Capítulo 20

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Caminho sem nada a dizer e Nando me puxa pelo braço me forçando a encara-lo.

— Ai, que que é, hein? — Nando bufa com o rosto contraído e eu retiro algumas mechas do meu cabelo que atrapalham minha visão.

— Você não me respondeu, Lua. Quem é esse playboy? — Reviro os olhos dando um longo suspiro.

— Um amigo de trabalho e olha, me deixa em paz que amanhã eu trabalho. Tá bom?

— Lua, minha rainha... — Gesticulo com a mão o interrompendo.

— Não me chama assim! — Ele bufa com ar sofrido.

— Eu tô morrendo de saudades de você, paixão. Tá doendo ver você com outro homem.... vamos esquecer tudo e voltar a ser o que éramos...? — Dessa vez quem suspirou foi eu, cansada, chateada e tediosa com essa conversa.

— Olha, Nando. Eu preciso mesmo descansar, tá legal? Eu já te pedi mil vezes pra parar com esse papo de ex arrependido. Agora com licença. — Saio rapidamente de perto dele, batendo o portão da minha casa em seguida.

Respiro forte e entro.

Me jogo no sofá e imagens quentes da noite de hoje me preenche, meus pensamentos se misturam com o que Juca falou, com o que eu vi na boate e com o que eu vivi com Rick. O que eu sou pra ele afinal?

[...]

DIA SEGUINTE

Acordo com uma baita dor de cabeça. Não devia ter bebido!

— Minha filha, já busquei pão quentinho e fiz um café bem forte. — Minha mãe avisa dando um aperto em minha mão. Anuo com um sorriso no rosto, porém sonolenta.

— Obrigada, mãe. Vou me arrumar e já venho tomar café. — Ela concorda animadamente enquanto parece que eu apanhei a noite toda.

[...]

Finalmente arrumada, me sinto um pouco melhor depois do comprimido. Tomo meu café apressadamente.

— Então filha, como foi a noitada de ontem? — Mordo um pedaço de pão e rapidamente o engulo com um pouco de café.

— Ah, foi boa! — Dou de ombros e ela arqueia a sobrancelha.

— Voltou para casa com o Nando? — Franzo o cenho.

— Mãe! Já disse a senhora para esquecer essa história entre mim e Nando. Não tem mais volta. — Minha mãe anui com tristeza.

— Ele é um rapaz tão bom, filha. — Reviro os olhos.

— Como amigo sim, mas como namorado esquece! Olha, vamos mudar de assunto. Já mandei mensagem ao senhor Djalma. Ele virá aqui pegar as medidas da nossa casa. Finalmente vou poder reformar esse barraco! — Mudo de assunto para minha mãe não ficar insistindo nessa ideia maluca com Nando. Vejo seu semblante mudar para animação e felicidade.

— Filha! Não acha que é cedo? Você mal começou nessa empresa nova. — Sorrio a tranquilizando.

— Ah mãe, não sei porque, mas me sinto muito segura lá. O senhor Leblanc é uma ótima pessoa! Parece que tive uma conexão surreal com ele. Nem acredito que tenho um excelente chefe! — De repente, vejo a caneca cair da mão da minha mãe e derramar todo na mesa. Eu a encaro assustada e vejo seu rosto mais pálido que já é.

— MAMÃE! — A grito e ela parece perdida.

— A caneca deslizou da minha mão. — Minha mãe responde agora com um tom sério.

— Nossa! Que desastre! — Respondo me levantando da cadeira antes que me molhe.

— Realmente é um enorme desastre. Filha. Tem certeza que esse chefe é tão bom pra você? — Franzo o cenho sem entender enquanto ajudo a minha mãe a retirar as coisas da pequena mesa.

— Claro que é! Ele... sempre me tratou super bem com o maior respeito. Por que, mãe? — Pergunto desconfiada. Ela suspira passando o pano úmido na mesinha.

— Eu tive uma amiga a muito tempo atrás que trabalhou pra essa família maldita. Nenhum deles prestam! Toma cuidado com essa gente, filha, se possível é melhor sair desse emprego! — Minha mãe responde temerosa e eu a encaro perplexa.

— Mãe? Pelo amor de Deus! A senhora tá nervosa a toa! O senhor Leblanc me trata super bem e além do mais é um emprego dos sonhos. Ganho bem e com todos os direitos, acho que nem em outra vida eu conseguiria outro igual. — Minha mãe pisca, retirando um fio branco da frente de seus olhos.

— Filha, eu posso voltar a costurar, nós vamos sobreviver. Eu não quero que nada de ruim aconteça com você. — Eu suspirei e me aproximei dela a abraçando.

— Mãe, presta atenção... eu já sou crescidinha. Sei me cuidar e além do mais, eu quero dar pelo menos uma casa decente pra senhora. A senhora já trabalhou muito nessa vida para que não passássemos forme. Agora chegou a minha vez de cuidar da senhora, tá bom? — Ela assente com o olhar perdido e eu beijo sua testa.

— Agora fica tranquila. Preciso ir senão perco o ônibus. — Corro até o sofá apanhando a bolsa e saio de casa.

Minha mãe de repente ficou paranoica por uma coisa que não aconteceu com ela... As vezes ela é super protetora...

[...]

Chego na construtora animada. Ponho minha bolsa dentro do armário, e ligo o computador.

Respiro fundo sentindo o aroma do café que acabei de pegar na máquina. Ouço batidas na porta e peço que entre. Será que o senhor Leblanc chegou cedo?

— Pode entrar! — A porta se abre e revela Juca, ele sorri quando seus olhos encontram os meus e se aproxima. Seu perfume invade toda a minha sala.

— Olha! Quem está aqui! — Digo animada e ele senta na poltrona a frente da mesa.

— Pois é! Vim ver com meus próprios olhos. — Franzo o cenho ajeitando a lapela do blazer e sorrio para ele sem entender.

— O que?

— Se você é linda até pela manhã, e acredite, estou ainda mais encantado. — Meneio a cabeça e tomo um pequeno gole de café para ganhar tempo.

— Ah Juca! Me fazendo rir pela manhã! — Ele anui.

— Na verdade, vim te convidar para almoçar comigo aqui perto. — Arqueio a sobrancelha e ajeito o cabelo atrás da orelha.

— Olha Juca, é que... eu sempre peço prato feito que sai mais barato. Estamos na zona sul da cidade e sendo bem sincera, não tenho dinheiro pra ir nesses restaurantes chiques daqui não. — Ele sorri animado.

— Não se preocupe, o almoço é por minha conta.

— Ah, nem pensar! Não quero que pense que falei isso pra você pagar meu almoço não. — Aviso e ele suspira ajeitando a gola da camisa social.

— Vamos fazer o seguinte, dessa vez é por minha conta e no inicio do mês é por sua conta. O que acha? — Reviro os olhos, dando uma longa suspira e assinto.

— Tudo bem. Você venceu. Almoçamos então. — Ele se levanta entusiasmado.

— Combinado. Passo aqui ao meio dia para almoçarmos juntos. — Juca pisca para mim e eu sorrio meneando a cabeça.

Logo ele se retira me deixando trabalhar. Bom, pelo menos o amigo do idiota do Rick parece ser mais jovial que ele! 

A Carona do Prazer - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora