Capítulo 28

426 36 118
                                    

Jungkook ainda estava dormindo quando eu acordei. Seus lábios formavam um bico e a bochecha estava amassada contra o travesseiro, enquanto se agarrava no cobertor grosso. Com certeza ele não acordará logo, a noite de ontem fora exaustiva — de uma maneira maravilhosa, pode-se dizer. Meu corpo está levemente dolorido pelas várias posições que decidimos estrear, tanto na cama quanto no banho. Ora eu cavalgava com vontade em seu membro, ora ele me segura e metia fundo. Nossos olhares não desviavam um do outro, tudo foi muito intenso.

Fui até a cozinha preparar um café para mim mas algo me chamou atenção. No chão, um pouco a frente da porta da entrada, havia um envelope amarelo no qual estava escrito meu nome. Peguei-o e hesitei antes de abri-lo. Ao mesmo tempo que essa cor representa o otimismo e felicidade, carrega consigo o sentido de alerta e calúnia. No entanto, meu coração acelerado era a prova de que a curiosidade venceria, e assim foi. Abri-o.

"Park Min-Young,

Sabe quanto tempo pensei em você? O quanto tempo eu pensei no que farei com você? Pois bem, cheguei à uma conclusão. Apesar de você ser uma vadia, não vou pegar tão pesado com você, o que te darei já servirá como uma boa lição por todas as desgraças que você já me trouxe. Portanto, seria mais agradável se você me agradecesse e colaborasse, caso contrário, não vai ser você quem pagará por sua desobediência. Será seu namorado, Jeon Jungkook. Parece que mesmo com as fotos vocês não se afastaram, não?

Não foi difícil descobrir que o garoto é puramente desprezível. Não tem pais, não tem irmãos e sua namorada foi escolhida com dedo podre. Será que devo arriscar a dizer que você foi o que sobrou para ele? Bom, você é o resto que as pessoas descartaram, não é mesmo? Se eu tirá-lo de cena quem sai perdendo é você. Pense muito bem antes de fazer mais uma gracinha, não terei piedade.

Rua XXXXXXXXXX - Número XXX; Mapo-gu.

Vá sozinha à este endereço, hoje, 06h da tarde. Pergunte por Mattia.

Espero você, Park."

Não posso deixar Jungkook ler esta carta, definitivamente. Minha vista está ficando embaçada aos poucos e uma tontura chega, acompanhando o aumento dos meus batimentos cardíacos. Apoiei-me no balcão da cozinha e respirei fundo pensando no conteúdo que o pequeno papel trazia. Peguei um copo d'água e bebi o líquido em poucos segundos, sentindo o frio tomar conta do meu esôfago e o nervosismo do meu ser.

— Amor, o que houve? — Jeon perguntou fazendo-me contrair pelo susto, imaginei que estivesse na cama ainda — Você está pálida, está passando mal? — veio até mim e segurou meus ombros na tentativa de olhar em meus olhos.

— Tontura, amor... — fitei-o sem muita nitidez.

— Eu te machuquei ontem? Está sentindo alguma dor? — segurou-me preocupado.

— Acho que minha pressão caiu, Goo, só isso. — falei fechando os olhos e me concentrando para que essa sensação passasse logo.

— Vem, deita aqui no sofá, vou preparar uma torrada do jeito que você gosta para minha gatinha, hm? — seus braços envolveram meu corpo e, devagar, me levou até o móvel dito.

Assim que deitei ali, o moreno foi para a cozinha de novo e uma nova onda de pensamentos tomou conta da minha mente turbulenta. Eu não gosto de esconder as coisas do meu namorado, somos muito abertos um com o outro e receber esta carta — com praticamente uma ameaça de morte à ele — não é algo que eu quero contar, em contrapartida uma amargura toma conta do meu peito diante dessa situação.

Respirei fundo na tentativa de me acalmar e, sem demora, senti o aroma atraente vindo de onde Jeon estava. Sentei devagar no sofá, sentindo minha cabeça um tanto zonza e, ao melhorar, levantei-me indo até ele. Sua atenção estava toda no líquido quente que caía da máquina diretamente na caneca azul, exalando o cheiro típico de cappuccino, uma delícia. Abracei-o por trás e dei um cheiro em sua nuca, fazendo-o rir baixinho e se virar para me abraçar.

Your Eyes Tell | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora