Capítulo 22

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DIEGO

Existe coisas horríveis, como você tirar uma nota baixa em uma prova super importante, não passar naquela faculdade que você quer, perder um ente querido, terminar um namoro, depressão. Uma caralhada de coisas horríveis.

Então em uma outra lista, a lista de coisas apocalípticas, está "jantar com os pais da sua ex com sua ex inclusa". Essa é a pior coisa de todas.

Eu prefiro descer para o inferno, conversar com o diabo, ter minha alma devorada e sangrar muito do que ter que jantar com Larissa e os pais insuportáveis dela. Larissa já é horrível, com os pais? Pior ainda.

Enquanto namorávamos – meu estômago revira só de lembrar –, ela fazia questão de me exibir como um troféu na frente dos pais dela, de sempre fazer um maior escândalo com os pais dela e os pais dela ainda eram muito babacas.

Eles sempre tinham algo para criticar sobre mim. Minha roupa, meu cabelo, o jeito que eu como, o jeito que eu pego na porra de um garfo, o meu sorriso. Os filhos da putas já chegaram a falar que meu sorriso não é nada educado.

Uma vez, o pai dela me ameaçou por "desflorar" a preciosa princesinha imaculada dele. Mal sabe ele que de imaculada Larissa não tem porra nenhuma. A mina é o cão, o diabo, o Lúcifer, todos os sinônimos de diabo, em todas as religiões e culturas.

Eu preferia está comendo lixo do que está me arrumando para essa merda, e sabe o pior? Meu pai implorou por uma vestimenta sofisticada, ou então nada de Castelão exclusivo.

Suspiro. Amarro a porra do cadarço.

As idiotices que a gente faz para impressionar uma garota. Mas a verdade é que eu faria de novo e de novo, se isso significasse que eu teria a chance de ver aquele sorriso genuíno e maravilhado de Iara – ainda me lembro perfeitamente de seus lábios se curvando e suas bochechas inflando.

Meus pais também não sabe de todo o sofrimento que já passei na casa dos Viriatos, se soubessem eles seriam capazes de fazerem um jantar só com minhocas vivas e dar para eles comerem. Eles são esse tipo de pais, protetores para caralho.

Nunca fui de contar quando alguém se metia comigo, ou fazia algo de errado, não mudei nada. Afinal, já sou grandinho, não preciso contar todo problema da minha vida para os meus pais e esperar que eles resolvam, especialmente conhecendo os meus pais.

Teve uma vez que Adrian, com uns oito anos, ligou do colégio, eu tava doente nesse dia, dizendo que um garoto tinha mordido ele. Minha mãe ficou furiosa, disse até que compraria remédio de raiva para Adrian, isso na frente da mãe do menino.

Minha mãe, adulta do jeito que é, usou Daiane para se vingar, porque ela disse que seria horrível uma cabra velha mordendo uma criança. Resultado: minha mãe e meu pai passaram o dia na coordenação, porque Daiane mordeu o menino errado, se bem que eu acho que não era o menino, pelo menos não para Daiane.

Daiane tinha mordido Arthur, ela mordeu com tanta força que o menino passou uns quarenta minutos chorando. Mamãe até tentou colocar Daiane de castigo, mas Daiane disse que ia contar para o papai que foi ela quem disse para morder, minha mãe nunca mais tocou no assunto.

Me levanto da cama king size, vou até o meu guarda-roupa, um ódio enorme paira sobre mim. Não acredito que vou ter que usar minha melhor roupa para um encontro com a ex psicopata e os pais idiotas dela.

Pego uma camisa polo preta e visto, uso meu perfume mais barato – um Portinari – e saio do quarto, com a animação de uma criança que está indo para o enterro do seu pet de infância, esse é o nível de animação que estou.

A Competição [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora