Cap XXXIV 🏳️‍🌈

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Yuuki olhou através da pequena janela de madeira com aberturas estreitas e em vertical que havia no quarto. As nuvens nubladas, escondiam totalmente qualquer fresta de luz solar. Além das grandes árvores que escondiam qualquer traço de uma rua ou de pessoas. Tornando o dia em noite, e seu mundo mais escuro ainda.

E aquilo era o que provavelmente explicava sua enorme melancolia. Pelo menos era o que desejava que fosse.

Queria uma explicação, - precisava de uma - para aquela apatia terrível que tomava conta de todo o seu corpo.

Isso não era por conta da decepção e do nojo. Sim, era o dia nublado. E ele sempre amara o sol.

A apatia que acompanhava as crises de depressão o apavoravam, sentia-a adentrando seu corpo, consumindo seu ser e levando tudo de bom que acreditava ter vivido.

Essa tristeza o amedrontada mais que tudo. Pois se sentia só mesmo acompanhado, se sentia sujo mesmo estando totalmente limpo. E sentia pouco a pouco, que ele se tornaria a própria melancolia, como se ela houvesse o engolido.

Desde sua primeira crise maníaca, elas chegavam rápidas e iam embora da mesma forma. Depois de algum desastre que ele cometia, tudo voltava ao "normal".

Mas a depressão não. Ela vinha para ficar, se instalando e permanecendo semanas ou meses.

E em dois dias, ele iria passar pelos dois extremos.

Uma bela distração para quem está no tédio habitual de um cativeiro.

Estava trancado no mesmo infernal quarto branco, sozinho, - isso era até melhor - vendo o restante do dia passar e tentando saber que horas eram.

Yuuki não sabia ao certo quanto tempo dormiu, só lembrava de acordar com um gosto extremamente amargo na boca. E soube ao sentir, que sua mãe havia posto os comprimidos embaixo da sua língua.

Sua roupa tinha sido tirada e sua mãe passava um pano úmido em seu corpo que estava curiosamente variando entre extremamente dolorido e dormente.

Seus olhos só permaneceram abertos por poucos minutos e logo o sono o levou novamente.

Acordou depois de mais algum tempo incerto, e de olhos fechados, ouviu a voz de Pedro ao seu lado, sussurrando palavras que Yuuki não ouvia ou entendia direito.

Yuuki pensou que até sorriria da situação, se conseguisse é claro, ou se Pedro valesse o esforço, mas não tinha forças nem para abrir os olhos.

Ele era patético. E no momento, Yuuki também.

Se deixou levar pelo sono mais uma vez, depois de sentir um beijo demorado em sua boca.

Teve pesadelos.

Acordou com uma bandeja de lanches ao seus pés. Yuuki comeu tudo rapidamente, não era o tipo que fazia greve de fome. Amava comer.

E depois dos sabe-se lá quantos e quais comprimidos sua mãe enfiou na sua boca quando estava desacordado, de todo o coma dormido e da tristeza que sentia, a sua crise maníaca tomou um pé na bunda e foi embora rapidamente.

E ele agora estava ali, sem forças para lutar, aguardando. Aguardando os céus jogarem um raio naquele lugar e assim ele pudesse ser encontrado.

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Quando Yuuki saiu da sua casa, Lucas aguardou uma mensagem sua, avisando ter chegado bem.

Mas a mensagem não chegou, e ele não ficou nem um pouco preocupado, pois logo sua mãe preencheu todo o seu raciocínio, fazendo-lhe mil perguntas sobre o namoro dos dois e rasgando seda para Yuuki.

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