Capítulo 21

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Depois de horas de trabalho, finalmente a hora do almoço e como esperado, Juca está na minha sala me aguardando.

— Então vamos? — Assinto apanhando a bolsa e jogando o crachá dentro.

— Qual o restaurante. — Juca sorri enquanto caminhamos para o elevador.

— Ele é especializado em massas, fica praticamente de frente para o mar... nem perguntei seu gosta de massar! — Juca fica apreensivo.

— É claro que eu gosto! — Respondo, batendo meu ombro sobre ele.

— Ufa!

[...]

Chegamos no tal restaurante e posso dizer que realmente é pra quem pode. Juca me guia pelas costas até uma mesa que tenha como admirar o mar.

— Vamos sentar aqui. — Ele puxa uma cadeira, e eu me sento o agradecendo.

Juca se senta em seguida pegando o cardápio. Eu faço o mesmo e quase caio pra trás olhando os preços. Com um aceno de mão, Juca chama um garçom que prontamente vem nos atender.

— Boa tarde senhores. Posso ajudar?

— Hum... sim, eu vou querer esse spaghettis en sauce blanche aux crevettes e para beber, uma taça de vinho chardonay. — O garçom anota o pedido e se vira para mim. Eu sinceramente não entendo nada do que tá escrito só entendi o tal espaguete, pra não ter erro, decido pedir o mesmo.

— Boa tarde, eu quero o mesmo do dele. — O garçom anui com um sorriso anotando o pedido e se retirando rapidamente.

— Então, linda. Gostando de trabalhar na construtora?

— Ah, claro. Nesse pouco tempo de trabalho, eu já me identifiquei com algo que eu gosto. — Juca parece interessado em saber.

— Diga?

— Paisagista residencial! — Juca assente.

— Nossa! Perfeito, o senhor Leblanc deve ter gostado de saber. Ele adora ver empenho de seus funcionários. — Anuo empolgada.

— Verdade! Inclusive ele disse que ia pagar meus estudos se eu quisesse fazer arquitetura ou engenharia. — Juca fica boquiaberto, mas nada diz.

Eu suspiro o encarando e lembrando de Rick... mordo o lábio e não consigo me segurar.

— Juca, o seu amigo Rick é sempre assim? — Ele arqueia a sobrancelha sem entender.

— Assim como?

— Sei lá, ele parece bem... misterioso. Mal da um sorriso, diferente de você. — Juca sorri parecendo satisfeito com meu comentário sobre ele.

— O Rick sempre foi mais sério que eu, desde criança. — Balanço a cabeça e antes que eu diga algo mais, nossos pedidos chegam a nossa mesa.

Encaro o prato e vejo a quantidade de comida.

— Deus! — Falo em voz alta e Juca me encara confuso, ajeitando os talheres.

— Que foi Lua?

— Vocês não passam fome comendo só isso? Ai desculpa, falei demais e fui mal educada né? Você me convidou para almoçar e eu aqui reclamando da comida. — Reviro os olhos chateada e Juca sorri largamente.

— Você está certa, Lua. Isso aqui é pouca comida, mas é porque pedimos apenas o prato principal. Tem a entrada principal e a sobremesa no final. Se quiser fique a vontade, eu posso pedir uma entrada. — Fico sem jeito de ele achar que tô exigindo demais e nego.

— Não se preocupe. Isso é o suficiente, depois eu faço um pequeno lanche lá na empresa. — Dou de ombros e começo a saborear a comida que apesar de pouca, realmente é deliciosa.

[...]

O almoço com Juca realmente foi leve, ele não ficou dando em cima de mim como eu pensei que seria. O que? Eu conheço a lábia desses homens. Levam pro almoço, levam pro jantar e daqui a pouco quer levar pra cama...

— Pena que a hora passou voando e temos que voltar para o serviço. Gostou do almoço? — Juca pergunta com um olhar ansioso e eu assinto.

— Claro! Mas qualquer hora eu vou te mostrar o que é comida de verdade e vou te levar aonde eu costumo almoçar quando sobra um dinheirinho. — Pisco para ele que cai na risada se divertindo comigo.

Saímos da mesa e Juca me guia novamente com a mão nas minhas costas, até que meu coração quase para quando o vejo bem na minha frente.

Rick me encara desviando seu olhar para Juca. Eu olho de Rick para Juca e posso perceber a tensão estranha entre os dois.

— Boa tarde, Rick. — Juca abre um sorriso de lado e Rick permanece sério.

— Não sabia que estavam tão íntimos. — Rick responde sem cumprimentar.

— Rick... — Eu começo, mas Juca põe a mão sobre meu ombro me fazendo calar.

— Pensei que sabia, eu estou trabalhando na Leblanc construtora. Eu e a Lua, nos veremos com frequência agora. Não é Lua? — Juca pergunta a mim sem tirar os olhos de Rick. Eu apenas respondo com um aceno de cabeça.

— Temos que conversar sobre isso, Juca. — Eu franzo o cenho, me irritando com a cena patética de dois homens de quase dois metros trocando olhares conflitantes.

— Olha, eu preciso voltar ao serviço. Tenho que ir.

RICK

Encaro a baixinha na minha frente que parece começar a se irritar e eu a seguro.

— Lua...

— Rick, por favor. Preciso ir. — Ela solta minha mão do braço dela.

— Lua, me aguarde eu vou te levar! — Juca avisa e ela assente.

— Vou te esperar lá fora. — Então ela sai. Volto a encarar o meu amigo que me encara de volta.

— Que porra é essa, Juca? — Ele suspira pousando as mãos sobre a cintura.

— O que? Está irritadinho porque eu chamei a sua presa para um almoço? — Coço a barba irritado.

— Eu espero que mantenha o nosso código de respeito. A Lua é minha e você está ciente disso. — Juca sorri meneando a cabeça me irritando ainda mais.

— Por favor, Rick. Nós dois sabemos que a Lua não é sua, você está com um casamento marcado. Ela sabe disso? — Meu sangue começa a esquentar e eu cerro os punhos de raiva.

— Eu espero que não! A Lua não sabe de nada da minha vida. Espero que mantenha a boca fechada. — Juca parece abismado comigo.

— E quando pretende contar? Não acha que a Lua merece saber que você é o filho do dono da construtora e que está prestes a se casar e assumir esse império. — Fecho os olhos, irritado e sopro o ar.

— Eu sei! Eu ainda não sei como vou falar... sinceramente não sei se quero. — Juca dá um sorriso falso, dando leves tapas em meu ombro.

— Conselho de amigo, se você quer o perdão da Lua, conte a ela logo quem você é e o que irá fazer. Ela não merece o que você está fazendo e... pelo pouco que conversei com ela, é uma mulher valiosa que não merece ser tratada como você trata. Agora com licença. Tenho que voltar ao trabalho. — Juca se retira me deixando sozinho, parado em pé no meio do restaurante e pensativo com as suas palavras.

Ele está certo, eu preciso contar tudo a ela, antes que venha tudo à tona...

A Carona do Prazer - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora