Querido Salvador - Série Poderosos e Irresistíveis 3

Capítulo 30

O tempo apesar de relativo pode ser nosso melhor aliado. Quando piscamos e observamos de fato percebemos como tudo passa rápido demais, sem ao mesmo termos noção de tal.

Minhas amadas e diferentes férias acabaram, infelizmente. Com isso nossa rotina meio que voltou ao normal, antes Jay saía depois de mim a maioria dos dias, ele tinha um horário alternativo, agora sai junto comigo de casa e a noite nos encontramos.

É estranho por que a vida dele mudou totalmente e nem pique para sair assim tem mais, com isso Benjamin se mantém sempre presente, o homem é realmente muito ligado ao loiro.

Já nós dois, bom, nós estamos bem, ainda temos um pouco menos de dois meses pela frente e nossa vida agitada não deixa tempo para dúvidas digamos assim, ao mesmo tempo que tudo isso parece o certo, como se nossa vida deveria mesmo ser assim de verdade.

Com a volta a empresa encontrei muito trabalho a minha espera e também Charles, foi esquisito diria eu. Inventar que nossa relação era um segredo foi o melhor que passou pela minha cabeça e por isso não retribui nenhum olhar ou convite dele.

Melhor que muitos outros ele entendeu e ainda riu falando que ainda sim é bom me ter por perto como uma amiga, que eu ser casada ou solteira não muda o fato de ter me achado legal, porém agora sem cantadas.

- Está pronta? - Questiona quando saímos do elevador já que nossa entrada estava liberada. 

- Estou ansiosa, isso sim. - Sei que meu sorriso agora deve estar como o de uma criança que ganhou seu doce predileto.

Bato na porta do apartamento e me seguro para não continuar a bater.  

- Lindinha. - Dan fala sorrindo me puxando para um abraço antes de depositar um beijo na minha cabeça. - 

- Ei Dan. - Sorriu de volta me soltando dele. - Agora se conhecendo como pessoas normais eu os apresento, Daniel meu irmão, Jacey meu marido. - Digo apontando pra eles ainda achando a palavra marido estranha pra caramba.

- É um prazer. - Estende a mão para o moreno que aceita de bom grado.

- Digo o mesmo, e obrigado por resolver toda aquela situação. Porém saiba que agora eu estou aqui e ela não está sozinha, significa que eu...

- Querido, já chega. - A voz conhecida fala atrás dele e franzo o cenho surpresa assim como ela que aparece o abraçando pela cintura.

- Doutora? - Questiono perdida e ela também mantem a expressão surpresa.

- Melani?

- Vocês se conhecem? - Dan questiona totalmente alheio.

- Jasmine é minha psicóloga. - Afirmo vendo ele surpreso.

- Que mundo pequeno. - Murmura antes de se voltar a mim. - Bom, essa é minha namorada Jasmine, e Jas essa é minha irmã Melani e seu esposo Jacey. - Não perco a mini careta quando ele fala a palavra esposo e reprimo o riso.

- Você se casou? - Pergunta confusa e fico nervosa vendo o loiro tomar a frente.

Não que eu tenha deixado de ir a minhas consultas porém não sabia o que falar, então me esquivava mesmo sabendo que ela entendia que algo estava diferente ou errado.

- É uma longa história. - Afirma e meu irmão logo nos leva para dentro. 

Pensei que poderia ficar algo estranho mas não, foi melhor do que eu esperava. Jasmine é maravilhosa como psicóloga e como pessoa é melhor ainda, Dan tirou a sorte grande. Já eu e Jacey agimos descomplicadamente como um casal de verdade, não ouve fingimento ou nada do tipo, foi algo natural. Acho por vivermos assim todos os dias, nos conhecemos realmente bem e independente de tudo sermos amigos.

- Vocês formam um lindo casal. - Jasmine pontuou em certo momento e senti o corpo dele reagir um pouco ficando tenso o que fez ele me encarar de um jeito diferente, meio nervoso talvez.

O jantar deu uma desandada a partir daí, nada aparente para os outros dois mas eu percebi o loiro mais pensativo até o momento em que estávamos no carro, sem falar muito, só respondendo e nem se quer olhando pra mim.

Não me atrevi em questionar nada, deixei ele e sua mente trabalhando sabe-se lá em que, pois eu estou muito feliz pelo meu irmão e não vou estragar isso agora.

Quando ele para o carro seu olhar se volta ao meu me encarando como se quisesse falar algo mas estava meio perdido, o que é estranho, Jacey sempre sabe o que falar, sempre está confiante pra isso e no momento está totalmente o oposto.

- Melani. - Sussurra pegando minha mão, ele tenta falar algo mas nega como se fosse falar uma grande merda, no fim acaba abaixando a cabeça.

Meu coração se perdeu por um instante com sua voz nada firme e não conseguindo ver seu olhar deixando o frio na barriga aparecer.

- Eu vou sair. - Avisa soltando sua mão da minha com rapidez colocando sobre o próprio colo.

Quando levantou a cabeça estava completamente diferente, se manteve sério de um jeito que vi poucas vezes. Sua expressão estava decidida mas ao mesmo tempo apavorada me deixando ainda mais perdida.

- Já passou da meia noite Jacey. - Digo perdida.

- E eu quero sair.

- Sair? - Digo prendendo a respiração.

- É, sair.

- O que está acontecendo Jay? - Digo o mais calma que consigo.

- Nada. - Suspiro confusa.

- Eu não sou burra, você está estranho desde o jantar, o que aco... - Ele me interrompe abruptamente.

- Eu quero sair, não devo satisfação a você, afinal é só minha esposa de mentira mesmo.

Então quebrou meu estúpido coração esperançoso.

Vejo ele balançar a cabeça como se soubesse a merda que fez mas agora já era, já foi dito e pisoteado dentro de mim. Tento não mostrar minha tristeza ou mágoa mesmo achando impossível por isso desvio o olhar não querendo chorar na sua frente e ser mais fraca ainda.

- Melani, eu...

- Tudo bem, eu sou só uma mentira, sempre foi tudo mentira. - Falo me sentindo completamente estúpida por acreditar que sairia algo disso, por me permitir ter sentimentos por ele. 

- Eu não...

- Você é um babaca. - Falo abrindo a porta. - Aproveita sua saída.

Entro no prédio sem olhar pra trás escutando a arrancada que o carro dar em seguida deixando a primeira lágrima vir a tona. Sinto meu corpo chacoalhar na medida que o tempo passa, abro a porta do apartamento fechando os olhos por um minuto e sentindo a névoa de dor me atingir em cheio. Nem sei como fui parar jogada na cama em posição fetal abraçando meu próprio corpo deixando o choro vir com tudo pensando o quão tola fui em acreditar que algo bom entre nós sairia dessa loucura.