CAPITULO 17 - ADVOGADO UCKERMANN

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Dulce observou as roupas já organizadas em seu armário, seu quarto assim como o restanteda casa completamente em ordem, os presentes guardados, alguns separados. Botou as mãosem sua cintura, dando mais alguns passos perdidos por seu quarto, mirando o relógio pelaprimeira vez durante todo aquele dia. 

O objetivo da organização havia sido distrair sua atençãoaté que Christopher ou Torres finalmente ligassem. Mas Christopher não havia ligado e Torrestambém não.Enfiou-se no chuveiro com o telefone junto.Tomou um longo banho, deixando que a água caísse por sua cabeça.Christopher não ligaria. A esperança era de que Torres ligasse.O telefone tocou, ela saiu com pressa do chuveiro, enrolando-se em uma toalha qualquer,preparando-se. 

Dul – Sim? – Disse prontamente, segurando a toalha de encontro aos seus seios. – Alô? –Disse uma vez mais, mas o silêncio prevaleceu, mirou o telefone, checando se havia de fato oligado. – Sim, quem é? – Disse uma vez mais e então desligou. 

Murmurou um palavrãovoltando a tomar banho, era maravilhoso o fato de que algum retardado houvesse ligado porengano logo no momento em que ela...O telefone tocou mais uma vez, pensou em não atender, mas seu instinto fez com que saísseuma vez mais do chuveiro, enrolando-se na tolha, o atendendo. 

Dul – Alô? – Perguntou já com impaciência, cerrando o maxilar de raiva. – Tem alguém nalinha, alô? – Silêncio novamente. – Senhor Torres? – Chamou e a ligação foi rapidamentecortada.

 Desligou seu próprio telefone, achando estranho o fato de que...O sabão que havia em seu rosto começou a lhe arder os olhos, correu para o chuveiro,terminando rapidamente seu banho. Lavou os cabelos, os prendendo em um coque qualquer,passou seus cremes, colocou seu pijama, as meias e um felpudo roupão sobre o pijama.Deixou o banheiro com o telefone em suas mãos. Sentou-se em sua cama, ligando a pequenatelevisão do quarto.Uma vez mais, o silêncio costumeiro passou a lhe incomodar.Aquele bater do vento na janela, o balançar das árvores, das folhas naquela noite de inversotão frio, lhe trouxe uma sensação imensa se vazio, solidão. Abraçou a si mesma, enfiando-sedebaixo das cobertas, soltando seus cabelos para que os mesmos secassem. Encolheu-se nacama, fechando seus olhos por alguns segundos, poucos segundos. Pela primeira vez desejouum par de braços quentes para lhe aquecer naquele inverno tão intenso. Pela primeira vezsentiu saudades do barulho de risadas ecoando pela casa, vozes, choros, gritos, qualquercoisa que aplacasse aquele intenso silêncio. Sentiu saudades de sentir qualquer sentimentoalém daqueles que já haviam sido tatuados em seu peito. Qualquer coisa que pudessepreencher aquele vazio. Sentia saudades de fazer amor com paixão, de dar e receber... 

Abraçou-se ainda mais e um sorriso se fez em seus lábios quando se concentrou, e podeinvocar a imagem e o barulho do sorriso de Leonardo."Sim", disse para si mesma. "Permaneça sorrindo até que eu possa dormir."Seus olhos permaneceram fechados e o sorriso permaneceu em seus lábios. 

Era melhor assim, afastar-se um pouco daquela realidade, afastar-se um pouco do vendaval deemoções que se encontrava em seu interior naquele dia.Era cedo para dormir... Mas o riso de Leonardo, o som distante da voz de Christopher, lá nofundo, bem no fundo do cenário que estava pintando naquela noite, envolvia-a para o mundodos sonhos. Agarrou-se ao telefone, dizendo que certamente ouviria se o mesmo tocasse. 

Chris – Não durma! Fale comigo, olhe para mim, apenas me abrace... Dulce. – Ela fechou seusolhos, encolhendo-se, agarrando-se ao travesseiro que segurava contra seu corpo, de costaspara o corpo de seu marido. Podia ouvir claramente que ele chorava, podia sentir claramentesua dor. – Eu preciso de você... Preciso dos seus olhos, eu não falarei nada, ficarei emsilêncio, apenas me abrace...Olhe para mim. 

Christopher levantou-se da cama completamente nu e caminhou até o banheiro. Mirou poralguns segundos Maite, completamente adormecida na cama. Voltou em passos leves paraperto da cama, a cobrindo, não permitindo que o frio da noite atingisse seu corpo despido dequalquer tipo de roupa. Voltou novamente para a porta do banheiro, a fechando com o máximode cuidado que pôde, evitando acordar sua esposa.Tomou um banho demorado, quente, respirando aquele gostoso vapor com cheiro desabonete, permitindo que seus cabelos caíssem por seus olhos enquanto o jato de água atingiasua cabeça. Apoiou as mãos na parede, curvando seu corpo, deixando que a água agoracaísse em cheio em suas largas costas. As contraiu, fechando seus olhos, repassando aconversa que havia tido com uma de suas "fontes" antes de voltar para a cama e fazer amoruma vez mais com Maite. 

Assim que Maite desceu as escadas para preparar algo para que comessem no horário quedeveria ser de almoço, Christopher havia se fechado discretamente no escritório, discandorapidamente um número que já estava gravado em sua memória. 

Fora Christian quematendera, com sua voz firme e controlada, extremamente profissional.Haviam trocado breves cumprimentos. 

Quando Christopher ligava naquele número, ouChristian ligava em outro número confidencial de Christopher, era porque um dos doisnecessitava de alguma informação, falar sobre alguma coisa de extrema importância esomente uma linha telefônica de segurança como aquela poderia ser usada. 

Chris – Pode falar? – Havia perguntando em um tom de voz um pouco mais baixo, o quedeixava claro para Christian a importância do assunto. 

Christian – Sim, eu posso falar. 

Chris – Está sabendo de algum novo movimento na Central de Crianças Desaparecidas? – Umbreve silêncio foi feito e Christopher sentou-se em sua cadeira, ciente de que Dulce não estavaenganada. 

Christian – Não sei de muita coisa, mas parece que é algo relacionado ao caso das criançasDesaparecidas do caso Dezembro/2006. Não contatei minhas fontes lá dentro, na realidadeestou evitando fazer isso, pelo que percebi a situação é mais sigilosa e mais complicada doque as outras. 

Christopher – Foi exatamente o que eu imaginei. Sabe o grau de envolvimento da políciaFederal dos Estados Unidos neste caso? 

Christian – Sei que eles estão comendo na mão deles. Pelo que fui informado estamos com acustódia de uma cidadã americana. Não sei muita coisa Christopher e sinto cheiro de merda delonge. – Christopher assentiu. 

Chris – Preciso saber mais coisas sobre isso, pensei que estivesse mais informado sobre isso.

Christian – Eu estaria mentindo se dissesse que não esperava sua ligação. Mas as coisas nãoparecem estar boas ou claras por lá Christopher e sei qual é a importância do caso para você.

Chris – E é por este fato que preciso que me ajude nessa Christian. Não posso fuçar, perguntare tentar me envolver nesse caso porque será suspeito e se realmente algo estiver acontecendoserei chamado para depor. Ligaram para... Ligaram para Dulce hoje, Delegado Torres,conhece?

 Christian – Torres? – Christopher percebeu novamente a pausa, como se Christian estivesselembrando-se. – Já ouvi falar de um agente Torres, mas um delegado não. 

Chris – Foi o que eu desconfiava. 

Christian – Além do mais, porque um delegado ligaria para a sua... Para Dulce? 

Chris – Também me questionei sobre a mesma coisa. Dulce falou que a ligação havia sido umpouco estranha. Tentarei discretamente me informar sobre isso, se souber de alguma novainformação poderia me contatar? 

Christian – Farei isso Christopher, mas não te garanto nada. 

Chris – Não peço seu envolvimento, nem que corra riscos, só peço que se alguma de suasfontes o contatarem, por favor, tente me informar. 

Christian – E eu te dou a minha palavra de que informarei. Sei que pode estar rolando umacordo por lá, algo relacionado com a Polícia local e a Polícia Internacional. Parece que aPolícia Internacional tem um interesse anormal na testemunha, você conhece esses merdas econhece os merdas daqui. 

Chris – Sim, eu já sabia disso. 

Christian – É só isso que eu sei... Bem, eu tentarei encontrar mais alguma coisa, retornarei aligação até duas da manha. 

Chris – Eu estarei esperando. 

Christian – E Dulce, como está? 

Chris – Você sabe Christian... 

Christian – Sim eu sei. Nos falamos. 

Chris – Sim, nos falamos.

Seus olhos se abriram e esperou realmente receber a ligação de seu irmão até as duas damanha. Christian Uckermann, de vinte e cinco anos, era um advogado, assim como ele,Christopher Uckermann de trinta e dois anos.

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