Capítulo 1

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DIEGO

Minha cabeça dói tanto, qualquer ruído se transforma em algo enorme e barulhento para caralho. Me sinto um mutante que acabou de descobrir que tem poderes telepatas e consegue ouvir os pensamentos de todo mundo, mas no meu caso não são poderes novos, é apenas a velha ressaca e um pouco dos tapas que a minha mãe me deu por chegar bêbado em casa – eu ainda tô um pouco irritado, os quatro filhos beberam, mas só eu e Adrian apanhamos.

Acho que minha mãe só está descontando a raiva em mim, porque falei que eu queria uma tatuagem e um brinco, nada demais. Eu ia ficar gato pra caralho, mas claro que dona Ana não gostou da ideia. Ela primeiro me tratou com um silêncio de longas duas semanas, e agora isso, eu sendo o besta que recebe a bronca pelos outros três irmãos.

Estico meu corpo pela cama enorme, minhas costas estalam e eu consigo sentir um alívio enorme, pelo menos corporal, mas minha cabeça ainda dói para porra. Nunca mais bebo. Me levanto e vou até o meu banheiro, o espelho enorme entrega que não estou tão mal quanto eu achava que estaria. Meus olhos escuros parecem cansados, isso não nego, meu cabelo escuro tá uma bagunça, mas até que tá uma bagunça bonita. Meus lábios estão secos.

Me estico mais uma vez, olho para o meu braço e meu tronco todo arranhado. Não me lembro de ter ido pra cama com nenhuma menina, na verdade, não me lembro de sequer ter tirado minha camisa. Me viro, minhas costas largas estão simplesmente todas marcadas por várias unhas. Não é possível que eu tenha transado com alguma menina, não mesmo.

Abro o box e ligo o chuveiro. Muito obrigado quem inventou o chuveiro elétrico. Jogo minha cueca no cesto preto de roupas sujas. A água quente desce pelas minhas costas, causando uma sensação enorme de relaxamento que eu estava precisando. A única coisa que estou pensando no momento é o treino de vôlei de mais tarde, que bom, eu vou estar um caco.

Molho a cabeça, dessa vez mudo a temperatura e coloca a mais fria possível, a água fria caindo na minha cabeça também foi um alívio enorme para a puta dor de cabeça que eu estava sentindo. Pego uma toalha e enrolo na minha cintura, enxugo meus pés no tapete cinza – se minha mãe visse isso ela ia dá um leve sorriso de orgulho – e saio do banheiro. Meu celular jogado na cama enorme apita várias vezes, é o meu grupo de amigos.

Gostamos de nos denominar como quarteto fantástico, porque realmente somos, especialmente quando estamos na quadra jogando vôlei. Sou um ótimo central, Jonathan – que por sinal é ex de uma das minhas irmãs – um ótimo levantador, Rodrigo um ótimo levantador e Lucas é um dos melhores líberos de todos.

Jonh: Puta que pariu. Outro segundo dia do último ano. Quem aguenta?

Meu colégio, Mareyos, é conhecido por ter um dos melhores ensinos médios de todos, e também um dos mais puxados de todos. Diferente da maioria dos colégios, não temos quatro anos de Ensino Médio, e sim cinco, ou seja, passamos dois anos fazendo o terceiro ano, eles alegam que é para um melhor desempenho no ENEM. Meus pais concordam, eu acho que seja uma forma de extorquir mais os pais.

Luc: A única coisa boa dessa merda é poder ver a Daiane mais um ano – a quantidade de carinhas com coração que Lucas usou pra falar da minha irmã era simplesmente nojento.

Eu: cara, é minha irmã, seu idiota. Gêmea por sinal.

Rodinho: Ah, os novatos também são algo bom.

Entram pelo menos seis novatos por cada série, três bolsistas e três malas – definição nossa –, que é aqueles que os pais pagam, sempre três homens e três mulheres. Por estarmos no nosso segundo ano de último ano do Ensino Médio, entrará apenas um bolsista e um mala, regras do colégio. Mareyos é um dos colégios mais caros de toda a Fortaleza, e não é atoa. A infraestrutura é simplesmente divina, quase aqueles colégios de mauricinhos das séries estrangeiras.

A Competição [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora