VĪĪĪ

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Existe um caminho que vai dos olhos ao coração sem passar pelo intelecto.

G. K. Chesterton

Quando me arrancaram daquela sala, pelo menos tiveram a decência de mandar uma das enfermeiras monitorar meu banho. Após tomar um banho, me sentir em parte renovada, e colocar um novo uniforme limpo, que nada mais era que uma camiseta branca de algodão, uma calça larga da mesma cor, e um par de tênis também brancos, me surpreendi quando a mulher de meia idade junto com um enfermeiro enorme me direcionaram até a sala da diretoria.

—  Podem entrar —  ouvi a voz da maldita diretora de Howard liberando o acesso após alguns toques na porta, o enfermeiro somente me colocou dentro da sala dela, e depois fechou a porta, nos deixando sozinhas, e um fato interessante, me deixando sem algemas também.

Encarei a jovem diretora com indiferença, ela somente sinalizou para que eu me sentasse e assim eu o fiz, eu estava com a cabeça fervendo, estava morrendo de ódio, isso era óbvio, fiquei sabe deus quantos dias trancada naquela sala imunda, amarrada e sem direito de sequer um mísero banho, dormindo mal e me alimentando pior ainda, eu devia ter emagrecido no mínimo uns três quilos e ao me olhar no reflexo da janela da sala, descobri que meu rosto estava pior ainda, meus olhos estavam marcados por olheiras, os meus lábios pálidos demais para o comum, meu rosto sem cor, mas por sorte o olho roxo e meus lábios já não estavam tão ruins, e eu queria a fazer pagar, não só ela claro, e por coincidência ou sorte, ela foi burra o suficiente para não mandar me algemarem ou me amarrarem, eu só precisava fazer com que ela se descontrolasse e partisse para cima de mim como da última vez, pois se eu fosse para cima dela, certamente daria tempo de chamar o enfermeiro que devia estar encostado no lado de fora da porta e então as coisas ficariam feias para mim sem eu poder ter despejado nem um terço da minha raiva.

—  Não está tão ruim —  comentou, e em seguida levantou os olhos para mim, deixando os papéis que estava analisando esquecidos —  Como está?

—  Ótima —  movi os lábios numa tentativa de sorriso.

—  Me sinto feliz em ouvir isso, sabia que um tempo consigo mesma era o que precisava, imagino que tenha revisado suas ideias e que esteja pronta para cooperar com seu tratamento —  entrelaçou as mãos sobre a mesa me olhando em expectativa.

—  Pensei sobre muitas coisas, muitas mesmo, nos momentos que tive com a gostosa da minha ex por exemplo —  vi o choque passar por seus olhos chocolate acompanhados por um franzir de sobrancelhas de descrença —  Mas em cooperar com meu tratamento, que sinceramente é medíocre e que não surtirá efeito nenhum, pois no final dele, tenho certeza que irei continuando a preferir mulheres do que os homens, não.

—  Como...? —  ela estava com a boca aberta em choque.

—  Mas tenho certeza que a irmãzinha não sabe disso, não é? O dia em que provar uma mulher vai saber do que digo —  pisquei em sua direção, e vi seu rosto tomar uma coloração avermelhada imediatamente, ela se levantou, não sem antes bater com os punhos fechados na mesa, mas dessa vez isso não me causou surpresa, e caminhou em minha direção soltando fogo pelo nariz. Péssima ideia irmãzinha, péssima.

—  Me respeite sua pecadora imunda! Irá se arrepender pelo que disse! —  me apontou o dedo, vi sua mão se erguer para, provavelmente, deixar um tapa em meu rosto, mas eu fui mais rápida, com o coração acelerado pela raiva e adrenalina, eu me levantei, segurando sua mão no caminho, a pegando totalmente desprevenida, ela abriu a boca em choque, estava prestes a gritar, certamente para chamar o brutamonte, mas eu tampei sua boca antes, sorrindo perversamente.

—  Isso foi... muita mancada para alguém que se diz tão boa no que faz, imaginou que eu a deixaria me bater estando solta? —  revirei os olhos —  Não irmãzinha, não mesmo. Eu posso fazer várias coisas aqui, passei dias horríveis naquela lugar maldito e pretendo te fazer sentir um pouquinho do que passei.

Vi o medo passar pelos seus olhos, e ela tentou se debater para chamar a atenção de alguém, quando vi que a mesa estava fazendo muito barulho e que ela conseguiria, dei um jeito de empurrar seu corpo junto ao meu para a parede enquanto pensava no que fazer, mas o problema era que eu não tinha ideia do que fazer... estava
apavorada.

—  Me acha suja, não é irmã? —  disse com deboche, com uma ideia rondando minhas mente, e sem me deixar pensar muito logo a pus em prática, deixando meu nariz passar pelo seu pescoço, me surpreendendo com dois fatos, ela cheirava a uma mistura de canela e dia ensolarado, e eu descobri que era uma mistura bem atraente, visto que me vi buscando por mais, nunca pensei que freiras cheiravam tão bem, mas talvez ela fosse apenas uma exceção, e a segunda coisa que me chocou, foi o fato de sua pele se arrepiar com meu simples gesto, mas sua mãos demonstravam o contrário, a única mão livre dela, me empurrava com força pelo ombro querendo me afastar a todo custo, e isso me motivou a continuar, fui até o seu ouvido e sussurrei lentamente —  Vou te deixar tão suja quanto me acha, irmãzinha.

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Após isso deixei uma pequena mordida na sua orelha, e pude jurar que a ouvi suspirar, mas devia ser coisa da minha mente, sem prolongar muito tirei minha mão de sua boca e tão rápido para que ela não pudesse gritar, cobri seus lábios com os meus.

E então veio a terceira surpresa, eu não sei ao certo o que estava esperando, provavelmente nada, mas certamente não era o que encontrei, os lábios dela eram macios e cheiros, diferentes de todos os que eu já provei e tinham um gosto bom de mel, algo viciante, me peguei perguntando se todas as freiras eram assim, ou se ela era realmente a única exceção, mas não dei muito tempo para pensamentos, logo estaria provavelmente enfiada novamente naquela sala na melhor das hipóteses, então por hora aproveitaria ao máximo dos melhores lábios que já provei. Sua mão continuava tentando me afastar, e quando eu larguei o pulso que estava segurando para segurar sua nuca, então as suas duas mãos passaram a tentar me afastar, eu estava fascinada com o gosto de seus lábios, quando mordi seu lábio, para sentir um pouco mais dela, senti suas mãos pararem de me empurrem, ficaram imóveis nos meus ombros e seus lábios fizeram o mesmo, me deixando devorar sua boca como bem quisesse, e eu fiz exatamente isso. Mas não durou muito, me pegando totalmente de surpresa, ela conseguiu me atingir com um soco forte no seio, e a dor foi o suficiente para que eu caísse de bunda no chão gemendo de dor, ela não se dando por satisfeita, desferiu um tapa no meu rosto que me fez ficar com a visão turva.

—  David! —  chamou o enfermeiro com a voz falha, segundos depois ele entrou na sala, enquanto eu tentava recuperar minha respiração e meus sentidos, a diretora respirava rápido e estava com o rosto e lábios avermelhados pelo beijo —  A leve para a seu dormitório, e informe os horários de seu tratamento, ela não dará mais trabalho, ou irá se arrepender —  sem olhar novamente para mim, voltou a se sentar na cadeira, quando o enfermeiro me segurou, me puxando do chão e me arrastou para a saída, antes de chegarmos ao corretor, ouvi sua voz novamente —  David, feche a porta.

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Hiiiiii, aqui estou eu novamente, rapidinho termino essa fic pq ela é bem curtinha, quem está gostando??? Sério, digam algo, parece que estou escrevendo para fantasmas kakakak

Eee, quem já ouviu Ella Fitzgerald??? Pqp, estou viciada nas músicas dela, são muito boas.

Bjsss e até a próxima (que pode ser hoje ou só mês que vem) não esqueçam a estrelinha ♥️♥️♥️





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