XXXVĪĪ

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Em tempo de paz convém ao homem serenidade e humildade; mas quando estoura a guerra deve agir como um tigre!

William Shakespeare

Era dia de visita hoje. Oli não viria, já havia me informado disso na última vez, me prometeu que na próxima semana estaria aqui com meu bolo e alguns livros que eu gostava. Mesmo ele não vindo, eu tinha visita, havia chegado a conclusão ontem a noite que deveria falar com meus pais, liberei a visita deles, mas minha surpresa foi ainda maior ao descobrir que não eram somente eles que queriam me ver, tinha alguém aqui.

Vicky havia vindo até aqui, eu não sabia como ela havia conseguido ou sequer o porquê de sua vinda, não que eu desejasse que ela assumisse que tinha um caso comigo, mas ela deixou bem claro que não se importava tanto comigo, quando disse aos seus pais que eu havia beijado ela a força e jogado toda a culpa do pecado sobre mim. Mas não pensaria sobre isso agora, iria ver meus pais. Estava com saudades deles, afinal os amava, mas mesmo assim não estava nem um pouco ansiosa para ver eles. Assim que entrei na sala de visita, encontrando os dois sentados, visivelmente sem jeito, me aguardando, respirei fundo, tomando forças. Me sentei na frente deles, os cumprimentos com um aceno de cabeça, minha mãe estava com os olhos molhados, soluçava e tinha as mãos na boca, já meu pai, tentava controlar as lágrimas.

— Você está magra — foi a primeira coisa que minha mãe disse.

— A comida aqui não é das melhores — dei de ombros.

— Vou tentar resolver isso... — meu pai disse, eu só revirei os olhos, gesticulando com as mãos.

— Não quero que faça nada. Foram vocês mesmo que me colocaram aqui.

— Para o seu próprio bem! — disse o homem de meia idade, só lhe encarei com um sorriso sem humor — Poderíamos ter escolhido um lugar bem pior! Mas ao invés disso, a colocamos na melhor instituição do país?

— Ao lado de loucos e criminosos nacionais — neguei com a cabeça — Imagino que não querem brigar.

— Está certa... — disse suspirando.

...

A conversa com meus foi difícil, mas melhor do que eu imaginei que seria, não brigamos, só contei algumas coisas da madhouse, como era a comida e como as coisas funcionam aqui, minha mãe também tinha trazido comida caseira, daquela que eu amava, e eu confesso que quase chorei ao ver comida de verdade e gostosa a minha frente, devorei tudo quase que instantaneamente. Mas a conversa mais difícil estava por vir, poderia dispensar Vicky, mas eu queria saber oque ela falaria, que motivo a trouxe a vir me ver. Quando meus pais foram embora, ambos haviam me abraçado emocionante, eu retribui, estava morrendo de saudades deles, não importava o que fizeram, eu estava brava com eles e magoada ainda, mas um pouco agradecida também, a verdade é que só conheci Camila porque eles me obrigaram a vir para cá, quanto a ela, não havia visto ela ainda, desde a noite passada eu estava tentando não pensar nela, sair daquele jeito, sem falar nada, havia me deixado um pouco magoada, na verdade eu havia ficado bem magoada. Assim que eu havia ficado só na mesa, ela entrou, estava com os cabelos loiros presos, e vestia uma roupa pesada de frio, continuava linda como eu me lembrava, embora agora não causasse o mesmo efeito em mim, que na verdade nunca passou de tesão. Ela sorriu na minha direção se sentando, mas eu não fiz nada, só continuei a olhando fixamente.

— Oi.

— O que está fazendo aqui Vicky?

— Precisava falar com você, papai foi viajar então consegui dar um jeito de vir te ver...

— O que quer falar comigo? Imagino que não tenhamos nada para conversar.

— Lauren... Me desculpe, mas me entenda, eu não poderia falar de nós para meu pai...

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