XXXVĪĪĪ

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Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

Quando minha consciência foi voltando aos poucos, eu ainda estava aturdida, minha visão estava turva e minha cabeça doía, certamente devido ao golpe que eu havia sofrido. Fiquei olhando o chão de concreto por alguns segundos, até tudo ficar claro e eu me lembrar do que havia acontecido antes que eu apagasse.

Um corpo mutilado... Golpe na cabeça... Aquela voz...

O que estava acontecendo? Eu não fazia a mínima ideia, quando ergui a cabeça, ela doeu muito, uma pontada forte que me fez fazer uma careta de dor, apavorada olhei ao redor. Eu estava no chão frio, ao meu lado tinha uma pequena mancha de sangue, e eu sabia que esse sangue era meu, minhas mãos estavam amarradas firmemente por uma corda áspera. Meu coração ficou acelerado, eu estava apavorada, ainda não sabia com clareza esclarecer as coisas, mas eu sabia que elas estavam bem complicadas para mim.

— Vejo que acordou, bela adormecida? — ergui a visão, encontrando a dona da voz, que me encarava com divertimento nos olhos — Confesso que tive medo de ter tirado sua vida, não era meu objetivo.

Eu abri a boca chocada, senti o sangue fugir do meu rosto, eu... Isso era muito surreal, não podia acreditar no que eu estava vendo, isso só podia ser um pesadelo! Mas então, as peças começaram a se encaixar.

" — Pode ser qualquer um aqui - sussurrei, Claudette negou com a cabeça.

Não, não pode ser qualquer um Lauren, tem que ser alguém com poder de circular livremente pela madhouse sem levantar suspeitas, alguém com poder aqui dentro "

Ela estava certa, absolutamente certa. Neguei com a cabeça.

Foi você... Era você esse tempo todo! — fechei os olhos com força, eu nunca imaginaria que ela estaria por trás dos assassinatos que estavam acontecendo na madhouse — Você matou os pacientes, foi você...

— Sim, fui eu Lauren, e ninguém nunca vai desconfiar de mim... Que diabos você e a vadia da diretora vieram fazer aqui? — fez uma careta de nojo ao pronunciar a diretora. Engoli em seco, então me lembrando que Camila tinha vindo comigo aqui... Apavorada, olhei para os lados tentando achar ela, respirei aliviada quando achei Camila amarrada e amordaçada poucos metros afastada de mim, ela estava sentada apoiada na parede em uma posição extremamente desconfortável, mas não foi isso que me preocupou, foi o fato dela estar com alguns hematomas no rosto, a desgraçada havia ferido ela! Me voltei em sua direção, olhando ela com raiva — Ops! — deu de ombros com um sorriso de lado — Tive que silenciar ela, a maldita não parava de me ofender achando que eu havia matado você — revirou os olhos.

Porquê? — perguntei baixo, não sabia o porquê ela havia feito tudo isso, tirar a vida de tantas pessoas tão cruelmente, e agora, nos deixar presas, eu estava pedindo a Deus, mas sabia que ela iria tentar tirar nossas vidas também.

— Porque eu gosto — deu um sorriso sádico. Neguei com a cabeça lhe olhando, Jamais imaginaria que a irmã Mary, aquela freira gentil e amigável, seria tão... Doente — Sempre gostei, vi que estar em uma madhouse, um lugar onde só habitam pessoas indesejáveis, iria facilitar muito as coisas para mim... O tempo de glória... — disse com um olhar distante — Sim, quando Riley era o diretor, eu matava quantos queria, ninguém se importa com criminosos, era delicioso — passou a língua pelo lábios, voltando a me olhar — Mas então ele morreu e veio ela, com toda sua nojeira, e todas suas ações altruístas, todos os jeitos fáceis e divertidos de ver a morte nos olhos deles foram banidos, e as coisas ficaram mais difíceis. Meu único refúgio era aqui... — abriu os braços rodando uma vez em círculo, sinalizando o lugar — E até isso ela tentou me tirar, vivia se aventurando aqui, e eu não queria ninguém aqui... Mas tive que aguentar com um sorriso, fingindo gostar dela — encarou Camila com ódio, a mesma só a encarava com os olhos cheios de lágrimas — Achei que teria me livrado dela, mas não, na melhor parte, que é limpar o serviço, ela me aparece com o brinquedinho dela — caminhou até Camila e puxou o pano que cobria sua boca com força, provavelmente cortando os lábios dela, e isso me fez sentir mais ódio dela.

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