CAPITULO 32 - JOAQUIM

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Ela não disse coisa alguma, apenas apertou seus olhos e seus punhos, respirando fundo, bem fundo, desejando que ele não tivesse lhe dito aquelas coisas. 

Chris – Acha que podemos ir agora? – Ele voltou a subir os olhos e foi a vez dele de murmurar um palavrão e virar-se, respirando fundo. 

Dul – Sim, nós podemos ir agora.

A mínima quantia de dinheiro foi deixada na recepção do hotel.O silêncio no carro fazia com que a atmosfera os avisasse que a hora de partir havia chegado, que as mudanças nas últimas horas haviam sido reais, que aquilo não era um sonho, ou um pesadelo... Aquilo era real. E quando ambos começaram a caminhar lado a lado entre os carros do estacionamento do aeroporto, Dulce pôde sentir cada célula de seu corpo se agitando em um aviso que naquele instante ela não soube e nem poderia captar. 

O carro de Christopher fora deixado ali e logo seria resgatado por Christian, seu irmão. 

O passaporte estava no bolso de seu casaco, assim como Christopher guardava o seu em seu bolso também.

As malas não pareciam pesadas perto do sentimento que a invadia naquele instante. 

Nada seria mais pesado do que aquele sentimento que subia por seu peito, cumprindo seus seios, seu coração, ameaçando-a sufocar com tanta adrenalina.Entraram dentro do aeroporto e todo aquele barulho os atingiu em cheio. A loucura daquele lugar sempre seria a mesma, as pessoas correndo com seus carrinhos, abraçando-se, brigando, chorando, reencontrando-se, permaneciam ali, firmes e fortes. Christopher aproximou-se mais de Dulce, com seus olhos atentos observando cada canto do local aonde milhares de pessoas iam e vim diariamente.

 Chris – Você checou o hotel? – Desviou de um casal, tomando cuidado para não esbarrar com as outras centenas de pessoas que vinham em sua direção. 

Dul – Sim, eu chequei o hotel. Encontrei um discreto em Manhattan. 

Chris – A localização é de grande ajuda, a primeira pessoa que precisamos procurar vive aparentemente em Manhattan. – Dulce assentiu, aproximando-se ainda mais de Christopher, segurando-se levemente em seus braços ao perceber que quanto mais andavam pelos corredores, mais a aglomeração de pessoas se fazia mais intensa. 

Chris – Nós estamos no horário. Não vejo nenhum sinal de que neste aeroporto existam agentes nos vigiando. – Ela voltou a assentir, engolindo a saliva ao avistar o balcão no qual deveriam fazer o check-in. – Não precisamos ficar nervosos, eu não acho que a polícia tenha corrido o risco de deixar nossos nomes ou fotos para reconhecimento caso embarquemos em um destes aeroportos. 

Dul – E porque não? 

Chris – As empresas aéreas pedem explicações. O que eles iriam dizer, que somos criminosos? Ladrões, sequestradores? – Dulce entendeu sobre o que ele falava. A empresa aérea iria pedir o motivo da busca de dois civis que viviam completamente dentro das leis do país e a polícia, sua maldita polícia, não poderia dizer que eles estavam tentando impedir que aquele casal encontrasse informações sobre seu filho, informações estas que eles sabiam e mentiam dizendo o contrário. 

Pararam a frente de um simpática e bela moça que com sua voz calma e gentil recebeu os documentos e os passaportes do casal a sua frente.Em exatos vinte e oito minutos eles cruzavam os longos portões que os levaria para o avião. Segurando somente sua bolsa contra seu corpo, Dulce aproximou-se de Christopher, mirando por alguns instantes as pessoas que caminhavam ao seu lado, rumo ao mesmo destino. 

Era impressão sua ou elas realmente pareciam calmas? Era impressão sua ou elas realmente pareciam estar indo curtir a proximidade do Natal com seus familiares, as férias de dezembro. Era impressão sua ou os casais pareciam mais apaixonados e compromissados, as crianças pareciam menores, mais alegres, travessas e despreocupadas? Porque tudo parecia tão normal e feliz fora de seu próprio mundo? Porque nenhuma daquelas pessoas pareciam tristes ou agoniadas? Porque nenhuma delas parecia estar sentindo saudades, desejo e principalmente medo?As cenas começaram a passar-se em câmera lenta perante seus olhos, detalhes que antes não chamariam a atenção de seus olhos, passaram a causar-lhe estranhos arrepios naquele instante... O sol brilhava ao fundo do borrão, dando a errônea impressão de que estava ali para aquecer o frio que se fazia. As cores pareciam adquirir uma tonalidade mais forte, mais intensa, quase chamativa demais... Os risos das crianças que corriam mesmo com os protesto de seus pais parecia mais alto, mais agudo, causando nela a vontade de sorrir também, de compartilhar da inocência e da alegria que eles pareciam sentir naquele momento. 

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