CAPITULO 66 - ANJA E MAMÃE

358 27 4
                                    

De repente ele virou-se, com seus olhinhos arregalados mirando Dulce uma vez mais.

A primeira coisa que ela o viu observar com bastante clareza foi os seus cabelos. A testa dele franziu-se, então instintivamente ele deu um passo para trás, aumentando a distância de seu corpinho do corpo dela.

Dulce negou com a cabeça, percebendo com clareza a confusão que se passava por àqueles olhinhos avermelhados. As bochechas dele estavam avermelhadas, seus pequenos lábios eram rosados como ela se lembrava... Exatamente como ela se lembrava. As mãos de Dulce mexeram em seus cabelos, tentando descobrir o que havia de errado com eles para que afastassem seu filho ainda mais de seu corpo saudoso de um abraço.

A cor, ela percebeu de imediato, e aquilo a fez sorrir de uma forma intensa, emocionando-se ainda mais pelo fato de que de alguma forma, aquele menino que fora arrancado de seus braços ainda um bebê, lembrava ou simplesmente sabia a cor de seus cabelos.

Dul - Tinta. - Ela murmurou, com sua voz trêmula, profundamente emocionada. - Você já ouviu falar de tinta? - Ele assentiu com a cabeça, sem dizer uma única palavra e Dulce sorriu ainda mais, não imaginando que a primeira coisa que falaria para o seu filho era que seus cabelos possuía tinta... Tinta preta. - Eles são vermelhos, na verdade... Bem vermelhos. - Continuou a dizer, respeitando a distância que ele colocava entre ambos.

Por mais que sua vontade fosse de correr encontro àquele corpo, respeitou o momento de Leonardo.Sim, era Leonardo... Ele se chamava e se chama Leonardo.

Joaquim - Sim, eu acho que são. - Ele disse, e o timbre daquela voz fez com que as pernas deDulce fraquejassem. Buscou forças, obtendo-a na presença de seu filho, controlando o choro na tentativa fracassada de não assustá-lo. - Luana usava tinta, a tia Marina mesmo dizia. -Dulce assentiu, não ousando perguntar-se se Luana ou Marina eram as mulheres que haviam ajudado a roubá-lo.

Dul - Será que eu posso aproximar-me? - Questionou em voz baixa, engolindo a saliva, possuindo a noção de que Christopher encontrava-se logo atrás dela, respeitando aquele momento de mãe e filho. - Apresentar-me? - Continuou a dizer, sem ter a mínima ideia do que dizer.A necessidade de um abraço tornava-se cada vez mais desesperadora.

Joaquim - Eu sei quem é você.Ele murmurou com sua voz tão tipicamente infantil e bela.

Dul - Você sabe? - Dulce murmurou com emoção, aproximando-se lentamente, contente por ele não estar afastando-se.

Joaquim - Sim, eu sei... E Lucas também sabe, porque eu contei para ele. - Dulce assentiu, esperando o momento o qual ele falaria a palavra mágica. A palavra mágica que a renderia de uma só única vez, deixando-a sem nenhum controle sobre suas emoções, suas lágrimas, seu coração. A atmosfera tornava-se notável. A leveza do momento transformava-se rapidamente em uma atmosfera tomada por sentimentos intensos das mais diferentes saudades, dos mais diversos amores. - Você é um anjo. - Ele murmurou baixinho, fazendo Dulce sorrir cada vez mais próxima dele, dos bracinhos dele.

Dul - Um anjo? - Ela murmurou com surpresa, deixando evidente em sua voz trêmula o quanto seu corpo também tremia, quase que convulsionando pelo frio, pela emoção, pelo amor.

Joaquim - Sim, um anjo... Na verdade o meu anjo. - Ela uma vez mais sorriu, exterminando por fim a distância que havia entre ela e seu filho. Uma vez mais ajoelhou-se lentamente à altura dele, mirando-o nos olhos.Ele sorriu também, não mais assustado ou com receios.Ah Deus, aquele sorriso. - Luana disse que você não existia. Mas eu sabia que você existia. - Ele novamente sorriu, com seus olhinhos brilhando - E não é que você existe! - Ele murmurou, com uma animação visível em sua voz, que foi se perdendo aos poucos. - Você demorou. - Ele novamente murmurou e Dulce deixou de sorrir, não impedindo que a emoção explodisse uma vez mais em seu coração. - Você demorou tanto. - Ele continuou e antes que pudesse evitar, Dulce o pegou em seus braços, apegando-se a cada parte daquele corpinho pequenino e quentinho. Apegando-se a cada lembrança para confirmar que aquele momento realmente existia.

A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ Onde histórias criam vida. Descubra agora