Abri os olhos, sentindo um pouco da claridade vinda da janela. Como sempre, encontrava me deitada na cama. Comecei a sentir pontadas fortes na cabeça. Levantei da cama indo em direção à secretária. Em cima dela, estava o habitual tabuleiro com uma tigela de sopa. Fui até à porta e iniciei batidas fortes contra ela.
- TIREM ME DAQUI.- gritei. A minha voz já era de desespero.- POR FAVOR, EU NÃO FIZ NADA. O QUE QUEREM DE MIM?
Cansada de bater, deixei me cair no chão, encostando me na porta. Coloquei a minha orelha encostada na porta e no chão, mas não se ouvia um único barulho. No colégio, com certeza, já sabiam que estava desaparecida. Eles deviam estar à minha procura. Sinto falta deles, principalmente da Rute. Nem tive tempo de uma despedida antes de sequestrarem me. Levantei do chão indo sentar me na cadeira. Olhei a tigela de sopa que estava à minha frente. Nesse instante ocorreu me uma ideia. Ergui me da cadeira bruscamente indo até a janela. Fiquei um bom tempo de pé, a observar se havia qualquer movimento lá fora. Como não vi nada, afastei me dela. Olhei ao redor do quarto, nada parecia suspeito. Peguei a tigela de sopa indo à casa de banho. Entrei, fui até à sanita. Sem pensar duas vezes, despejei a sopa. E logo puxei a descarga. Tirei um pouco de papel, limpando a parte de fora, onde ficara um pouco suja de sopa. Voltei ao quarto, coloquei a tigela onde estava. Depois atirei me na cama. Tinha de fazer de tudo para manter me acordada. Acho que estava acordada à algumas horas. O sono já começava a vencer me. Mas nesse momento, ouvi destrancarem a porta. Fechei os olhos de imediato. Senti que alguém estava à minha frente, a verificar me se dormia. Assim que a pessoa afastou se, abri os olhos. Ele tinha ido fechar a cortina.
- O que queres de mim?- perguntei à pessoa, que estava em frente a secretária.
A pessoa não respondeu. Levantei da cama, aproximando me lentamente dela. Assim visto detrás, não conseguia ver se a conhecia. Fiquei a uma distância segura. A pessoa virou se. Por muito que tentasse reconhecê la, não podia. Até porque nunca o tinha visto.
- O certo era você estar a dormir.- respondeu com os olhos vermelhos escuros postos em mim.
- Pois, parece que acordei mais cedo.- olhei para a porta que estava aberta. Ele reparou. Corri até ela, mas senti novamente algo bater me na cabeça. Caí no chão.
- Fica a saber que é inútil tentar sair daqui.- ouvi o dizer. A imagem dele estava desfocada, comecei a perder os sentidos. Ainda senti quando ele pegou me e deixou me deitada na cama.
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Já estava acordada há algum tempo. Tinha perdido a conta dos dias em que estava aqui trancada. Observei a janela. Levantei da cama indo até ela. Tentei abrir lhe, mas não dava. Gritei de raiva. Voltei a sentar me na cama, peguei o livro que estava em cima da mesa de cabeceira. Continuei a ler. O homem de pele pálida, cabelos escuros compridos e olhos vermelhos escuros, entrou no quarto com um tabuleiro. Aproximou se da secretária, pousando o tabuleiro em cima desta.- Foste tu que me sequestraste?- questionei antes dele sair.- Por acaso estás a cumprir ordens de alguém?
- Não tenho permissão para falar sobre isso.- respondeu com os olhos fixos em mim. Ele ia fechar a porta, mas eu falei:
- Eu estou aqui trancada, porque sei da vossa existência, não é?
- Creio que daqui a alguns dias, vai querer dizer da nossa existência.- arregalei os olhos aturdida. Impaciente, ele saiu do quarto trancando o.
Pensamentos invadiram me a cabeça. Será que este homem conhece o Afonso? Eu achava que só ele e os irmãos é que sabiam, que eu fiquei a saber. Pelos vistos, mais vampiros sabem. Pousei o livro na mesa de cabeceira. Aproximei me da secretária, peguei a tigela indo despejá la novamente. Olhei a janela. Sem pensar, peguei a cadeira, erguendo a. Afastei me da janela, depois fui a correr, colocando a cadeira à frente para partir lhe. Por incrível que pareça, aquela janela era inquebrável. Senti os braços cansados. Aos poucos começava a perder as forças já que não comia. Deitei na cama acabando por adormecer.
Despertei espreguiçando me na cama. Já começava a sentir me suja. Queria tanto tomar banho. Andei até à porta e comecei as batidas nela. O homem abriu a porta. Afastei me para ele passar. Para que eu não fugisse, ele voltou a trancar, mas pelo lado de dentro. Aproximou se da secretária e pousou o tabuleiro.
- Sinto me suja. Quero tomar banho.- falei, enquanto cheirava as minhas roupas.
- Pode ir à vontade.
- Mas eu não trouxe roupas comigo. É que pelos vistos, esqueceram de avisar me que eu iria passar umas férias, neste inferno.- ironizei, ele olhou me.
- Por um acaso já abriu o armário?- era a primeira vez que ele me questionava. Olhei o armário podre e velho encostado a um canto do quarto.
- Aquele armário? O que está a cair de podre?- falei sem acreditar.- Não acredito que haja algo lá dentro.
- Veja por si mesma.- aproximei me do armário, abri lhe. Dentro dele, havia muitas peças de roupa. Mas o que se via mais, era vestidos.
- Está a brincar comigo? Aqui tem mais vestidos que sei lá o quê.
- São roupas, por isso não reclame.- os seus olhos pareciam ter escurecido mais, deixando me assustada.- Pediram que lhe entregasse esta folha.- ele avançou até mim, estendendo o braço.
- Se é mais outra ameaça...agradeço mas pode ficar com ela.- ele não se moveu.- Será que não me podem deixar ir embora? O que foi que eu fiz? Eu mereço isto?
- Vamos, pegue a folha.- falou num tom ríspido, fazendo me pegar rapidamente. Depois foi embora, deixando me novamente sozinha.
Deixei a folha em cima da cama. Entretanto encaminhei me para a casa de banho. Entrei na cabine e liguei a água. A água estava quente, o que era bom. Devia ter feito isto à mais tempo. Depois de ter acabado o banho, peguei uma toalha branca e enrolei me nela. Voltei ao quarto. Abri novamente o armário, tirei uma cueca e um sutiã, ambos brancos. Tirei também um vestido branco. Não tinha mesmo alternativa, a não ser vestir aquilo. Em cima da mesa de cabeceira havia uma escova. Penteei o cabelo durante uns minutos. Agora sentia me fresca e limpa. Peguei a folha e li. "Come, senão vais ficar ainda mais fraca. Só estás a desperdiçar a comida. Enquanto à quem precise dela." Ao ler aquela folha, levantei da cama. Puxei a cadeira sentando me. E comecei a comer a sopa. O homem apareceu novamente com outra tigela de sopa. Pousou no tabuleiro.
- Como te chamas?- perguntei curiosa.
- Ademar.- respondeu saindo do quarto.
Cheia de fome, devorei a segunda tigela de sopa. Caminhei até a cama e sentei. Peguei o livro continuando a ler. Rolava de um lado ao outro ainda a ler. Farta de estar sempre na mesma posição. Rapidamente veio o sono.
Ouvi a porta do quarto ser destrancada. Depois fui ouvindo os passos da pessoa a aproximar se. Sentou na cama e começou a acariciar me a cara. Por muito que quisesse abrir os olhos não conseguia. Ainda estava sonolenta. O toque daquela mão, era me familiar. Já a tinha sentido.
- Agora estás aqui comigo. Eu disse que não te abandonaria.- falou a voz familiar.- Tu vais ficar comigo, Alice.- senti os lábios frios tocarem me a testa, dando um beijo. E não senti mais o toque da sua mão.
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O Colégio
VampireApós um acidente trágico, Alice vai para um colégio interno. No colégio, conhece Rute, uma rapariga simpática que faz logo amizade com ela. E também conhece Afonso e os seus irmãos, Beatriz e Henrique, que logo à primeira vista parecem não simpatiza...