Capítulo 30

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RICK

Tomo mais uma dose de whisky encarando as ondas do mar quebrando ao longe e Juca cruza os braços me encarando.

— Quer dizer então que a Lua acabou descobrindo que você não é pobre. — Assinto me sentindo um babaca.

— Sim.

— Aproveitou para contar a ela que seu nome não é Erick e sim Henrique? E que você é filho de Branca e Bernardo Leblanc e está de casamento marcado pra daqui a alguns meses? — Bufo irritado acendendo o cigarro.

— Eu queria contar tudo, mas não consegui! Quando a vi ficando chateada, alterada e com os olhos brilhando de decepção, eu me acovardei. — Juca meneia a cabeça.

— E agora? — Dou uma tragada no cigarro e olho para meu amigo.

— Sinceramente eu tô pensando em terminar com a Bela, mandar esse casamento pro ar e assumir a Lua. — Juca ri zombeteiro.

— Como se você realmente fizesse isso. Rick a sua mãe te domina, ela jamais aceitaria uma garota do subúrbio na família Leblanc. Você perderia seu apoio financeiro porque com certeza a dona Branca sabe que esse é o seu ponto fraco.

— Merda, eu não sei o que fazer!

— Você tem duas opões, meu amigo. Enfrentar a família Leblanc e sua mãe, começar a criar independência financeira para viver com a Lua, ou... deixa-la de vez.

— Eu tô fodido. Eu acho que estou gostando dessa mulher mais do que deveria. — Juca sorri.

— Só agora você se deu conta disso? Olha meu amigo, você foi capaz de viver um dia de pobre, frequentar tal de pagodão do varandão, comer hamburguer de esquina de rua e ainda alugar um apartamento humilde... você está completamente fodido de paixão por ela. Agora é saber o que pesa mais para você, perder a Lua, ou perder a vida boa que o dinheiro te oferece. — Deslizo a mão pelo meu cabelo e fecho os olhos.

— A Lua eu acho que já perdi.

— Perdeu não, amigo. Ela só tá chateada até porque ela só descobriu a ponta do Iceberg. — Assinto terminando de tomar mais uma dose de whisky e dar um trago em meu cigarro.

— Preciso ir pra casa e pensar nessa merda toda. Pior que foi a melhor noite que eu tive com ela, só eu e ela... ela se entregando a mim com paixão... que porra! — Bufo, revoltado comigo mesmo.

— É meu amigo, sua situação não está muito favorável, vá para casa, reflita e pensa bem no que vai fazer, qualquer que seja a sua escolha, terá uma consequência. — Assinto e me levanto da cadeira, deixando Juca sozinho na orla.

Ele estava certo, eu tenho duas decisões em minhas mãos e confesso que eu tinha medo das duas coisas: De perder os momentos bons ao lado de Lua, e de ficar pobre sem poder ter a boa vida que eu levo...

[...]

Chego em casa e tudo está em silencio. Observo a sala diante dos meus olhos e começo a lembrar da sala de Lua. O sofá surrado, o chão grosso de concreto, a porta e janela enferrujada... nada comparado ao luxo que eu tenho.

Ouço barulho vindo do escritório e franzo o cenho. Caminho lentamente até lá e vejo que a porta está entreaberta.

— Eu preciso que faça isso o mais urgente o possível! Sim, sim. Isso. — Ouço a voz do velho e percebo que ele está ao telefone.

— Eu ainda não tive coragem de contar pra eles sobre isso. Uma hora eu vou ter que assumir a Luana. — Franzo o cenho tentando entender o que a Lua tem a ver com isso.

— Oh sim, eu quero que faça toda a documentação. Eu acho que não vou ter muito tempo até lá. A Luana significa o mundo pra mim. Eu estou cada vez mais admirado com ela e percebo o quanto ela se tornou especial... não é para menos! — Eu não posso acreditar nessa porra!

Meu pai realmente tem um caso com a Lua e está apaixonado por ela! O pior que eu achei que ela estaria só comigo... me enganou direitinho e ainda se fez de sonsa dizendo que eu estou a enganando também!

Sem mais, entro no escritório e o velho me encara.

— Tenho que desligar. Nos falamos mais tarde. — Ele desliga a chamada e me encara.

— O que quer?

— Então a Luana é sua amante, pai? Até quando vai continuar escondendo isso de nós? — O velho me encara em silencio e bate a mão na mesa.

— Eu não te devo explicações de nada, seu moleque! — Sorrio perplexo.

— Ah deve sim, o senhor e casado com a minha mãe e tá tendo um caso com a sua secretária! — Vocifero com raiva e ciúme de imaginar Lua se sujeitando ao meu pai por dinheiro.

— Já chega! Eu já avisei que não permito que fale assim comigo! Eu mereço respeito, sou seu pai!

— O que está acontecendo aqui? — Minha grita entrando no escritório do meu pai e eu o encaro furioso.

— Eu peguei o velho falando não sei com quem que uma hora vai ter que assumir a secretariazinha dele e que ainda não tinha coragem de contar pra gente. Veja só mãe, o seu marido está fodendo com a secretária! — Eu grito e o velho parece ficar pálido. Ele cambaleia colocando a mão no peito.

— Isso então é verdade, Bernardo? Você realmente está de caso com a secretária e o pior, quer se separar de mim, pra viver com essa vadiazinha?

— Saem daqui os dois, agora! — Ele grita com a mão no peito.

— Eu quero que saiba que não é só você que tá se divertindo com a secretária não! Eu também estou com ela a um bom tempo! — Minha mãe me encara horrorizada.

— Que isso filho? Você de caso com uma mulher de quinta daquelas? — Minha vontade é de jogar tudo pro ar de ódio, raiva, ciúme e despeito.

— Me deixa em paz! — O velho grita e cai sobre a mesa desmaiado.

Eu arregalo os olhos e mamãe corre até ele.

— Bernardo! Bernardo! Henrique faz alguma coisa, seu pai tá morrendo! — Meu coração acelerou e eu prendi a respiração vendo o velho desmaiado a minha frente.

Corri até ele e vi que sua pulsação estava caindo. Merda! Hoje definitivamente não era meu dia.

Rapidamente liguei para o numero do hospital para que mandassem uma ambulância. O remorso começava a me consumir. Eu discuti com meu pai por ciúmes de Lua. Que inferno minha vida estava se tornando! Por que eu cai nessa de me apaixonar por essa mulher que desde que entrou na minha vida, só tem bagunçado a minha mente? 

A Carona do Prazer - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora