CAPITULO 103 - TE AMAREI MESMO SE NÃO EXISTIREM OUTRAS VIDAS

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Dul – Pode sentir? – Fechou seus olhos, com seu queixo trêmulo denunciando o choro que voltava a lhe abater. – Está sentindo Christopher? – Abriu seus olhos, franzindo a testa ao perceber que uma vez mais Christopher havia caído na inconsciência.

A dor, o calor, o suor e as torturas estavam o matando de forma lenta e desumana. A dor física que Dulce sentia não podia ser comparada à dor de seu coração sendo dilacerado a cada segundo. Tormento, agonia, saudades... Ela não sabia dizer qual seria a causa de sua morte. Mas sabia que estava morrendo... Vê-lo ali à sua frente, tão fraco, machucado e indefeso estava a matando com a intensidade da fúria das ondas de um mar de ressaca. Não tinha ideia de quanto tempo estavam ali. A coisa havia ficado feia quando toda a merda havia sido jogada no ventilador.

Era um milagre que ela e Christopher ainda estivessem vivos, era um milagre que o possuído Juanes ainda não tivesse os matado e então os cortado exatamente como havia dito que faria. Christopher não tinha mais forças para lutar. Os golpes já não lhe arrancavam gemidos... Ele estava resistindo por ela, vivendo por ela, por Leonardo...

Chris – Sim. – Ouviu bem baixinho e então mordeu os lábios, fechando seus olhos com força, com mais de suas lágrimas misturando-se com o suor que lhe ensopava todas as partes do corpo. Havia sangue em sua camisa, em seu rosto e em seus pulsos... Havia sangue por todos os lugares, principalmente o sangue de Christopher. – É tentador. – Ele abriu os olhos e então lhe sorriu com seus lábios trêmulos, inchados, miseravelmente machucados.

Os dois capangas na sala mantiveram as armas erguidas, carregadas, apontadas. Um dos capangas era John e este sabia que a hora de agir estava próxima, muito próxima.

Dul – Eu espero que ele esteja sorrindo agora. – Piscou seus olhos demoradamente, com a dor em seu útero tornando-se mais intensa do que qualquer outra dor em seu corpo machucado e exausto. Segurou o gemido, apertando suas pernas, sentindo seu coração disparar, reagindo com desespero à evidência do que acontecia. Cerrou o maxilar, deixando um soluço escapar entre um sorriso ao sentir novamente a breve sensação de conforto invadindo-a. Seu filho estava bem. Ninguém havia dito, ela apenas podia sentir que sua criança finalmente estava segura.

Dul – Posso senti-lo com uma intensidade gritante. – Fechou seus olhos, respirando pela boca, contorcendo-se presa àquela maldita cadeira. – Deus do céu eu o amo tanto. – Voltou a conter o gemido, jogando sua cabeça para trás, desejando do fundo de sua alma que a inconsciência a tragasse naquele momento.

Chris – Respire. – Ele fechou os olhos, negando com a cabeça, sabendo que não podia lidar com o que acontecia naquele momento. – Respire. Isso já vai acabar.

Dul – Prometa que me dará outro filho.

Chris – Respire.

Dul – Outro filho, Christopher...

Chris – Não querida, nós não faremos outro. – Soluçou com força. – Nós não sairemos juntos daqui, Dulce. – Murmurou, ouvindo os passos pesados e apressados de Juanes pelos corredores. - Você precisa ser forte, uma mulher forte, uma mãe forte. Nós sabíamos, querida. – Dulce negou com a cabeça, fechando seus olhos, batendo os pés contra ao chão ao dar-se conta de que a dor era mais do que podia suportar. – Eu amo você. Desde o primeiro dia, desde a primeira noite... Eu amo você, sempre vou amar você. È isso o que eu sou, é para isso que existo. 

O tempo havia acabado.

Dul – NÃO SE ATREVA...

Chris – ESCUTE-ME... Pelo amor de Deus escute-me.

Ela negou com a cabeça, ouvindo o barulho da porta se abrindo.

Chris – Você é minha... – Assentiu com a cabeça. – Minha mulher, minha amiga e minha esposa... Eu deixei algo para você, eu deixei algo para você na casa de sua mãe.

A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ Onde histórias criam vida. Descubra agora