CAP LI - DOIS

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Ottawa, Canadá.

     DOIS DIAS PARA O JULGAMENTO.

A sucessão de fatos surgia de forma que deixava os protagonistas do acontecimento que estava por vir cada vez mais artodoados. Para se manter em linha reta e no lugar mais perto da base para escapar de um futuro acidente, cada um se apegava aquilo que acreditava ser o mais importante de suas vidas e assim conseguiam seguir em frente com o plano mais arriscado que já pensaram até então, a essa altura Gizelly praguejava a sí mesma e implorava todas as noites em sussurros e outrora por gritos que o universo trabalhasse ao seu favor, o desespero ecoava na voz enquanto a angústia e o desespero tomavam conta de seu peito apossando-se como uma penumbra escura de poeira e vento que chega antes em um redemoinho sinalizando que um furacão dos menos misericordiosos estava à caminho e levaria tudo, até mesmo se isso significasse pessoas importantes. A magnata ambiciosa por dinheiro e principalmente por seu status profissional agora via-se através do espelho a um passo de demolir a carreira que lapidou por anos até que enfim chegasse onde estava, dúvidas sempre pairavam por sua mente levando-a pensar em deixar para trás a pessoa que havia descoberto ser o grande amor de sua vida e seguir para o tribunal com passos firmes sabendo que a sentença de Elizabeth Boneville não decidiria nada além de uma só vida que foi resgatada por milionários e que depois de anos de bons cuidados e regalias, agora não importava tanto assim se terminaria isolada atrás das grades ou em liberdade para aproveitar-se da fortuna que a esperava, mas embora tantas dúvidas dançassem por sua mente, ela não deixava de notar que o que verdadeiramente havia melodia e soava melhor mesmo que em pensamentos, era apegar-se ao amor que sentia por Rafaella Kalimann e atravessar os portões do tribunal de justiça canadense tremulando a sentença de sua cliente, mas disposta a lutar por algo além de prisão ou liberdade. A defesa teria que ser por amor, senão estaria fadada ao fracasso.

A investigação que sempre havia sido como uma dose de adrenalina injetada em suas veias, agora parecia ser letal como cianeto, como se a cada novo passo para  uma nova prova, Gizelly tivesse mais próxima da morte fulminante.

A obsessão pelo sucesso do caso pelo bem de sua vida ao lado da paixão pela qual ela sentia-se obstinada a  cegava para tantos outros fatos que estavam explícitos a centímetros de seus olhos e que em tempos passados ela jamais seria capaz de ignorar, como quando decidiu voltar a Ottawa pelo faturamento que este caso seria capaz de dar a ela. Luxúria e rios de dinheiro já não eram mais suas prioridades, apesar que a magnata jamais conseguiria viver se não tivesse tanto quanto havia até agora, mas o que seria pior? a perda de uma de suas mansões ou do grande amor? estava cega, não queria nada mais que estar ao lado de Kalimann. O desejo por estar livre e deixar-ser ser feliz era tanto que sentia-se robotizada seguindo comandos que provavelmente a levariam a ter sucesso, Gizelly havia tomado atitudes que nunca tomara antes e conheceu pessoas que se recusaria toda a vida a estar perto, e se dava conta, mas não arrependia-se do que estava fazendo pois sempre antes de firmar um trato, a imagem de sua amada aparecia sobre seus pensamentos para encorajá-lá a meter-se com bandos perigosos.

A delinquência da advogada muitas vezes foi descoberta por Rafaella ao encontrá-la bêbada e desolada disposta a confessar todos os seus pecados para qualquer pessoa que adentrasse o escritório luxuoso dentro de sua mansão em Ottawa como se precisasse fazer aquilo para sentir-se pronta para a morte. Algumas de suas palavras não faziam o menor sentido, as frases embaralhadas perdiam-se na amnésia alcoólica dos dias após a embriaguez, e embora Gizelly não se recordasse de tudo o que havia dito, Rafaella guardava em sua memória todas as palavras que conseguia compreender e isso provocou que tomasse a decisão de se afastar de sua Senhorita Bicalho até que a sentença de Elizabeth finalmente tivesse sido dada. Para livrar-se do vazio que provocava estar em sua mansão sozinha, Gizelly fazia telefonemas em seu escritório e todas as noites arrumava um lugar onde pudesse passar acompanhada para sentir-se melhor, a vontade de permanecer trancada dentro de sua sala até que o dia amanhecesse era maior que qualquer coisa, mas a mulher não se deixaria perder a dignidade ao ponto que todos os empregados daquele escritório pudessem vê-la dormir e acordar dentro de um mesmo prédio.

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