A Competição [COMPLETO]

Capítulo 30

DIEGO

Iara terminou comigo.

Não, melhor – ou pior –, Iara me traiu. 

E ainda com Arthur.

Agora tenho que aceitar, Iara não é mais minha, talvez ela nunca tenha sido minha, talvez ela nunca tenha gostado de mim, talvez eu tenha sido apenas um brinquedo para ela. Iara agora é de Arthur e Arthur é dela.

Eu não sou mais de Iara.

É o que estou tentando dizer a mim mesmo, há uns quarenta minutos, mas não consigo entender. Eu fiz algo de errado? O que eu fiz? Será que eu machuquei ela? Deve ter sido isso, e ainda prometi que eu nunca a machucaria.

Tento entender todas essas incertezas, porém, a certeza maior ainda está gritando e esmagando meu coração. Iara me traiu e Iara não está mais comigo, apenas fatos, fatos que me machucam e me fazem chorar.

Eu estou tão patético chorando escondido. Eu sou um idiota mesmo. Pensei que ela gostasse de mim, mas eu estava mais do que engano, eu fui um trouxa, um idiota. Coloquei fé em um relacionamento que fodeu comigo. 

— Ótimo – rio, amargo. Agora estou me odiando.

Estou me odiando por estar chorando por alguém que claramente não se importa nenhum um pouco comigo, porque se importasse, teria tido a decência de chegar em mim e falar que estava sentindo atração por outro cara, mas não, ela escolheu me fazer de idiota.

Estou chorando mais ainda porque eu gosto dessa filha da puta. Eu amo Iara para caralho, e mesmo ela tendo feito essa filha da putice, meu coração só bate por ela. Eu só penso nela. Eu só penso em como vou sentir saudades dela.

Porra, eu vou sentir muita saudades dessa filha da puta.

Quem vai me ligar no meio da noite para corrigir os deveres? Quem eu vou perturbar por torcer para o pior time de todos? Quem eu vou abraçar e sentir… e sentir aquela sensação boa no corpo todo, aquela paz interna que é extremamente rara? 

Não consigo pensar em outra garota, não vou conseguir beijar nenhuma garota por um bom tempo, ou talvez até pela minha eternidade. 

Não há outra garota que faça eu me sentir tão vivo como Iara. Não há outro beijo como o de Iara, o beijo dela é indescritível, mas eu sei que é a melhor sensação que eu já experimentei na minha vida.

Foram os beijos dela que me enganaram, o jeito que ela gemia com minha língua dentro dela, o jeito que seus olhos se apertavam enquanto eu enfiava mais um dedo dentro dela, os gemidos descontrolados quando eu beijava sua boceta. Eu fui enganado por tudo isso.

Fui enganado mais ainda pelo seu jeito doce, inteligente, humorado e competitivo. Porra, aquela garota me deu um chá que eu não vou esquecer tão cedo.

Talvez eu nunca esqueça, já que estou chorando feito um idiota em uma das salas que guardam os brinquedos das crianças.

Olho para a minha frente, é um unicórnio azul triste.

— Eu te entendo unicórnio. Eu te entendo – digo, abraçando o bichinho de pelúcia bem perto do meu peito grande. — A gente ama a pessoa, aí a pessoa vai e te traí. É tão triste – esfrego minhas mãos em meus olhos inchados.

Porra, a quanto tempo tenho chorado?

Respiro fundo. 

Isso me lembra da minha primeira namoradinha, eu tinha uns seis anos, ela terminou comigo porque, aparentemente, eu era muito danado – sem querer, totalmente sem querer, joguei um salgado na cabeça do Arthur – e nada civilizado.