Cap XVI 🏳️‍🌈

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- Estou indo buscá-los na emergência. Vou levá-lo pra casa para descansar - Haruto disse levantando-se.

- Lucas pense um pouco. Se você estiver assustado e quiser se afastar, eu irei compreender. E ajudarei Yuuki a entender também.

Lucas realmente estava assustado, mas em nenhum minuto passou pela sua cabeça em distanciar-se. Tinha negado para si desde quando o conheceu, que estava apaixonado. Que estava perdidamente apaixonado.

- É só uma atração física - pensara muitas vezes. Mas agora não poderia mais negar.

Nem se pudesse ou devesse, iria se distanciar da vida de Yuuki, quando tudo o que mais queria era tê-lo. O possuir por inteiro, com todos os defeitos e qualidades, todos os momentos bons e ruins.

Em sua mente, nada poderia o impedir disso. Levantando-se olhou o pai de Yuuki, estava com a face abatida por preocupação e cansaço.

- Senhor Haruto, me permita vê-lo. Eu não quero me afastar. Eu sabia de tudo quando me aproximei dele, ou... ele de mim... Eu só te peço, eu quero falar com ele.

- Pois bem Lucas, venha comigo. Eu iria lhe dizer para ir ver Yuuki a noite quando estivesse melhor. Mas quero que o veja agora, para que assim tenha a certeza do que está me dizendo.

- Muito obrigado, de verdade.

Ambos saíram em direção aos carros, Lucas seguindo-o logo atrás em direção a emergência mais próxima dali. Chegaram lá 20min depois e entraram a procura do quarto em que estavam Helena e Yuuki.

Quando chegaram a porta, o homem o pediu que esperasse um momento antes de entrar e Lucas assentiu. Pouco depois pôde ouvir a voz exasperada de Helena e percebeu que Haruto tinha lhe pedido aquilo por já saber sua reação.

- Como você traz um desconhecido para ver nosso filho nessa situação? Ainda por cima foi ele que o levou de casa ontem a noite. - ouviu claramente a mulher falar.

- Helena, sem histerismo. Ele é amigo do Yuuki. E nosso filho saiu de casa com as próprias pernas, ninguém o sequestrou.

Logo em seguida ele surgiu na porta o pedindo que entrasse. Lucas adentrou o quarto receoso e com passos curtos. A mulher estava sentada em uma cadeira ao lado de uma pequena cortina.

O ódio em seus olhos era nítido. Lucas não compreendia do porquê ela o detestar tanto.

- Com licença, eu só queria saber se estava tudo bem.

- Está sim garoto, não tem porque se preocupar. Pode ir pra sua casa, cuidaremos bem dele. - Helena o respondeu rudemente. - Além do mais, ele está dormindo no momento.

- Okaasan, não minta. - Lucas ouviu a voz trêmula e frágil de Yuuki e sentiu a urgência de o abraçar. Se falasse agora certamente sua voz também sairia assim.

- Lucas... por favor, vá embora. - as palavras cruéis saíram com uma voz chorosa.

Lucas olhou para Haruto quase implorando.

- Haruto... me deixa com ele um minuto. Por favor, eu não farei nada que o deixe nervoso. - disse quase sussurrando.

- Helena, vamos. Vamos procurar algo para comer, estou faminto. - Haruto disse, com um sorriso confortador para Lucas.

- Eu não vou sair daqui, Yuuki não quer vê-lo. Filho? Você não quer ficar sozinho com ele não é?

Mas Yuuki não respondeu. E isso deu esperanças a Lucas.

- Vamos mulher, por Kami-sama*. Ele já está medicado e você também precisa comer. - Haruto saiu arrastando a mulher do quarto em meio a protestos e avisou que não iriam demorar.

Agora sozinho, Lucas andou até a cortina e a abriu devagar. Não sabia que expressão tinha em seu rosto naquele momento, mais a ansiedade tomava conta de todo o seu corpo.

Sentado na pequena cama de repouso, estava Yuuki com os olhos vermelhos e em pânico. O medo estampado era claro, e Lucas teve receio de se aproximar e assustá-lo mais ainda.

Estava em uma roupa limpa, um short e camisa de tons neutros. Com curativos nos dois pés e arranhões em um dos braços e na bochecha. Ainda assim, a sua beleza parecia brilhar aos olhos de Lucas.

- Yuuki... me perdoa se eu fiz alguma coisa pra te deixar assim. - Lucas aproximou-se, mas percebeu uma posição defensiva vindo do dele. Então parou no lugar.

- Me deixar assim? Você não me deixou "assim". Eu sou doente Lucas. Se você ainda não tinha entendido, pôde ver com seus próprios olhos agora. Eu... nem lembro o que fizemos noite passada.

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- Eu não lembro Lucas...


(*Deus em Japonês).

Sweet and Cold Onde histórias criam vida. Descubra agora