Foi Alfonso quem levantou e abriu a porta, recebendo Christopher com um forte e apertadoabraço. Amigos de infância que eram, era natural que se beijassem no rosto e se olhassem nosolhos como as meninas, aquelas melhores amigas, assim como ela e sua querida irmã faziam. Quando seu casamento...
Dulce engoliu a saliva, mantendo sua cabeça baixa.
Quando seucasamento havia terminado, ele simplesmente havia terminado. Ela gostava de pensar que ascircunstâncias haviam determinado que tal fato acontecesse. Ela preferia pensar que estavatudo bem, que desde o fim prezavam um respeito e uma amizade superficial. 7
Não, não eraamizade... Era a culpa, uma culpa tão intensa que tornava a atmosfera ainda mais pesada,uma culpa e uma infelicidade tão perfeitamente escondida que o mais competente rastreador jamais as encontraria. Levantou-se, desejando que hoje, especialmente hoje, não precisassever àqueles olhos, que lhe lembravam outros olhos, seus olhos, seu coração...
Chris – Então ela apareceu, Dona Laura? – Ele dizia e Dulce conseguiu dar um fraco sorriso,levantando sua cabeça, o mirando nos olhos. A beleza e a juventude continuavam em seurosto masculino. Os cabelos continuavam da mesma cor, os olhos dizendo as mesmaspalavras. Era injusto, doloroso, que o tempo e a dor tivessem sido tão injustos com ela e tãobrandos com ele.
Laura – Você chegou tarde, os salgados já devem ter esfriado e Maite, não veio?
Chris – Ela tinha um compromisso. – Dulce sorriu com seus olhos. Mentira. Podia verclaramente no modo como ele cerrava o maxilar, estava mentindo. – Você sabe como trabalharcom comércio é ingrato. Olá. – Ele disse e Dulce uma vez mais sorriu, segurando ainda em suamão o copo de refrigerante.
Dul – Olá Christopher. – respondeu, não cogitando a hipótese de aproximar-se, permitindo umabraço, um toque, qualquer coisa... Ele pareceu entender, pois assentiu, engolindo a saliva.Deu um forte abraço em Anahí, beijou a mão de Laura em um gesto familiar e constante. Eramelhor assim, sem brigas, escândalos... Apenas assim.
Laura – Sente-se, fique a vontade, vou esquentar uns salgados para você.
Chris – Não se incomode Dona Laura, eu apenas vim dar um abraço... – Calou-se. – Vimapenas felicitar Dulce por mais um aniversário. – Anahí mirou Dulce e sentiu-se surpresa pornão conseguir enxergar nada na expressão de sua irmã.
Dul – Não era necessário Christopher, eu iria agradecer pela rosas, pelo telefonema e pelocartão. Mas mesmo assim, obrigada pelos parabéns.
Chris – Como estão as coisas? O serviço, a casa, tudo em ordem? – Dulce uma vez maissorriu sem prazer com seus olhos, permitindo que os mesmos brilhassem,trasbordando invisivelmente aquele mar de sentimentos. Ele desviou o olhar, fechando seuspróprios olhos por momentos quase que imperceptíveis.
Por mais que ela tentasse, que ela desesperadoramente tentasse, seus olhos, seus malditosolhos... Baixou a cabeça, aliviada por felizmente ele já não poder os decifrar com a facilidadeque um homem, um marido, completamente apaixonado faria.
Dul – Eu estou bem, está tudo bem. – Conseguiu sorrir e ele assentiu, sorrindo fracamente. – Acasa está em ordem, bem... Na minha ordem. – Sorriu uma vez mais, perguntando-se seestava exagerando na encenação mais uma vez, tirou a franja de seus olhos, colocando aquelapequena mecha de cabelo atrás de sua orelha.
Anahí – Então ratos estão lhe servindo de companhia, irmã. – Dulce fez uma careta, sorrindopara Anahí. Laura voltou com um pratinho de salgados, o entregando para Christopher quemesmo hesitante aceitou.
Dul – Não o encha de salgados mamãe, certamente Maite está o esperando para jantar. E ela,como está?
Chris – Bem, ocupada, mas bem, lhe mandou um beijo. – Dulce assentiu. Mentira. Ele estavamentindo novamente.
Dul – Agradeça pelo cartão e pelas rosas por mim, por favor. – Anahí levantou-se e Alfonsologo a seguiu, iriam buscar no carro o cd da viagem que haviam feito para uma louca cidade nasemana retrasada para que Dulce visse. Naturalmente, sua tola, ingênua e delicada mãetambém se levantou, murmurando uma desculpa qualquer para deixá-los sozinhos na sala.Levantou-se também, ficando de pé, observando Anahí e Alfonso Caminharem abraçados,trocando calorosos beijos até o carro.
Chris – Feliz aniversário. – Ele murmurou e Dulce assentiu, virando-se.
Dul – Eu agradeço. – Desviou seus olhos, antes que...
Chris – Não precisa sorrir, nem agir como se... – calou-se. – Eu precisa ver como você estava efoi por isso que eu vim.
Dul – Christopher... Você não me deve nada. – Engoliu a saliva, o mirando no fundo, no maisprofundo de seus olhos tão intensos, um dia tão seus, tão inteiramente seus. – Entende? Nada.
Chris – Isso não é um dever.
Dul – Isso não deveria existir. – Murmurou, desviando seus olhos para seu bolo ainda inteiro deaniversário. Ergueu sua cabeça e rogou para que ele fosse embora, para que ele fosse emboraantes que seus olhos começassem a enxergar naqueles mesmos belos olhos... – Você nãoprecisa disso, eu não preciso disso.
Chris – Eu me preocupo...
Dul – Não deveria, eu tenho me virado, tenho vivido, estou aqui...
Chris – Não. – levantou-se, aproximando-se. – Faz tempo Dulce. – Fechou os olhos, e Dulcepensou ter enxergado dor e saudades naquela expressão. – Faz tanto tempo que não estáaqui. Não é nenhum dever, nem nenhum pecado o fato de eu me preocupar com você, seubem estar, sua...
Dul – Felicidade? – completou e outro amargo sorriso brincou em seus olhos.
Chris – Eu vou embora. – Disse e Dulce assentiu.
Dul – Obrigada pela visita. – Tentou sorrir mais uma vez, dando um passo para trás quando elese aproximou novamente, parando a sua frente, com aqueles olhos tão intensos e familiaressobre os seus olhos.
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A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ
Fiksi PenggemarAs consequências de um perda. Inquebrável ligação. A química. Os olhos dele. O sorriso dela. A falta que você me faz.