CAPITULO 57 - O PLANO

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Para cada 3 crianças roubadas, apenas uma era a encomendada. 

As outras duas serviam para a precaução que eu lhe disse.Para a cada seis crianças roubadas, não mais que duas tinham destinos certos, as outras eram apenas reservas, substitutas para assegurarem o êxito das operações caso algo desse errado ou alguma das crianças viesse a falecer. Esse é o motivo para o qual três crianças foram roubadas. As outras duas eram apenas reservas.Lucas não é a criança que inicialmente havia sido sequestrada para ser nosso filho. Lucas é umdos substitutos. 

Meu Deus.... Eu não sabia sobre estes substitutos, eu não sabia que mais crianças seriam levadas de seus lares, eu não sabia...Fernanda, eles mandaram eu arranjar estas crianças... 

Eu, duas semana antes do sequestro, eu tinha que arranjar outras duas crianças que serviriam como as substitutas, as que assegurariam o êxito da operação, as que assegurariam que naquela noite em meus braços estivesse o filho que eu daria à você.O desespero que começou a dominar-me estava firmemente ligado ao fato de que o promotor de acusação estava fazendo um trabalho completamente sobrenatural. Ele estava indo além do esperado, ao contrário do que eu e os Cardosos pensávamos, ele não havia sido comprado nem por Juanes, nem por Valter. 

Esta foi a falha. 

O promotor era um jovem sedento por justiça, um jovem que não sossegou enquanto, inconscientemente, simplesmente não acabasse com os acordos que eu havia feito com os Cardosos, com os acordos que eu havia feito com o juiz. 

Ele conseguiu que o Juiz fosse trocado e arranjou provas legítimas - das quais eu possuía o conhecimento. - da ligação concreta dos Cardosos também com a rede de tráfico de drogas. Eu tive que investir mais dinheiro para que a operação continuasse, tive que assegurar para o chefe dos Cardosos, Luciano Cardoso, que eu faria de tudo para que a pena fosse reduzida, que mais dinheiro fosse concedido aos seus familiares, que os melhores advogados lhes fossem contratados e o pior, prometi que a polícia federal faria vista grossa para o controle do tráfico de drogas que eles possuíam na fronteira.Eles concordaram, pediram-me as três crianças e uma busca um pouco aprofundada informou-me que havia três bem debaixo do meu nariz. 

Uma delas era o filho de Jonh Moore, o agente que saíra de cena após a captura dos Cardosos. De forma extraordinária seu menino tinha as características e idade que precisávamos e, tirar Jonh de cena para roubarmos a criança não seria grande coisa já que Agentes Federais são arrogantes o bastante para pensarem que sua proteção ultrapassa qualquer barreira do campo do imaginável. 

A segunda era o filho de Rosana Howard.... Sim, Fernanda. Rosana Howard, filha de Camilla Howard, nossa governanta que mais tarde veio a ser uma importante figura neste esquema, ela seria a responsável pela recepção e cuidado destes meninos quando eles chegaram aos Estados Unidos. Seu envolvimento com este tipo de trabalho era constante. - Fato que eu juro que não sabia. - O menino de Rosana não se encaixava perfeitamente nas características físicas, mas a idade batia... Camila vendeu o próprio neto. 

A terceira e última criança, que seria o menino escolhido para ser nosso filho, era filho de Ian Torres. Esta criança havia sido escolhida pelos Cardosos pelo fato de a mãe da criança, quase ex-esposa de Ian, ser a secretária da esposa de um dos Cardosos. Não que ela pudesse imaginar para quem trabalhava... Certamente ela não imaginava. 

Mas então... para a minha surpresa existia uma quarta, uma quarta criança.Algo que fez com que eu pela primeira vez naquela operação elevasse minha voz e... Meu Deus, esta quarta criança, eu nem mesmo...A questão não era o que eu queria. A questão era o que os Cardosos queriam, e o sequestro daquela quarta criança havia sido um imposição...A quarta criança era o filho do promotor Christopher Uckermann com sua esposa, Dulce Uckermann. 

Seu nome era Leonardo, Leonardo Uckermann.A criança fora roubada pelo simples fato de o promotor ter conseguido desmascarar com maestria uma parte da sujeira que os Cardosos faziam com grande empenho.Roubaram o menino por vingança, por maldade, por prazer e eu...

Eu concordei. 

Eu permiti que uma mulher fosse infiltrada na casa dos Uckermanns, permiti que Luana, nossa governanta atual que atente pelo nome verdadeiro de Lola Fernandez, fosse implantada naquela casa. Luana já mantinha relação com os Uckermanns, Dulce.... Dulce Uckermann a chamava algumas vezes para olhar o menino. Luana sempre fora ambiciosa e maldosa. Sua prima, Marina, nossa segunda governanta, trabalhava para os Cardosos no cuidado das crianças roubadas há uma grande quantidade de tempo... Tudo conspirou para que o menino dos Uckermanns fosse roubado. Lola ser prima de Marina e ter acesso a casa foi tudo o que eles precisavam para que Leonardo Uckermann fosse sequestrado na tarde de dezembro de dois mil e seis. 

O plano era simples... Dulce Uckermann sairia naquela tarde, o trabalho de Lola era permitir que os homens de Cardoso entrassem na casa e roubassem o menino... O meu trabalho era assegurar para Christopher Uckermann e Dulce Uckermann que Lola era inocente segundo as fiéis investigações da polícia Federal que jamais existiram. O meu trabalho era a fazer de vítima... Fazer com que ninguém desconfiasse que ela estava envolvida. O meu trabalho era desaparecer com ela do mapa... Mas isto não bastaria, eu sabia disso e os Cardosos também sabiam.  Lola era ambiciosa demais para simplesmente receber sua quantia e cair fora.Eu teria que mantê-la próxima à mim, sob minha vista, de boca fechada.A opção de matá-la surgiu para os Cardosos. Eu não aceitei, assegurei que arranjaria um lugar para que ela ficasse.E arranjei... eu coloquei em nossa casa. Assim como Marina, quando Camila simplesmente bem debaixo do nosso nariz no dia seguinte da operação desapareceu do mapa. 

Eu havia a contratado para cuidar das quatro crianças que chegariam - se chegassem quatro- eu sabia que ela de alguma forma não seria uma grande ameaça depois que recebesse seu dinheiro e outras coisas de seu agrado, ela estava acostumada com aquele trabalho, e eu precisava de pessoas acostumadas com aquele tipo de trabalho. Marina tomou o lugar de Camila na recepção e nos cuidados das crianças quando elas chegaram aos Estados Unidos. 

Rosana que morava no México na época, provavelmente sabia sobre o trabalho que sua mãe fazia e, sabia que o desaparecimento de seu filho tinha alguma coisa a ver com o que sua mãe fazia... Espero Rosana ainda esteja viva, que não tenham a matado, ela sabia de mais coisas do que qualquer um dos outros que permiti que soubesse de um terço desta sórdida história. Camila não era boa pessoa, Camila não era boa mãe e seguramente não hesitou em oferecer seu neto como um substituto... Eu lamento por ele, lamento por Rosana, lamento por você estar lendo esta carta e desejo de todo o meu coração que as duas crianças que não sobreviveram às condições do transporte do México até aqui, estejam descansando com um Deus que talvez não perdoe os meus pecados.Eu não saberia lhe dizer quem são as duas crianças que sobreviveram.Na verdade eu talvez saberia, mas isto só faria com que a sua situação piorasse caso algo aconteça. 

Luana, Lola, não tem filho algum. O menino dela, Joaquim, é a segunda criança que sobreviveu junto com o Lucas, nosso filho. Eu não tive coragem que deixá-lo em algum lugar abandonado como os Cardosos faziam com as peças que não mais lhe serviriam. Parece irônico, mas durante este tempo eu tentei garantir que ele tivesse pelo menos um pouco do conforto que Lucas teve e tem. O trato que eu tinha com Lola e Marina era que elas cuidariam do menino enquanto estivessem sob o meu teto. Eu as pago muito, muito bem para isso.Os acontecimentos agora correm para a semana a qual e eu finalmente cheguei com Lucas nos braços e vi suas lágrimas, seu sorriso emocionado. 

Que Deus me perdoe Fernanda, mas naquele instante eu não estava me lembrando das lágrimas que outros pais derramavam de tristeza.Eu não estava me importando com o perigoso grau de loucura que eu havia beirado durante a fase final da operação. 

A realidade sobre o que eu realmente havia feito abateu-me quando pela primeira vez deparei-me com os olhos de Dulce Uckermann. 

Eu desejei morrer, por tudo o que é mais sagrado, eu desejei morrer.Então agora começo a lhe contar a parte onde tentei fazer com que as pessoas certas soubessem de certos fragmentos desta história. 

Chris - Se você me deixar, eu juro que esta será a última vez que verá meus olhos. 

Dul - O que existe em mim que ainda o prende em meus braços? O que você quer de mim, Christopher?

A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ Onde histórias criam vida. Descubra agora