A Competição [COMPLETO]

Capítulo 16

DIEGO

Hoje é o primeiro amistoso da Copa Intercolegial de Vôlei do Ceará, cada time selecionado enfrenta o outro em um amistoso, logo depois do primeiro e único amistoso, as partidas já ficam reais, cada ponto conta, cada vitória conta para as classificações. 

Nós iremos enfrentar o Telenos, o que vai ser uma das partidas mais fáceis da nossa vida, Telenos não tem uma seleção de vôlei tão forte quanto a nossa, na verdade, a deles não chega aos pés da nossa. É muito difícil algum colégio chegar aos nossos pés quando se trata de esporte, o único que faz são os golfinhos malditos, uma pena que não vamos enfrentá-los agora.

Essa é minha época favorita, a época das copas e dos esportes. Gosto de competir, de estar na quadra, de sentir a vibração da torcida, seja ela negativa, ou positiva. 

Quando é positiva me dá a sensação de que estou fazendo certo e negativa também, é bom irritar a torcida do outro time, amo ver a cara que eles fazem quando ganhamos de dois sets a zero. 

A cara que a torcida e os jogadores fazem é a melhor, uma enorme mistura de dor, decepção e depressão, amo ver a tristeza dos meus oponentes – ainda preciso mudar esse meu lado competitivo, é maldoso demais.

Mas no momento estou mais ansioso pra aliviar de toda a tensão acumulada devido aos estudos, passei uma semana inteira em ponto de canhão, estudando feito um condenado, treinando feito um condenado e malhando feito um condenado. 

Porra, não sabia que o ENEM ia ser tão destrutivo. 

Estou rezando para que o efeito terapêutico do vôlei funcione hoje, não aguento mais sentir dor de cabeça e ombros tensos. Os treinos ajudam a aliviar a tensão dos estudos, assim como a academia também, mas nenhum dos dois têm efeito quando o assunto é esquecer Iara e a puta saudades que estou da boca dela.

Ainda tenho os mesmos putos sonhos eróticos de sempre, estão cada vez piores, antes eu fodia ela apenas uma vez, agora sempre tem uma segunda vez, e porra, eu estou morrendo por dentro aos poucos, eu sinto. 

Desde que ela me beijou na última vez, senti mais do que nunca que era correspondente, por mais rápido que nosso beijo tenha sido – maldita Isadora –, mas ainda foi ótimo saber que ela também me quer. Entendi a hesitação e o nervosismo dela quando Madison chegou hoje de manhã me contando que Francisca gostava de mim.

Entendo super o lado dela, se qualquer um dos meus amigos dissesse que ficou com ela, eu ficaria puto, já fiquei puto só de ver o babacão do Arthur beijando-a, imagina se eu visse alguém que eu confio fazendo isso, eu ia endoidar. 

Isadora mandou eu desistir, mas simplesmente não consigo, não mandei nenhuma mensagem para ela, não quero aperriar, nem muito menos me humilhar, ainda sou um homem de orgulho grande. Quero que ela vá me ver jogando, quero que ela me veja fazendo pontos e mais pontos pra ela.

Adrian tosse, tentando chamar minha atenção. Suspiro. Tem sido assim desde que eu entrei no carro dele.

Eu pensava que mamãe ia dar uma trégua hoje e eu ia poder dirigir hoje para o jogo, mas ela amou cantar a música "Diego você não vai dirigir esse carro nem fodendo, seu corno", música que ela sempre usa quando estou fodido com ela. Agora, estou preso em um carro com Adrian que fica tossindo a cada um minuto, começo a me preocupar de verdade que ele acabe adoecendo de tanto forçar a garganta como está fazendo.

— Então… – ele tamborila os dedos no volante, estamos a poucos metros do Mereyos, já consigo ver a faixa enorme de "Bem-Vindos campeões", o melhor é que essa faixa não é pra gente, é para o time perdedor, ideia toda do Arthur de zombar com os coitados. — Isadora me contou – suspiro.