CAPITULO 107 - ELE É MEU.

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Dul - Estou morta. Tenho um filho me esperando e um marido em algum lugar desse hospital que desconheço. Olhe para mim Maite... Olhe bem para mim. – Os olhos de Maite observaram Dulce, e esta pôde ver que as lágrimas que desciam pelos olhos de Maite naquele momento eram por ela. – Sou uma mulher destruída. – Seus lábios tremeram, seus olhos se fecharam por longos segundos. – Não vou conseguir viver sem ele, mas terei que fazê-lo porque tenho um filho pelo qual morremos ontem pela noite. Eu tenho um filho, Maite. E mesmo que eu deseje pular deste prédio, o homem que pertence a mim pediu para que eu fosse uma mulher forte e cuidasse dele. E é isto o que eu estou tentando fazer. – O enfermeiro entrou no quarto e Dulce lhe pediu uma cadeira, avisando-o de que precisava ir à cantina, para encontrar seu filho. – Fique ao lado dele. – Disse. – Segure sua mão, beije-o, ore por ele... – emocionou-se. –Ele a ama Maite.

Maite – Não, não ama. – Negou com a cabeça, com um soluço sacudindo seu corpo. – Mas eu o amo, Dulce. Deus do céu eu o amo com todas as minhas forças.

Dul – Ele reconhece o seu amor. – Assentiu com a cabeça, não mentindo. – Preocupa-se com você, sente carinho, respeito e amor por você. Ele a ama, não da maneira que você gostaria que a amasse, mas ele a ama com o coração.

Maite – Eu sinto muito. – Murmurou, assentindo com a cabeça e pela primeira vez, Dulce percebeu que conversavam com uma sinceridade gritante. A dor fazia isso com as pessoas. –Eu sinto muito que isso tudo tenha lhe acontecido. Deus sabe que nunca lhe quis mal. Apenas desejava que Christopher me quisesse, que você saísse do caminho, que deixasse de machucá-lo, de atormentá-lo, de chamá-lo e de tirá-lo de mim mesmo sem dizer uma única palavra. Mas eu nunca... Nunca desejei mal a você ou ao seu filho. Ele é um garoto maravilhoso. Seus olhos... – Soluçou, limpando suas lágrimas. – Seus olhos são exatamente como os olhos de Christopher, mas quando sorri... E eu me lembro dos seus sorrisos, Dulce... Quando ele sorri o faz exatamente como você.

Dul – É minha metade. – Agradeceu o enfermeiro que entrava com a cadeira e um suéter. A camisola que usava cobria pouca coisa e não lhe aquecia em nada. Sentou-se na cadeira, aceitando a manta que lhe cobriu as pernas, vestindo logo em seguida o suéter.

- Seu médico virá em vinte minutos, por isto não deve demorar. – O mesmo moço que havia lhe auxiliado murmurou. – A senhora não podia ter levantado e não pode andar antes que o doutor lhe diga. Pode estar em choque, mas seu corpo sofreu danos, danos sérios. – Referiu-se à perda de seu filho. – Quando voltar da cantina, por gentileza, aceite os medicamentos que voltaremos a lhe dar e descanse. A senhora não está sentindo dores porque está medicada, mas os medicamentos não irão durar para sempre e seu corpo está exausto. Seu corpo e sua mente estão exaustos.

Dulce assentiu, percebendo que o gentil enfermeiro falava muito sério. A verdade era que as dores já haviam começado a voltar. Mirou Maite, sabendo que seu filho a esperava e que não gostaria de prolongar aquela conversa.

Mai – Ele está vivo. – Dulce cerrou seu maxilar. – Não o abandone uma vez mais. Não cometa o mesmo erro duas vezes... Dessa vez ele não irá voltar, Dulce. Dessa vez ele não me abandonará e voltará para você.

Dul – Adeus Maite.

Os olhos de Maite se fecharam por longos segundos. Negou com a cabeça, engolindo a saliva, mirando Dulce logo em seguida, repetindo de forma silenciosa o que havia dito anteriormente. Dulce desviou o olhar, limpando as lágrimas de seu rosto, fazendo com que Maite pela primeira vez fixasse o olhar em sua mão ferida, especialmente em seu dedo que antes desprovido de qualquer anel, recebia agora uma grossa aliança dourada e conhecida.

Aquilo despertou algo em seu coração ferido. A visão daquele anel reluzente no dedo de Dulce foi algo que sem dúvidas acordou Maite de um pesadelo vestido de sonho, construído por ninguém mais do que ela mesma.

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