A Competição [COMPLETO]

Capítulo 12

IARA

Minhas costas estão doendo tanto, isso é resultado de ter ficado quatro horas fazendo um simulado estilo UECE. 

Ainda é a segunda semana de aula, e nós já temos um simulado em pleno sábado de manhã. E eu amo! Eu estou no Mereyos para isso, para ter simulado até no domingo de tarde – próxima semana já é estilo ENEM, e na próxima é estilo FUVEST, eu estou tão animada.

Eu poderia simplesmente estar em casa agora, mas tem dois empecilhos: eles divulgam o resultado e o ranking do simulado, logo depois de umas 2 horas, a tecnologia de correção deles é bastante avançada, e também tenho que fazer uma degustação do buffet para o Baile de Máscaras, que eu vou organizar e até agora só pensei em uma decoração: um gazebo octagonal americano na imensa parte externa do colégio, e eu só consegui pensar nisso porque assisti Gilmore Girls.

Ademais, tenho outra preocupação, com quem irei fazer a degustação, o comitê vota, exceto eu, e depois é informado quem irá me acompanhar, pode ser qualquer um. 

Pode ser Francisca, Daiane – que eu particularmente espero que não, tenho medo dela –, pode ser Lucas – que eu também espero que não seja, ele vai provavelmente implorar por doces e comidas em formato de aliens –, pode ser o idiota mais cuzão de todos, o bosta do Diego, que eu claramente não quero ver nem pintado de ouro. Ou seja, a única opção viável, pelo menos para mim, é Francisca.

Só de lembrar de Diego, me lembro do que ele me disse ontem.

— A segunda opção – foi o que ele disse, com o rosto sério, os braços fortes estendidos até o volante, aquela blusa ridícula do Ceará. "A segunda opção".

Ele nunca quis sair comigo, nunca quis se divertir comigo, ele só tava pensando na merda dessa competição, e se ele quer que seja assim, eu também sei ser extremamente competitiva. 

Eu fui muito burra de pensar que alguém como ele pensaria em mim de um jeito, não sei, especial ou amigável. 

O idiota fez de tudo para eu acreditar que ele queria ser meu amigo, e depois diz uma das maiorias idiotices de todas. Porém, bem feito para ele, eu não vou devolver o vestido e ainda vou aparecer segunda-feira no trabalho, porque amei o vestido e amei mais ainda o trabalho, só que nunca vou contar para ele.

Meu ódio por Diego é enorme. 

Eu estava bem imaginando ele apenas no sentido sexual e tentando evitar qualquer outro tipo de aproximação maior entre nós, até que o idiota aparece todo sensível na minha casa querendo conversar comigo e sendo a pessoa mais fofa de todas. 

Reviro os olhos pensando que minha primeira vez em um estádio foi com ele. Ótimo, agora toda vez que eu assistir um jogo vai ser pensando nesse traste.

Eu odeio Diego, odeio Diego com todas as minhas forças. Odeio Diego mais ainda, porque ontem eu pensei que não iria sonhar com ele, mas adivinha? 

Eu estava mais enganada do que nunca, o sonho foi muito mais revelador e prazeroso do que antes. Digamos que ele me chamou de "cachorra" e "puta" sussurrando no meu ouvido, eu simplesmente me derreti toda e amei. Agora, estou aqui olhando para boca dele se mexer e imaginando como deve ser na vida real, ele me chamando de cachorra e me dando um tapa forte na bunda.

Iara, se controle! Esse homem não vale nada!

Se eu visse Diego na rua, eu diria o óbvio sobre ele: um mauricinho, que não pensa em ninguém além dele mesmo, que sempre acha que pode fazer o que quiser por ser rico, que nunca se preocupa com o resultado das ações dele, extremamente superficial, que faz piadas machistas com todas as garotas, que quando transa com uma menina conta para os amigos e diminui a menina em todos sentidos possíveis, que se acha o fodão e que é burro para caralho.