XXXĪV

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Ó beleza! Onde está tua verdade?

William Shakespeare

Ela disse que sentiu minha falta.

Foi meu primeiro pensamento ao acordar, era dia já, mas devia ser cedo ainda, eu estava nua debaixo dos lençóis, então rapidamente me vesti antes que uma freira me pegasse nua e achasse que eu estava fazendo algo errado... Bom eu estava, não errado... quer dizer era errado pra caramba, eu não achava que era tanto, mas os outros achavam... Não importa, não seria nada bom, então me vesti e me deitei novamente na cama, encarando o teto e me lembrando de todos os detalhes da noite passada, poderia facilmente ser um sonho, um sonho muito bom, e erótico também, mas não era, minhas costas ai da doíam, então não foi um sonho, foi uma deliciosa realidade.

Minha memória tentou encontrar como tudo aconteceu, e foi tão surreal, poderia facilmente ser um livro de tão rápido que nosso envolvimento se desenrolou... Mas eu não sabia explicar, mas a verdade é que desde que a vi pela primeira vez, algo me chamava para ela, eu não sabia se tudo o que havia acontecido era bom ou não, poderia ser bom, eu podia sair de Centralia com a ajuda dela e... Eu amava cada momento que passava com ela, não importava o quão horrível ela era, eu amava, cada beijo, cada toque, tudo mexia comigo, mas isso tinha mais chances de dar algo ruim, poderíamos ser pegas, ela podia decidir que era uma boa ideia se livrar de mim, ela poderia fazer o que quisesse comigo pois tinha poder, e não era só isso, eu podia me apaixonar por ela, e isso era oque mais me preocupava, ao mesmo tempo que eu amava estar com ela, tinha medo de sentir algo por Camila, ela era péssima, e eu não podia me perder no personagem, gostar dela seria péssimo para mim, iria ser só mais uma vítima de suas artimanhas...

Por Deus! O primeiro pensamento que você teve pela manhã foi o fato dela ter falado que sentiu sua falta!

— Não, não e não Lauren Jauregui, você não vai querer isso, ela não quer, ninguém quer! É uma ideia péssima! — rosnei brava.

Porque o beijo dela tinha que ser tão bom? Tão viciante? Porque ela tinha que ter aquele corpo? Aquele rosto que conseguia ser lindo, sexy e gracioso ao mesmo tempo?

Ela tinha um rosto jovem e belo mas com feições mais amadurecidas como se ela já tivesse vivido muito, era séria e ranzinza com a maior parte das pessoas mas eu via outro lado dela comigo, mesmo que fosse atuação... Mas como alguém atuava tão bem?!
o nariz dela era afinalado e os lábios eram carnudos... Droga, eu amava os lábios dela, eram macios e quentes, eram perfeitos, ela tinha pele macia também, e era tão quente em todos os aspectos, Camila era a dona de um dos gênios mais forte que eu havia conhecidos em toda minha vida, apesar de parecer tão calma e controlada para as outras pessoas, eu consegui vê um outro lado dela.

Por Deus! Ela era a mulher mais diferente e interessante que eu havia conhecido!

Eu ainda era muito jovem, não que não fosse agora, quando conheci Rébecca Geffroy, ela era francesa, havia vindo para o Estados Unidos para tentar a vida e fugir de um casamento arranjado e ficar junto ao homem que amava, talvez não tenha sido algo bom, ele a enganou, ao chegarem aos Estados Unidos somente tirou sua virgindade e sumiu, ela nunca mais viu ele, uma garota de 16 anos não poderia fazer muita coisa em um país que não conhecia e que ao menos sabia falar a língua além de se prostituir. Ela era bonita, logo chamou a atenção e atraiu muitos clientes, Rébecca era esperta e inteligente, uma combinação que poucos tem, pouco tempo após chegar no país, ela já sabia falar a língua muito bem, mas ainda mantinha seu sotaque, e eu particularmente achava isso uma das coisas mais sexy's nela. Conheci Rébecca Geffroy quando ela tinha 22 anos, eu era uma adolescente de apenas 14 anos, tímida e sem nenhuma experiência, nunca havia sequer beijado alguém, conheci Rébecca através de Oliver, eles se conheciam, Oli uma vez me disse que pessoas com os corações doloridos costumavam se atrair, foi a única coisa que me falaram sobre a natureza mais profunda dos sentimentos de Rébecca, e hoje analisando ela, Rébecca era infeliz, muito infeliz, e máscarava essa sua dor através de sorrisos, Oli era ótimo em ler pessoas, mas eu na época não entendi sua fala, eu me envolvi com a ruiva sensual sem pensar duas vezes na primeira vez que ela me roubou um beijo, mas eu não fui apaixonada por ela, gostava dela, muito, sabia que ela era bela, mas mesmo sendo a primeira mulher da minha vida, eu nunca achei que estava apaixonada por ela, e isso foi até melhor porque a dor de sua partida, dois meses após o nosso primeiro beijo, foi menor, ela foi morar na fazenda de um produtor de café rico, se casou com ele e Oli diz que já tem até filhos com ele. Eu sempre desejei que ela tivesse encontrado a felicidade e que pudesse parar de fingir sorrisos, ela era boa, via isso nos seus olhos, merecia encontrar a felicidade que foi roubada dela quando ainda era jovem, a verdade é que nunca vou saber os motivos que levaram ela a ser tão triste e ter os olhos tão perdidos. Eu fiquei com algumas meninas do colégio, para nada mais que alguns minutos nos banheiros e beijos escondidos, até que conheci Vicky, ela conseguiu me aquecer, com a nossa afinidade, eu me sentia bem com ela e poderia passar o resto de minha vida ao seu lado só por isso... Mas então conheci ela, linda, seria, com aquele gênio forte e olhar fogoso, droga ela me fascinou, aquele beijo quente dela me pegou de surpresa, e agora estou nessa situação, com sentimentos que nunca tive, não sabendo nem controlar meu corpo perto dela.

— Péssima situação, péssima.

...

— Você deu um remédio para o enfermeiro?! — gritei chocada, ela deu de ombros e continuou fazendo um leve carinho nos meus cabelos, nossa, amava quando ela fazia isso, poderia dormir agora mesmo.

— É... Mas era fraco, eu só dei uma pequena dose, de qualquer forma, ele sempre dorme mesmo.

— Camila, você me surpreende cada vez mais — sorri negando com a cabeça e voltando à minha posição. Eu estava entre suas pernas, quase adormecendo após o sexo longo, como eu disse eu não me controlava perto dela, assim que entrei na sua sala, e a porta se fechou, não demorou muito para eu estar entre duas pernas... Quem diria, no meu tratamento para aprender a gostar de homens eu estava aprendendo a gostar ainda mais de boceta, na verdade estava gostando mais e mais de uma específica, é, eu estava aprendendo mais chupando ela do que nessas aulas inúteis — Gostei de ontem, exceto a parte de acordar sozinha, mas o resto foi ótimo — disse de olhos fechados, essas coisas saiam tão facilmente dos meus lábios, eram verdades, mas eu só dizia porque queria que ela achasse que eu estava apaixonada por ela... Só por isso.

— Não poderia dormir com você... — respondeu sem parar o carinho.

— Eu sei, mas queria muito.

— Eu também, olhos verdes — eu com a última parte — Estou cansada, você acabou comigo, e ainda tive que acordar cedo...

— Não estou muito diferente... Vai hoje lá?

— Está querendo matar o enfermeiro de tanto dormir?!

— Ah, ele dorme muito de qualquer jeito, como você mesmo disse, acho que um chá ou suco de maracujá bem forte já resolveria.

Talvez eu vá...

Talvez eu fique esperando você chegar.

Sorri sentindo deu carinho, quem diria que eu iria encontrar algo bom em Centralia, no caso era o sexo com ela, só isso.

MadhouseOnde histórias criam vida. Descubra agora