Capítulo 01 [Prólogo]

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Ponto de vista da Min-Young

Qual é a cor dos seus olhos? Azuis? Verdes? Castanhos? Pretos. Meus olhos são como petróleo. Dizem que são iguais aos da minha mãe, mas não posso afirmar isso, não cheguei a conhecê-la. Essa cor tem um significado materno para mim, é uma das poucas coisas que eu sei sobre ela, já que Si-Woon, meu pai, se nega a tocar no assunto.

Park Si-Woon, melhor dizendo, meu pai, é um dos empresários mais conhecidos de Seul. Sua riqueza é provinda da empresa de gastronomia que ele fundou há alguns anos, chamando a atenção de vários investidores, que resultou em diversas manchetes. Foram cerca de cinco ensaios fotográficos com meu irmão, Jimin, e Si-Woon. Eu os considero somente um disfarce de "família unida e empenhada à construir um império", mas não, nem eu nem Jimin queremos herdar os negócios e isso faz sair fumaça da cabeça do nosso pai.

Não posso dizer que papai é alguém adorável, são contáveis as vezes em que ele me abraçou ou me deu um beijo na testa antes de dormir, normalmente isso acontece quando ele sabe que pisou na bola. Como um pai consegue privar os filhos de viverem cada fase de suas vidas? Não pude criar vínculos durante minha infância toda, tampouco Jimin, porque, em suas palavras, ele queria que fôssemos "fortes e independentes, sem precisar de qualquer pessoa ao seu lado".

— Young! — escutei a voz de Jimin do outro lado da porta — Vamos almoçar!

— Vai descendo, já estou indo — respondi com calma.

Meu irmão é a pessoa que eu mais amo. Apesar de todas as ignorâncias e grosserias de meu pai, ele sempre esteve ao meu lado e vive me dizendo para não confiar no que o mais velho diz. É horrível saber que eu vivo numa rivalidade com meu próprio pai, na maioria dos filmes é totalmente diferente, já eu não recebi qualquer amor paterno. Jimin é a pessoa que cuida de mim e me dá esperanças de que algum dia eu serei livre para seguir meu próprio caminho.

Desci as escadas e logo avistei os dois já acomodados em volta da mesa, apenas me esperando para comer. Sentei-me no lugar de costume sendo fuzilada pelos olhos do meu velho por uma simples demora de dois minutos.

— Eu não devia lhe esperar para comer, sempre se atrasa — dispara.

— Pai, foram dois minutos! Eu só fui ao banheiro — retruco indignada e Jimin me olha discretamente, tão indignado quanto eu.

— Quieta, Min-Young! — falou alto e da maneira mais assustadora possível.

— Aboji, não precisa falar assim, ela não disse nada demais — meu irmão tentou apaziguar.

— Amanhã vocês vão numa festa de negócios dos Jung comigo — disse secamente.

— O quê?! — levanto o tom de voz e recebo um olhar de repreensão — Não!

— Porque de repente isso? — o mais velho interrogou meu pai.

— Antes que vocês dois comecem a reclamar, isso não é um convite, é um aviso! Vocês vão nessa festa amanhã e ponto final. Fui claro?

Si-Woo não estava para brincadeiras, nunca esteve. Por dentro eu explodia de raiva, eu gostaria de negar essa intimação com todas as forças, mas não adiantava, eu sei que de um jeito ou de outro eu terei que ir.

— Respondam! — bateu com força na mesa, fazendo-nos estremecer.

— Sim, pai, o senhor foi claro! — levantei-me e disse sem pudor olhando em seus olhos.

Subi de volta para o meu quarto e me tranquei ali. Sentei-me na beirada da cama sentindo minha cabeça pesar por todos os comandos do meu pai novamente, o que me tirou do caminho para uma possível crise de ansiedade foi a vibração do meu celular sobre a cama.

Your Eyes Tell | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora