CAPITULO 98 - VÃO ME MATAR

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Dulce permaneceu com os olhos abertos. Mirando os olhos de Juanes com intensidade, esperando que seu questionamento tivesse alcançado o ponto que deveria alcançar. Seus pulsos ardiam com uma intensidade arrasadora, seu rosto, seus olhos... Tudo parecia queimar como o verdadeiro inferno.

Juanes – Uma hora. – Ele disse entre os dentes, soltando-lhe os cabelos, fazendo-a fechar os olhos pelo ódio e pela dor. – Uma hora. – Ele repetiu, limpando o suor de seu rosto imundo e sádico.

Juanes deixou a sala e dois de seus capangas o seguiu para fazer sua proteção. Não foram pegos pela escuridão total desta vez. De algum lugar desconhecido provinha uma fraca iluminação que permitia que pudessem ver uns aos outros dentro da sala. Um capanga permanecia ali, ereto, com a arma apontada para Christopher em um sinal de alerta constante. A cabeça de Dulce voltou a baixar-se, o som de sua respiração ofegante voltou a atormentar os ouvidos de Christopher.

Chris – Olhe para mim. – Ele disse, não se importando com a presença do capanga. – Dulce, olhe para mim. – Ele repetiu com a voz ainda mais firme, segurando a dor, o choro, a alucinada vontade de gritar.

Ela hesitou uma vez mais, negando com a cabeça, desejando-o privar da visão desesperadora de seu rosto, de seu estado.

Chris – Eles fizeram algo mais? Olhe para mim. – Desesperou-se diante a ausência de um olhar. – Abusaram de você? Tocaram você? OLHE PARA MIM. – Sacudiu-se na cadeira uma vez mais na tentativa fracassada de soltar-se. Seus pés bateram com força contra o chão, seus pulsos presos por aquelas finas e cortantes cordas foram ainda mais agredidos.

Dul – Não faça isso. – Ela pediu entre as lágrimas, com a voz baixa, finalmente erguendo seu rosto que começava a indicar marcas rochas, certamente dos primeiros golpes. – Não se mova, não se mova... – Ela implorou, mordendo levemente os próprios lábios. Christopher deixou de se mover, com sua respiração ofegante indicando seu tormento interior e exterior. - Não abusaram de mim. Não estou mentindo, não abusaram de mim. Estranhamente o capanga permitiu que a conversação se seguisse.

Chris – Você vai sair daqui, está escutando? – Ela assentiu com a cabeça, franzindo as sobrancelhas, contendo o choro. – Você vai sair daqui e criará o nosso filho. Eu estou lhe prometendo isso. Não vai morrer aqui... Você não vai morrer aqui.

Dul – Não te atrevas a sacrificar-te por mim. – Ela disse entre os dentes, tremendo além da conta, fazendo Christopher fechar os olhos por alguns segundos. – Você sabia. – Acusou-o. –Você sabia que algo parecido com isso aconteceria. È por isso que estava se despedindo. Você sabia. Sabia que morreria nessa droga de sala. – Bateu os pés, jogando seus cabelos para trás, forçando-o a abrir os olhos e mirá-la. – Eu nunca vou te perdoar se fizer isso comigo. Está escutando? Nunca vou te perdoar se fizer isso comigo.

Chris – Não estou interessado no seu perdão. Estou interessado na sua vida e na vida do meu filho. - Eu causei isto. – Mordeu os lábios uma vez mais, entendendo que a tontura, a fraqueza e a dor intensa que sentia provinham de seus ferimentos e da quantidade de sangue que perdia com aquele buraco em seu ombro.

– Eu cuido disto. Para a surpresa de Christopher, o capanga abaixou a arma.

O silêncio se fez presente na sala.

Os olhos de Dulce miraram o alto homem que saiu de sua posição de vigia, caminhando lentamente e cuidadosamente até a entrada, certificando-se de que ainda havia ali dois grandes homens protegendo o lado de fora. Ele voltou à sua posição, mantendo a arma abaixada e de seu bolso direito tirou uma espécie de comprimido. Os olhos de Dulce se arregalaram, sua respiração tornou-se ofegante além da conta. Ela facilmente poderia dizer que seu coração estava prestes a saltar por sua boca.- Não grite. – O capanga murmurou, como se tivesse antecipado a reação da mulher dos olhos horrorizados. – Está escutando? Se você gritar arruinará tudo.

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