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C A P Í T U L O

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"Sempre te odiou"

☀️☀️☀️

Sexta-feira, 04:40 PM.

Yami

"Então, o que você quer?", pergunto me segurando para não partir para cima dele.

"Eu vim aqui, pois sei que você ainda me detesta e acha que fui o culpado pela morte dela!", encaro-o e respiro fundo.

Ele estava certo, meu ódio por ele era exatamente esse, mas como não odiaria a pessoa que deixou minha irmã para morrer no acidente?

"Por que será, não é? Talvez seja porque você é O CULPADO PELA MORTE DELA!", grito e me aproximo dele, aponto o dedo em sua direção e ele sorri de forma debochada.

"Não, Yami. Você colocou na sua cabeça que eu fui o culpado, mas você só queria alguém para culpar, não é?"

"CALA A BOCA, LUI!", berro e ele continua a sorri.

"Por que continua aí se matando para conseguir algo para alguém que já está morta?", seguro a gola de sua blusa.

"Seu desgraçado, ela era sua namorada!"

"Pois bem, era. Pare de tentar virar uma das melhores, ela odiaria se soubesse que você está tentando ultrapassá-la!"

"Esse era o sonho dela!", digo e sinto um nó na minha garganta, ele rir.

"O que adianta se matar por alguém que sempre te odiou?", largo sua camisa e me sinto tonta por breves segundos.

"Do que está falando?", pergunto ainda sentindo aquilo preso em minha garganta.

"Ah, você não sabe? Sua irmã, aquela que tanto ama, nunca te amou de verdade, ela sempre te odiou, sempre.", suas palavras foram como uma facada em meus estômago, me sentindo completamente tonta, me afasto um pouco e tento me manter de pé.

"Isso… isso é mentira! Ela me amou, sempre me protegeu.", digo e ele sorri.

"Você é tão inocente. Yami, tudo que aconteceu de ruim na sua vida é culpa da sua irmã, ela arquitetou tudo, desde a primeira humilhação que passou na escola, até aquela coisa toda entre você e o Shu, ela que separou vocês!", conta enquanto rir.

"Não, ela não… faria isso!", minha visão fica turva e acabo caindo no chão.

"Eu acredito que você não vai acreditar em mim.", fala e se agacha próximo a mim. "Procure sua tia ou prima e elas te dirão a verdade!", ele sorri. "Espero ter esclarecido tudo de uma vez, agora pare de me procurar!", ele levanta e saí batendo a porta forte.

Naquele momento, meu chão tinha desabado, um enorme buraco se formou em meu peito e minha mente só conseguia pensar nisso, por uma parte eu não queria aceitar aquilo, que talvez fosse verdade, mas parecia se encaixar cada vez mais e aquilo me destruía cada vez mais. E então… eu chorei. Chorei como nunca tinha chorado antes, o vazio em meu peito crescia cada vez que pensava que tudo que vivi até agora, tenha sido uma mentira, o tempo que perdi correndo atrás dos sonhos de alguém e largando os meus, sempre me culpando por coisas que fiz no passado, tudo. Mas era mentira, talvez ele estivesse certo, ela me odiava e fui enganada por anos.

"Yami… pode me ouvir?", Lady surge na sala, eu não conseguia vê-la direito, parte dela estava sumindo.

"Vai embora…", sussurro.

"Yami, você precisa de ajuda…", nego e fecho os olhos, me levanto meio cambaleante e vou para o meu quarto, me jogando em qualquer lugar e apagando imediatamente.

[...]

10:00 PM.

Acordo sentindo meu corpo febril, me sento na cama e suspiro sentindo uma enorme falta de ar, minha cabeça doía como o inferno, não conseguia sentir nada além de um vazio completo. Caminho lentamente até o guarda-roupa, retiro cuidadosamente meu casaco e saio do quarto. Já na sala, Chizue dormia tranquilamente, sem fazer um único barulho, saio da casa e entro no elevador.

Do lado de fora do prédio estava chovendo muito, o frio não me abalava tanto, então comecei a caminhar sem rumo pela cidade, coloco o capuz e minhas mãos no bolso. As lembranças que tinha com Amber, vieram em minha mente, fazendo os batimentos do meu coração acelerar, logo uma falta de ar me abateu e meu corpo tremia, paro por um instante e me sustento em uma parede, olho em volta e vejo que estava em uma rua familiar, quase sem forças para continuar a andar, me sento no chão e aperto meu peito sentindo meu coração disparar cada vez mais, o desespero parecia tomar conta de mim, enquanto tentava conseguir respirar, sinto uma mão em meu ombro e com dificuldade olho para a pessoa.

"Yami, você está bem?", Raiden estava assustado e preocupado, seus cabelos estavam molhados assim como sua roupa.

"Eu… não consigo… respirar!", digo e ele segura minha mão e com a outra livre, ele massageou minhas costas.

"Tudo bem, respire comigo.", faço o que ele pede. "Isso, você consegue.", continuo fazendo o que ele diz e aos poucos minha respiração desacelera. "Muito bem, vamos entrar.", ele me pega em seus braços e escondo meu rosto em seu ombro sentindo seu cheiro, tinha me esquecido como ele era cheiroso e o quanto aquilo me acalmava.

Ele entrou dentro de casa, com um pouco de dificuldade me colocou no sofá, ele retirou o próprio casaco e logo se ajoelhou em minha frente, com cuidado Raiden retira meu casaco e sapatos.

"Você precisa de um banho quente.", seguro sua mão e ele encarou meu rosto.

"Ela me odeia…", ele respira fundo e me puxa para um abraço.

Naquele momento eu não aguentei, coloquei tudo que guardei por anos para fora, comecei a chorar desesperadamente e soluçava como nunca, quase não conseguia respirar direito, mas ele estava ali acariciando meu cabelo e costas, enquanto repetia que eu poderia chorar o quanto quisesse, ficamos ali por longos minutos.

"Eu não sei o que aconteceu, mas eu estou aqui, sempre estarei.", disse ele beijando meu pescoço, aperto mais e sinto que as lágrimas aos poucos vão cessando.

"O-Obrigado.", digo.

"Você precisa de um banho, tudo bem?", não respondo, apenas o aperto mais ainda. "Ok, vamos lá.", novamente ele me pega em seus braços e me leva até o banheiro.

Assim que entramos no cômodo, ele retirou a própria blusa e encheu a banheira que tinha, com ela já cheia, ele entrou juntamente comigo nela, ainda estava com a minha roupa.

"Você se sente melhor?", assenti, ele me abraça por trás e beija meu ombro.

"Me desculpa, por ter mentido esse tempo todo!", digo e ele suspira.

"Esqueça isso por agora, apenas aproveite.", fala e me aconchego em seu abraço. "Estarei aqui com você..."

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