soltem me. Já chega.- afastei as, e finalmente consegui sentir mais o ar.- Vocês de certeza querem matar me.

- Que horror, não digas isso Alice.- repreendeu Sandra batendo na madeira.

- Vocês vieram cedo.- sentei na cama ajeitando o meu cabelo.

- Deixa que eu te ajudo.- Isabel aproximou se de mim e começou a ajeitar me o cabelo.

- Claro. Temos que vir mais cedo para arrumarmos as coisas por aqui.- Sandra informou indo na direção do seu armário.

- Pois é. Estás a falar de nós e tu?- indagou Rute, Isabel já tinha acabado e afastou se.

- Obrigada Isabel.

- Sempre ás ordens.- deu um sorriso.

- Tu foste para casa, não é Alice?- insistiu Rute.

- As minhas férias foram tranquilas e boas.- respondi secamente.- Só de pensar que depois de amanhã já temos aulas, é o tédio.

- Podes crer.- concordou sentando se ao meu lado.

- Vocês gostam de mim? Por favor, sejam sinceras.- questionei lhes, elas olharam atónitas.- Acham que sou uma boa amiga?

- O que é isso Alice?- Isabel estava surpresa com a pergunta.

- Eu preciso de saber.- insisti olhando para cada uma delas.

- É claro que gostamos.- Rute deu um abraço reconfortando me.- Nós somos todas amigas. Umas mais que outras é claro.

- Por acaso estás a referir te a mim?- Laura voltou a falar.

- Ouviste me a dizer o teu nome? Que eu saiba não.- Rute respondeu lhe.

- Eu sei que foi para mim.

- Olha querida, não tenho a culpa que aches que és o centro das atenções.

- Eu não acho, eu sou mesmo.- disse Laura confiante.

- É melhor te calares, que já me irritas.

- Não aguentas as verdades.- falou cinicamente, Rute levantou se.

- Isso é para rir. Que verdades?

- Rute deixa, ela não vale a pena.- Sandra intrometeu se para tentar acalmá la.

- Que estranho, nessas ocasiões costumo ser eu.- falei mais para mim.

- Tu é que não vales a pena, sua inútil.- Laura referiu se a Sandra.

- Não disseste isso. A única inútil aqui és tu.- elas já se estavam a aproximar da Laura.

- Ei pessoas, vamos lá amenizar o ambiente, que isto aqui está muito pesado. E eu não posso estar nesses ambientes, senão fico contagiada.- intrometi me.

- Não te metas Alice.- Laura falou com desprezo.

- Agora quem vai a ti, sou eu.- a Rute e a Sandra agarraram me, Laura aproveitou para ir embora.

- Já chega meninas. Vamos jantar.- falou Isabel que em nenhum momento se tinha metido naquela confusão.

- Vamos, estou cheia de fome.- tranquilizei e saímos do dormitório.

- É impressionante, como ela muda de humor rapidamente. Um minuto antes estava furiosa e agora está tranquila, como se nada tivesse acontecido.- comentou Isabel.

- Não sei como é que ela consegue.- falou Rute.

- Vá meninas não se demorem.- pedi indo na frente.

Já estávamos sentadas na mesa com os tabuleiros à frente. De vez em quando olhavámos para a Laura com raiva, e ela como sempre nos retribuia com desprezo. O Joel e o Gustavo vieram juntar se a nós.

- Meu, que caras são essas?- questionou Joel com um sorriso.

- Sinto que aqui está um ambiente pesado.- Gustavo disse pensativo, seguindo o nosso olhar que ia para a Laura.

- Ah, já percebi. A abelha voltou a picar vos.- Joel disse sarcasticamente rindo.

- Põe picar nisso, mas até que não foi nada demais.- respondi olhando o meu tabuleiro.

- E dessa vez, foi com vocês todas? Nem quero saber como vão dormir hoje.- Joel continuava a falar.

- Foi mais com a Rute.- respondeu Isabel.

- A Maria ainda não chegou?- indagou Gustavo.

- Parece que não Gustavo, talvez amanhã.- disse começando a comer.

- Ela deve ter ido despedir se da santa igreja.- Joel fez graça.

- Deixa disso Joel.- repreendeu Gustavo.

- Olha me aqueles nerds, nem são capazes de largar aquela tábua velha de xadrez.- Joel disse enquanto os via sentados na mesa a jogarem.- Vou lá meter me com eles.

- Nem penses Joel.- agarrei lhe no braço.- Eles não te fizeram nada, por isso deixa os em paz.

- O quê? Agora és defensora deles?- ironizou dando um sorriso.

- Eu não sou defensora de ninguém. Só não gosto de assistir a bullying. Garanto te que se te sentares aí, não te arrependerás.

- Estás a ameaçar me, querida Alice?

- Eu não faço ameaças, eu só dou escolhas.- corrigi lhe e larguei lhe o braço.

- Como queiras.- sentou se novamente no seu lugar.- Já viste o que eu faço por ti.

- Ainda bem que o fazes.- dei uns tapinhas na mão dele.- Quer dizer que tens utilidade.

- Só tu mesmo. Rute diz algo, nem pareces a mesma. Nem sequer me repreendeste, tu que és logo a primeira.- pediu Joel olhando a.

- Desculpa Joel, é que o meu dia já deu o que tinha a dar.- Rute falou desanimada.

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