Capítulo 5

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IARA

Acordar depois de uma ressaca é sempre a parte mais difícil, a gente ama a festa, a gente ama as bebidas, mas a gente sempre odeia a consequência disso no dia seguinte. 

E eu certamente estou odiando a consequência, eu não sei onde eu tava com a cabeça achando que seria uma ótima ideia ir pra uma festa e beber muito, em uma plena segunda feira e ainda dá primeira semana de aula. 

Fui impulsiva e estúpida, fui tudo o que eu não deveria ser agora, jovem.

Meu quarto, que é tecnicamente meu, do meu pai e da minha mãe, está girando um pouco, só um pouco. Céus, meus pais acham que eu fui estudar para o vestibular. 

Me levanto rápido da rede e me arrependo em segundos, sinto meu estômago todo revirar, pular, dar duas cambalhotas, fazer uma salsa, um pouco de samba da escola Beija-Flor e depois se acalmar um pouco. Minhas ressacas não são tão fortes, são sempre um pouco de dor na barriga, enjôo e dor de cabeça, mas nada demais. 

Ah, eu também não sou aquelas que ficam com a memória seletiva, se lembrando só de algumas coisas. Eu me lembro de tudo, de tudo mesmo. 

Ou seja, quando fui deitar minha cabeça no meu lençol e no pano quente da rede, a única coisa que passava na minha cabeça era Diego dançando, Diego sorrindo, Diego pulando pelado na piscina e segundos depois era Francisca dizendo que meio que gostava dele. 

Eu deveria odiar Diego, ele é um playboy arrogante, mas o idiota tem um puta carisma.

Por algum milagre divino, que sempre acontece depois que eu bebo, meus pais arrumaram a cama e não deixaram o trabalho para mim. 

Dividir o quarto com meus pais é um tanto constrangedor, afinal eles são um casal e às vezes querem transar, o que é normal, só digo que é constrangedor porque quando eles querem fazer isso, eles pedem para eu ir dormir na casa de alguém, antes eu ia para casa do meu ex, agora eu acho que vou ter que me virar. 

Também sempre é muito ruim, porque eles sempre vão para sala quando eu chamava meu ex e com certeza eles já me escutaram, mesmo eu tentando fazer o máximo de silêncio possível.

Nosso quarto é simples, não tem nada demais, a televisão é somente na sala, agora o ventilador fica no quarto. A cama fica de costas pra janela, que sempre deixamos aberta – Fortaleza não é uma Londres que dá pra sentir frio –, há uma mesa pequena de estudos pra mim, que foi feita pelo meu pai, e o nosso guarda roupa enorme de um outro lado da parede.

Ontem, eu queria não ter pensado nisso, mas foi inevitável pra mim. 

Fiquei pensando se alguma vez na vida Diego teve que dividir o quarto com os irmãos, imaginei o quarto de todos eles – Diego deve ser cheio de troféus de vôlei com vários livros, Adrian deve ter várias fotos jogando futebol e taças desses prêmios, Daiane e Isadora com certeza devem ter um closet que é do tamanho do meu quarto multiplicado por três, já Madison não imagino como deve ser, conheço pouco dele –, não são louca, apenas curiosa. 

E eu também me perguntei se algum dia, eu não precisaria mais dividir meu quarto com meus pais.

São 5:10, preciso agilizar, mas claro que vou com passos devagar, ainda estou morrendo de dor de cabeça. 

Vou até a janela, pego minha toalha branca estendida no cordão e vou até o banheiro da sala. Minha casa não é grande, um quarto que dorme três pessoas, um banheiro que também é usado por três pessoas, uma sala com dois sofás, uma televisão e uma máquina de costura – que eu amo – e uma cozinha. Enquanto tomo banho, eu não posso parar de sentir inveja de tudo que Diego e sua família tem.

A Competição [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora