Cap X 🏳️‍🌈

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Por Yuuki

         Quando fechou o portão ainda conseguia sentir o gosto dos lábios de Lucas na sua boca. Aguardaria que o procurasse pra se entregar por inteiro a ele, de todas as formas e posições possíveis. Era sua primeira vez, então teria que ser um pouco especial, apesar de não se considerar nada romântico.

         Mas se demorasse, ele mesmo iria atrás. Não era paciente e nem gostava de fazer o estilo "cú doce".

         Nunca tinha feito sexo com ninguém, não por estar aguardando um ser iluminado e predestinado a ele. Simplesmente não sentia atração por nenhum homem ou mulher que conhecera.

         Pensava que poderia ter algo haver com os medicamentos que sua mãe lhe obrigava a tomar todos os dias. Mas desde que conhecera Lucas, percebeu que o problema não estava em si e sim que todos a sua volta eram muito insossos.  

         Suas emoções sofrendo altos e baixos não lhe davam tempo de prestar atenção em ninguém. E sua mãe fazia questão de não o permitir se aproximar demais de novas pessoas. Ir ao restaurante de Pedro era como uma libertação nos seus momentos de desespero.

         Quando estava louco o suficiente pra sair de casa, mas não louco o suficiente para fugir de vez. - Sim, porque já tinha fugido algumas vezes -, mas sua mãe e Pedro o encontravam com uma eficiência digna do CSI.

         Em suas várias faces de loucura, tinha os dias que não conseguia nem levantar da cama (e de certo era o período que sua mãe mais gostava), os dias que sua mente percorria uma maratona em segundos, se sentia invencível, corria, cantava, tocava, estudava, sorria, seu pai chegava a se emocionar. Mas nem sempre a mania chegava alegremente, as vezes ficava irritado por nada ou até mesmo violento e se sentia tão mal por isso.

         E tinha os dias que gostava de chamar carinhosamente de dias do Pedro. Esses dias que não gostava de nada, não sentia nada, nem o gosto da comida.

         Eram nesses dias que Pedro aproveitava para vê-lo, conversar, pedir para que tocasse para ele, dizer para aparecer mais em seu restaurante. Porque só nesses dias Yuuki faria o que Pedro desejava. Nos outros dias não o olhava, não lhe dirigia a palavra, somente sabia de sua existência.

         Tinha a certeza que era sua mãe a incumbida de informar-lhe o seu estado diário. Porque ele sabia de tudo de antemão.

         Não é que não gostasse de Pedro particularmente, mas sabia de seu sentimento, e o rejeitava de todo o coração.

         Pedro era um homem bonito, bem alto, Yuuki media 1,75cm de altura e Pedro era uns bons 10cm mais alto. Era mais velho, atualmente estava com 35 anos. Tinha uma aparência simpática ou pelo menos era sempre assim com eles. De cabelos ondulados e escuros e pele clara, Yuuki tinha certeza que devia chamar atenção por onde fosse.

         Mesmo assim nunca o viu com ninguém, nem ao menos comentários vindos de outras pessoas. O que fizesse ou se fazia, era muito bem escondido de sua família.

         Só a iludida de sua mãe não percebia o olhar penetrante que ele o direcionava (às vezes pensava que ela que devia tomar aqueles comprimidos enormes), aquilo em alguns dias lhe incomodava ao extremo e em outros não lhe causava a mínima reação, até seu pai sabia disso e há algum tempo não ficava muito satisfeito com suas visitas. Mas nunca disse ou fez nada porque Pedro ainda não agira de forma imprudente.

         Mas no geral se acostumara a sua presença, ele estava ali desde a sua infância, e mesmo no primeiro momento já o olhou assim.

- Pelo menos nunca tentou nada - Yuuki pensava.

         Naquela noite ele dormiu como um anjo que quase nunca era. Mas sua alegria acabou pela manhã, quando acordou no outro dia, surpreendeu-se ao perceber a porta de seu quarto trancada.

 - Minha querida okaasan*...

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(*Mãe em Japonês.)

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