CAPITULO 55 - A CARTA

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A água quente caindo sobre suas costas e sua cabeça, aliviava os sentimentos que pareciam vazar por seus poros, concluiu Dulce. 

Inclinou seu corpo, apoiando as mãos abertas contra a parede, relaxando instantaneamente conforme a água caia sobre seu pescoço, escorrendo por suas costas, deixando o banheiro cada vez mais invisível pela quantidade de vapor. Os músculos de seu corpo latejavam, sua cabeça repassava cenas e informações em uma ordem equivocada. O vazio em seus braços parecia ter se tornado ainda maior nos últimos minutos. Abraçou a si mesma, apoiando a testa contra parede, tentando encontrar em seu baú de lembranças alguma que lhe acalmasse naquele momento.Não encontrou-a. 

A ausência de Leonardo naquele instante parecia gritante. Era como se ela, claramente pudesse ouvir que alguém estava lhe gritando. Curvou-se novamente e o arrepio que seu corpo sentiu no próximo instante fez com que Dulce se encolhesse, mordendo seus próprios lábios.Ela podia sentir claramente os lábios de Christopher sobre seu ombro... Ela podia sentir claramente seu beijo macio na curva de seu pescoço, demorado, sem língua. Ele voltou a lhe beijar o ombro, escorrendo uma mão por seu quadril pela lateral de seu corpo.

Chris - Você estava certa. - Ela arrepiou-se uma vez mais, mordendo seus lábios, com a água tornando-se quente demais para seu próprio corpo. - Eu me apavorei. 

Dul - O que você está fazendo agora não é certo. Não quando as sensações já não são as mesmas pra você. 

Chris - Eu não estou exatamente me importando com o que é certo. Quer saber o que me parece certo agora? Ter você aqui me parece certo, Dulce. - Ele fechou seus olhos, arrepiando-se também. - Eu quero o errado, quero o certo, dane-se, eu estou sendo egoísta agora. - Murmurou e suas mãos voltaram a subir pelas costas de Dulce, seu corpo colou-se no dela e a sensação foi assustadora. 

Dul - Eu deveria dizer que você não pode ter-me na hora que você quiser. - Virou-se, tendo sorte pelo vapor d'água permitir que o encarasse nos olhos avermelhados, machucados. - Mas eu estaria mentindo, não é? - Tocou-o no peito, correndo suas mãos pela rígida parede de seu tórax. - O que você precisar, Christopher. - Ela murmurou também e as mãos dele a trouxe para perto, aproximando-a de seu corpo, colando seus sexos, fazendo com que a água procurasse outro lugar por qual escorrer.A água que escorria disfarçava, mas era claro para ela que ele estava chorando. 

Chris - Eu preciso de você. - Ele murmurou e a frase seria comum se não fosse dita pelos lábios dele, com a intensidade dele, com a voz dele. Era como se ele estivesse fazendo uma confissão, a frase soava como uma entrega de pontos, algo muito mais intenso do que a necessidade de fazer amor. - Meu Deus. - Ele apertou os olhos, colando suas testas, apertando-a em seus braços. - Eu preciso tanto de você. 

Dul - Eu estou aqui. - Ela lhe respondeu, beijando-lhe o pescoço. - Você pode chorar para mim. - Ela voltou a dizer e aquela frase fez com que Christopher cerrasse o maxilar, mirando-a nos olhos. - Você ainda pode chorar para mim.

Ela repetiu e aquele simples fato fez com que ele mantivesse os olhos abertos, mergulhados na imensidão dos olhos dela, com a água fervente a escorrer por todo seu corpo. Sua respiração de imediato tornou-se descompassada, proporcionando-lhe aquela sensação de arrepio e enfraquecimento, aquela sensação deliciosamente prazerosa que indicava o nível de excitação elevando-se lentamente, curiosamente, perigosamente...Ela estava certa em dizer-lhe que que não era certo fazer o que ele fazia.Ela estava certa, porque ele mesmo havia dito que não faria mais isto, não enquanto ela não voltasse a abrir os olhos, não enquanto ela não voltasse a mirá-lo daquela forma... Exatamente daquela forma, daquela maldita forma que fazia com que ele voltasse no tempo, nos dias em que aquele amor era tão forte e intenso que nem mesmo o mais forte dos homens podia separar. Da forma que fazia com que ele pudesse ouvir o tom de voz que ela usava para falar sobre o amor ao mesmo tempo em que o fazia, a forma como ela lhe mostrava o prazer ao mesmo tempo em que o aprendia.Um olhar mais profundo deu Christopher a certeza de que era isto.

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