Entro na sala de reunião prendendo a respiração ao vê-la tão cheia com pessoas importantes e veteranas. Meu olhar cai em Rick que me encara como se estivesse admirado ao me ver. Eu desvio meu olhar do dele. O senhor Lage me encara me encorajando e se senta em sua poltrona. Eu aceno com a cabeça e com um suspiro forte, eu cumprimento a todos me sentando inseguramente na poltrona que agora pertence a mim:
— Bom dia a todos. — Todos exclamam bom dia e eu me sinto minúscula naquela sala cheia de homens e mulheres poderosos.
— Quero agradecer a cada um que está presente nessa reunião e óbvio, todo já sabem que eu sou filha do saudoso senhor Leblanc e... fiquei tão surpresa quanto a vocês, confesso. — Digo incerta. Um homem alto me encara de forma zombeteira como se eu fosse uma piada e o nervosismo volta a tomar conta de mim. Respiro forte novamente sentindo a pressão psicológica e decido assumir o controle. Não quero mais viajar e sim manter o legado.
— Hoje assumo a responsabilidade de CEO da construtora Leblanc e peço paciência a todos. Farei uma reunião de um a um para que eu fique por dentro de tudo... Inclusive andei estudando a proposta do senhor Leblanc em unificar a empresa em construtora, incorporadora e empreiteira. Acho que conseguiremos isso. — Ouço vozes vindo de todos os lados, eu me sinto acuada e Rick suspira ajeitando a gravata que parece incomoda-lo.
— Silêncio, senhores. A senhorita... Leblanc precisa concluir sua fala. — Rick toma a frente me encarando de forma compreensiva e apesar de tudo, eu o agradeço com o olhar. Me assusto quando vejo um par de olhos ferozes me encarando. O mesmo homem que estava rindo de mim quando entrei...
— Sinceramente eu conversei com o Leblanc e disse a ele que esse projeto é insano e pode acabar nos falindo. — O homem diz batendo na mesa e eu suspiro. Não vou deixar esse babaca falando alto comigo.
— Eu entendo, é compreensível sua linha de raciocínio, mas acho que o que faz uma empresa crescer é o seu desejo de ambição em expandir e alavancar. Obviamente que começaremos aos poucos para não sofrermos tanto impacto. À medida que a ideia for dando certo, nós iremos avançando. — Todos fazem silencio e vejo varias pessoas me olhando com admiração. Menos o homem que discutiu comigo.
— Sendo assim, acredito que a senhorita Leblanc tem razão. Nós podemos e conseguimos. — Uma mulher de meia idade responde eu olho seu crachá e vejo que é a gestora de vendas. Ela sorri para mim com sororidade no olhar e eu sorrio de volta em alivio.
— Faremos uma reunião com os acionistas quanto a isso. — O gestor geral avisa e eu assinto.
— Sim, faremos isso. — Respondo e todos concordam. Um outro senhor levanta a mão.
— Pois não, senhor Lima?
— Sobre os nossos cargos e a vaga de COO...? — Ele olha sem jeito para Rick que abaixa o olhar. Eu mordo o lábio e respiro forte.
— Bom, o senhor Almeida terá um prazo de uma semana para se decidir o que deseja e... se ele declinar da oferta, eu verei o que faremos. Quanto aos cargos de vocês, eu manterei no mesmo formato. Era assim que o senh... o meu pai desejava. — Todos concordam. Rick permanece em silencio.
A reunião se estende com a cúpula e aos poucos o meu nervosismo vai passando. Talvez minha mãe esteja certa e a alma de administrar uma empresa, corre em minhas veias...
[...]
A reunião termina em sucesso, apesar de 3 ou 4 discordarem da decisão do meu falecido pai em me deixar como a CEO da empresa.
Apanho minha bolsa do lado da cadeira para sair da sala de reunião e assim entrar na minha nova sala quando ouço Rick me chamar:
— Lua... — Sinto meu coração disparar e tento recuperar os sentidos me virando para ele.
— Luana para você. — Digo a ele friamente e ele apenas assente mantendo seu olhar preso ao meu.
— Precisamos conversar... a respeito da construtora, é claro. — O observo em silencio. Seu olhar está impassível. Eu anuo.
— Certo, o que pretende? — Ele suspira coçando a nuca.
— Vamos nos sentar novamente... — Mordo o lábio e assinto me sentando novamente e ele se senta ao meu lado. Confesso que estar tão próximo a ele, não parece facilitar as coisas.
— Pode falar...
— É sobre o cargo de COO. — Franzo o cenho. Sentindo meu coração apertar. Ainda não estou preparada para ver Rick casado e fazendo a vida com outra mulher.
— Já tem a resposta? — Pergunto usando um tom firme, para não transparecer minha angustia. Ele assente.
— Sim. Eu vou declinar da oferta. — Dessa vez eu o encaro sendo tomada pelo alivio e exasperação.
— Você não vai se casar? Digo... não vai querer ser o COO? — Ele meneia a cabeça.
— Não. Eu não acho justo um cargo de confiança para mim, quando eu sou o menos despreparado nisso e não mereço algo grandioso por agora. E também não quero fazer as coisas apenas para ter grana, status e conforto. Eu perdi parte do tempo da minha vida correndo atrás do caminho mais fácil para ser apenas um cara que vive às custas do dinheiro da família. Além do mais... isso me custou perder você. — Ele diz baixo com o olhar triste e profundo. Eu engulo o ar tentando não demonstrar o alivio em saber que ele desistiu do casamento para receber um salário alto e se tornar um cara comum. Pigarreio decidida a cortar o assunto sobre nós dois.
— Bom, sendo assim... temos que estudar uma vaga para você. — Digo mudando o rumo da conversa para o emprego dele. Ele dá um pequeno sorriso sem mostrar os dentes concordando.
— Apesar de ser um vagabundo, segundo uma ex namorada minha disse, eu tenho em meu currículo administração e arquitetura. — Arqueio a sobrancelha lembrando de que por algumas vezes eu o insultei sem saber que ele era o tal filho rebelde do senhor Leblanc, meu pai.
— Concluiu as duas? — Ele nega.
— Não. Achei uma chatice e desisti a metade do curso das duas. — Assinto comprimindo os lábios. Claro, ele é um verdadeiro desinteressado em coisas serias.
— Certo. Eu... — Respiro fundo pensando em algo.
— Como ainda me sinto leiga aqui, eu posso te oferecer uma vaga de assistente, o que acha? — Pergunto segurando a emoção apreensiva e ele sorri de um jeito malditamente sexy.
— Isso quer dizer que eu trabalharia para você como... seu assistente pessoal? — Ele diz correndo os olhos pelo meu decote e voltando a encarar meus olhos. Eu me encolho já me arrependendo da decisão.
— É o que eu posso oferecer no momento, pois o diretor de R.H disse que no momento já estamos com a equipe completa em todos os setores, sendo assim... posso oferecer a vaga que era minha. — Digo dando de ombros e ele abre um sorriso enorme como se tivesse ganhado um prêmio.
— Pra mim está perfeito. Melhor impossível, senhorita Luana. — Merda... esse tom de voz provocante. Seja forte Lua!
— Ótimo. Você começa a partir de amanhã. Poderá se acomodar na minha antiga sala. — Ele assente.
— Perfeito. Como quiser. — Ele pisca e eu desvio o olhar dos seus efeitos de sedução.
— Até amanhã então, senhor Almeida. — Ele estende a mão para eu apertar, mas eu apenas o encaro e ele sorri.
— Certo. Até amanhã, chefe. — Respiro forte sorvando o ar e saio feito bala da sala.
Se ele pensa que trabalhando diretamente comigo irá facilitar seu caminho para algo, ele está muito enganado...
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A Carona do Prazer - Completa
ChickLitLuana Castro ou Lua como os amigos costumam chamá-la, uma moça humilde criada por sua mãe batalhadora, aprendeu desde criança a lutar para sobreviver. Nada dá muito certo pra ela, até que a sua vida muda de uma forma completamente insana com uma...