Guerra de almofadas

631 47 6
                                    

Segunda. Acordei ouvindo elas a conversarem. Bocejei e espreguicei me ainda deitada na cama. Fiquei durante uns minutos a olhar para o teto. Só de pensar que hoje já começávamos novamente as aulas, nem me dava vontade de sair da cama.

- Vamos molenga, já está na hora de levantar.- Rute falou balançando me.- Nos encontramos no refeitório.

- Ou talvez não.- Rute fez uma cara de desaprovação e elas saíram.

Passado cinco minutos, Laura entrou seguida da Joana. Ela ficou em frente ao espelho a maquiar se, enquanto que eu e a Joana olhávamos para ela atentamente.

- Como estou?- Laura questionou Joana.

- Estás perfeita.- respondeu com entusiasmo.

- Se tu o dizes.- comentei virando a cara.

- Estás a falar conosco?- perguntou Laura com desdém olhando na minha direção.

- Se é o que tu achas.

- Vamos ignorar lhe Laura.- falou Joana.

- Tens razão. Não vamos perder tempo com ela.- concordou e continuou a arranjar se.

Bocejei novamente. Levantei da cama, escolhi uma roupa no armário e peguei nas minhas coisas. Deixei lhes no quarto indo para o balneário. Tomei banho, vesti a roupa que tinha trazido e lavei os dentes. Voltei ao quarto para deixar as coisas e depois fui para o refeitório que já estava prestes a fechar.

- Como sempre atrasada.- falou a funcionária dando um sorriso.

- Enfim, há de se fazer o quê? Já não há mais solução.- respondi pegando o tabuleiro e fui sentar.

Continuava a comer tranquilamente, até já havia tocado. Pousei o tabuleiro e tirei o pão e o leite que ainda não tinha acabado. Só saí do refeitório porque já iam fechá lo. Ao andar pelo corredor, deparei me com os irmãos do Afonso que pareciam tensos. Eles olharam me com cara de poucos amigos. Continuei a andar lentamente.

- A menina já não devia estar na aula?- levei um susto da voz que surgiu atrás de mim. Eu assenti em resposta.- Quem és tu?- o diretor virou para ver me o rosto, mas eu também virei, por isso ele não conseguiu.- Deixa me ver te.- estava novamente de costas para ele, então decidi correr. Subi as escadas e entrei na sala. Estava com os olhos fechados, quando os abri todos da turma inclusive o professor olhavam para mim confusos.

- Já repararam que está um belo dia?- perguntei indo em direção ao meu lugar.- Desculpe o atraso professor, é que estava com dor de cabeça.

- Agora que o movimento acabou, vamos prosseguir com a aula.- disse o professor.

- Ei.- cumprimentei o Afonso que sorriu me.

Tentei ficar a aula toda atenta, mas foi um fracasso porque acabei por adormecer. Senti alguém dar me um toque de leve no braço.

- Tu não podes acordar me assim.- murmurei ainda com sono.

- Então queres que te acorde como?- ele sussurrou me junto á minha orelha fazendo me arrepiar.

- O QUE FAZES AQUI? DEIXA ME EM PAZ.- gritei acordando no meio da aula. Olhei ao redor, a turma me encarava assustada.

- Alice, estás bem?- questionou o professor preocupado.

- Eu...eu..não...sei...o...- a minha voz não saiu mais.

- Não é melhor ires apanhar um pouco de ar.- sugeriu.

- Não é preciso, eu estou bem.

O professor assentiu e continuamos a aula. Nem tive coragem de adormecer novamente. Que vergonha acordar assim no meio da aula. Porque será que eu sonhei com ele? Tinha que ser logo com ele? Céus, como estou a fervilhar por dentro. A aula acabou, o stôr voltou a perguntar se eu estava bem e eu tranquilizei o dizendo que sim. Saí da sala acompanhando o Afonso.

- Afonso?- chamei o, ele olhou para mim.

- O que é? Tiveste um pesadelo?

- Não foi nada demais.

- Não foi o que pareceu da maneira que tu acordaste, exaltada.- fez questão de lembrar.

- Isso é para esquecer.- avisei olhando pelo corredor e novamente para ele.- Eu só queria dizer te que antes de ir para a aula, vi os teus irmãos que pareciam tensos. Passa se algo com vocês?

- Não, nada.- negou de imediato.

- Ok, se não quiseres falar, tudo bem. Vou indo, depois nos vemos.- ele assentiu.

Continuei a andar até chegar ao dormitório. Arrumei as minhas tralhas e fiz a cama. Que estranho, parece que quando eu fiz lhe a pergunta ficou um clima pesado entre nós. Entretanto tive a segunda aula do dia e depois fui almoçar com elas.

- Alice já soube o que aconteceu na aula. Estás bem?- Rute falou preocupada colocando uma mão na minha testa e a outra na sua.

- Eu estou bem Rute.- respondi afastando a mão dela.

- Como foi o pesadelo?- questionou Joel curioso.

- Por acaso eu estava a ter um sonho muito bom. Mas depois apareceu o Joel com essa cara horrível estragando a bela paisagem que estava lá.- eles riram se menos ele.

- Obrigado por me teres em consideração.- ironizou.

- É um prazer.- eles continuaram a rir.

- Alice, tu não devias dormir nas aulas.- repreendeu Maria.

- E tu não devias brincar com o terço nas aulas.- retruquei, eles riram.

- Mas não é a mesma coisa.

- É sim, porque tu também não estás a prestar atenção na aula.- ela não disse mais nada.

Continuamos a falar. Depois saímos do refeitório indo em direção ao bar. Ficamos lá ver um filme.

Terça. O dia passou lentamente, porque acabávamos as aulas ás 18h, o que era muito cansativo. Da parte da manhã fiquei com o Afonso. Fomos para perto da fonte e ficamos por lá a conversar. Depois o resto do dia fiquei com elas. Já era noite, tínhamos acabado de jantar. A Maria estava na cama a ler a sua bíblia, a Laura e a Joana estavam a fofocar, a Sandra e a Isabel também conversavam, a Rute arrumava umas coisas no armário e eu encarava o teto distraidamente.

- Sabem aquela história?- todas assustaram, por eu ter falado de repente.

- Que história?- questionou Rute olhando me.

- Uma história aí.

- A dizeres assim, vamos mesmo lá.- ironizou Laura revirando os olhos.

- A história da rapariga que usava muita maquiagem. Ou a história da rapariga que lia bíblias.- respondi, elas entre olharam se alarmadas.

- Eu não quero ouvir histórias dessas.- reclamou Joana fazendo cara feia.

- Tu não sabes o que dizes Joana. Essas são as melhores histórias.

- Sei sim.- contrariou me.

- Cala te Joana.- atirei lhe a minha almofada acertando lhe na cabeça.- Bons sonhos.

- Como foste capaz de fazer me isto?- perguntou indignada. Atirou a sua almofada na minha direção, mas eu baixei e por isso acertou na cara da Maria.

- Tu estragaste a minha leitura, agora estou perdida.- Maria pegou a almofada e atirou numa direção qualquer que acertou na Rute.

- Vocês querem guerra, então é guerra que vão ter.- disse Rute.

Todas começamos a apanhar as almofadas e a bater umas contra as outras. Aquele dormitório estava uma confusão. De tanto batermos com as almofadas, as penas começaram a sair. Estavam todas divertidas e a rir. Até a Laura e a Joana que não se davam conosco. O dormitório estava cheio de penas por todos os cantos. Finalmente nos deitamos exaustas e acabamos por adormecer.


O ColégioOnde histórias criam vida. Descubra agora