Capítulo 9

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DIEGO

Meu corpo está mais relaxado do que nunca, mesmo com as duas horas de treino, estar na quadra me conforta, estar na quadra faz com quem eu me sinta invencível e eu gosto dessa sensação. 

A sensação de quando a bola bate no chão e a treinadora marca o ponto do meu time é a melhor de todas, é quase como gozar depois de umas três semanas sem foder.

Penso que não escolhi vôlei, fui escolhido pelo vôlei. 

Sempre tive uma paixão enorme por esportes, sempre gostei de me exercitar, meu pai disse uma vez que eu implorei de natal uma academia em casa, e nós ganhamos, e no natal seguinte pedi uma quadra de esportes, que eu também ganhei. 

A minha única dificuldade com esportes, é porque tudo que eu era bom, Adrian também era impecável. Futebol, ping pong, boxe, judô, handebol, corrida, até mesmo crossfit. Depois de uma longa lista de esportes, só faltou um, vôlei, então eu comecei a me esforçar o quádruplo, isso tudo para ser melhor que meu irmão.

Não é nada legal viver na sombra do seu irmão, sei bem disso porque passei quase oito anos nisso. 

As garotas sempre olhavam primeiro para Adrian, meus pais sempre perguntavam primeiro por Adrian, meus irmãos gêmeos preferiam Adrian, é bem doloroso. 

Pode não ser verdade, coisa da minha cabeça, mas é assim que me senti por um bom tempo, até achar o vôlei e me mostrar para o mundo. Agora não sou mais "o irmão do Adrian", as garotas sabem meu nome e gemem meu nome.

Levanto para Arthur que faz um ataque excepcional. Arthur também foi uma motivação para que eu ficasse melhor e melhor no vôlei. Quando Arthur chegou, os treinadores e alunos diziam que ele seria o futuro capitão do time e blá blá blá porque ele tem um talento natural, e eu fiz questão de provar todos errados. 

Não vou ser sombra de ninguém, não mais. Não nasci para isso, afinal sou leonino.

O treino de hoje foi puxado, do jeito que eu gosto, treinamos saques, ataques, bloqueios, corridas, levantamentos, assistências, táticas de organização na quadra, velocidade, tudo. 

Minhas costas provavelmente vão doer um pouco no final do dia, mas vale a pena. Tudo vale a pena por vôlei. Não tenho planos de seguir como atleta profissional, o que sempre foi um choque para meus pais, que me apoiam imensamente em tudo que eu escolho.

Eu amo jogar vôlei, mas não sou burro para escolher fazer algo que amo e vejo como hobby, uma hora ele vai deixar de ser hobby e se tornar algo que odeio. 

E eu me odiaria por anos e anos por ter destruído o que vôlei é pra mim. 

Quando você escolhe fazer algum hobby como profissão, você acaba perdendo o gosto por esse hobby, porque ele se torna uma obrigação, e hobbys não devem ser obrigações. 

Além do mais, a indústria esportiva brasileira é pesada pra caralho, não estou preparado para lidar com a imprensa cuidando da minha vida, não quero ser uma figura pública, tenho medo do que podem fazer comigo e com minha família.

Medicina é uma ótima escolha, trabalhar como pediatra melhor ainda. Amo crianças, menos quando são meus irmãos – indireta especial para Caio – e eu amo cuidar das pessoas, logo escolhi a profissão perfeita. 

É algo que eu gosto, mas não vejo como hobby, ou algo que eu possa odiar. Também tenho um futuro como médico pediatra, minha tia tem um consultório e ela já disse que ficaria mais do que feliz de me receber como estagiário e quem sabe num futuro próximo como sócio.

A Competição [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora