Capítulo 03

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Ponto de vista da Min-Young

Sentei ao lado de Jimin num banco de frente para o Rio Han e respirei profundamente, sentindo o calor do copo de café passar entre meus dedos. O loiro esfregava as mãos uma na outra e assoprava o ar, vendo a fumaça que se formava no momento em que o quente e o frio se chocam.

— Como você consegue ser tão otimista, Minnie? — pergunto após bebericar o líquido escuro.

— Otimista? — olhou-me e soltou um riso abafado — Apenas tento enxergar a famosa luz no fim do túnel, baixinha.

— Acha que eu consigo alcançar essa luz? — olho para o mesmo que sorri fraco.

— É você que enxergo alcançando, Min-Young — puxou-me para um abraço e me permitiu desmanchar ali mesmo — Porque está me perguntando isso, uh?

Fiquei em silêncio mas no momento em que o primeiro soluço apareceu, meu irmão percebeu que era o choro que me calava.

— Pode me contar o porquê disso? — perguntou enxugando minhas lágrimas com os polegares.

— E-Eu não aguento mais o j-jeito que o papai fala comigo! Porquê ele é assim? — um olhar piedoso é lançado a mim — Quero que ele se foda! Eu não quero essa porcaria de empresa que fez nosso pai ser esse egoísta que ele é hoje! Eu quero ir para a faculdade, quero namorar quem eu quiser, quero fazer uma tatuagem sem ter medo de apanhar caso aquele homem veja!

— Posso te mostrar uma coisa? — chegou um pouco mais perto de mim e sussurrou com um tom sapeca.

— Hm? — lutava para engolir o choro de uma vez.

O loiro virou-se de um jeito que apenas eu conseguisse ver seu peitoral e levantou a camisa, expondo todo seu abdômen e uma tatuagem acima das costelas, escrito "nevermind" em letras que faziam jus ao significado da expressão. Tatuagem?

— M-Minnie! Não acredito! — tampo a boca rindo — Você fez!

— Você já tem 22 anos, Young, devia encarar e fazer uma também! — sorriu dizendo.

— Eu tenho o melhor irmão do mundo! — abraço-o mais uma vez e ele ri.

— Só por isso?

— Não, por me pagar esse café da manhã também! — brinco e rimos juntos.

(...)

Voltamos para casa depois de tomar café da manhã fora e fui direto para o meu canto de sossego. Abri o notebook em cima da minha escrivaninha e dei "play" no episódio de "Death Note" em que eu havia parado. Assistir animes é praticamente um costume e este, em especial, consegue atiçar minha curiosidade ao máximo, todas as falas e cenas são muito bem pensadas e a história é interessante. Eu poderia assisti-lo mil vezes sem enjoar!

— Min-Young — meu pai bateu na porta do quarto e entrou antes que eu respondesse.

— Pode entrar! — respondi com sarcasmo e ele revirou os olhos, controlando-se para não levantar a voz comigo de novo.

— Você vai usar este vestido essa noite, não quero que vá de preto, já não basta usar quase todos os dias essa cor — ordenou deixando uma caixa em cima da cama.

— Nem isso eu posso escolher? — fito o mesmo séria e decepcionada.

— Porque você simplesmente não colabora e deixa de ser tão teimosa? — colocou as mãos no bolso da calça e ergueu o queixo para mim.

— Porque eu quero ser dona do meu próprio nariz, tudo bem? Eu já tenho 22 anos, não preciso que meu pai decida quais roupas eu devo ou não usar — encaro-o.

Your Eyes Tell | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora