Capítulo 35

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RICK

Estou bebendo a horas e já perdi a noção do horário. A única coisa que eu fiz foi ter ligado para o Juca me encontrar, eu estou tão ruim que não consigo sequer dirigir o carro.

— Cara você enlouqueceu? — Juca se senta a minha mesa encarando meu olhar de desgosto enquanto eu encho mais uma vez meu copo com whisky.

— Eu tô fodido. A Lua me odeia e por culpa minha. — Acendo outro cigarro e Juca bufa.

— Eu avisei que isso ia acabar acontecendo. Você não me escutou... agora chega de beber, seu pai está entre a vida e a morte no hospital, você não deveria estar aqui.

— Por que você quer bancar o certinho sempre hein? Dá um tempo. — Resmungo com a voz arrastada. Juca rola os olhos.

— Vamos embora. Já chega de beber por hoje. — Juca paga a minha conta e me guia até seu carro me empurrando para o banco do carona.

Ele guia o carro até minha casa.

— Você levou a Lua pra casa, como ela está?

— Como você imagina que ela esteja? — Abaixo o olhar apertando as mãos.

— Eu tenho medo. — Juca me encara e eu engulo seco.

— Medo do que?

— De que ela se apaixone por você. Medo de perder o sentimento que ela tem por mim. Merda! Eu me apaixonei pela Lua. — Fecho os olhos jogando a cabeça contra o banco.

Juca nada responde.

— Eu sei que você está gostando dela também. Admita. — O pego de surpresa.

— Você está bêbado, Rick. Precisa de um bom banho, remédios, água com gás e dormir. Já está tarde da noite.

— Tá vendo? Você não disse que sim e nem que não. — Juca sorri.

— Nós temos um código, meu amigo. A Lua não é mais sua namorada, mas você gosta dela então se torna zona proibida para mim.

— Um código que é fácil de quebrar se tratando da Lua. — Juca suspira.

— Olha, chegamos. Vem, vou te ajudar a ir pra casa.

Juca então me ajuda a sair do seu carro e eu cambaleio vendo tudo girar, não me lembro de ter tomado um porre tão forte assim antes. Minha vida havia desmoronado, meu pai quase morto e a mulher que eu me apaixonei está decepcionada comigo e não quer me ver nunca mais.

DIA SEGUINTE

LUA

Termino de me arrumar contra gosto. Única coisa que me anima é que hoje é dia do pagamento... Fora isso, zero animo de ir trabalhar.

— Filha, tem certeza que vai para a construtora? — Minha mãe pergunta receosa.

— Tenho sim, mamãe. Não posso parar, afinal, as contas vencem e a comida acaba. Não se preocupe, eu vou ficar bem e além do mais... ninguém saberá que eu sou filha do senhor Leblanc. — Respondo com indiferença, remoendo as coisas que minha mãe passou nas mãos dele e de sua família.

— Tudo bem então... qualquer coisa você volta pra casa e deixa tudo pra lá. — Assinto e minha mãe beija meu rosto.

Saio de casa sentindo um aperto no peito. Senti que as coisas hoje não sairiam tão bem como tentei demonstrar para a minha mãe.

Chego na construtora e encaro a minha mesa. Suspiro ajeitando o cabelo em minha testa. O homem que abriu as portas para mim é o meu pai, o mesmo que está quase morto no hospital. O pai de Rick...

Meus olhos lacrimejam e uma lagrima cai. Ouço alguém bater a minha porta e rapidamente seco a lagrima em meu rosto.

— Pode entrar! — Aviso indo em direção a minha mesa. A porta se abre revelando Juca. Ele se aproxima com um semblante preocupado.

— Bom dia Lua, vim apenas ver como você está depois de ontem... — Mordo o lábio.

— Uma bagunça completa. Mas tentando me manter firme... — Ele assente.

— Sei que não deveria, mas... ontem a noite fui obrigado a buscar o Rick num bar. Ele estava tão bêbado que mal podia ficar em pe sozinho. — Dou de ombros fingindo ser indiferente.

— Só... me responde uma coisa, o Rick... ele tem quantos anos? — Juca franze o cenho intrigado.

— Você era namorada dele, ele nunca te disse? — Assinto me erguendo da poltrona e caminho até o meio da sala.

— Disse, mas... como vou acreditar depois de tantas mentiras? — Juca anui.

— Você está certa, mas o Rick tem 25 anos. Faz 26 em novembro. — Assinto com alivio e meus ombros relaxam. Graças a Deus ele não é o meu irmão.

— Obrigada por isso. Pelo menos nisso ele não mentiu. — Juca assente sem jeito.

— O que acha de almoçarmos juntos?

— Sinceramente? Eu não sei... minha cabeça tá tão anuviada que me faz perder a fome. — Juca franze o cenho em preocupação e irritação ao mesmo tempo.

— O que? Não, nada disso! Você vai comer sim. Não deve ficar com fome... — Rolo os olhos soltando um pequeno sorriso.

— Tudo bem, você venceu...

— Ótimo! Até mais tarde então! — Ele pisca acariciando meu braço e eu sorrio para ele. Juca sai da minha sala fechando a porta em seguida.

Eu fecho os olhos sentindo a tristeza e angustia me dominar. Triste por tudo, por Rick, por saber como foi a vida da minha mãe por minha causa, por saber como meu pai foi um covarde com ela, e por saber que nossa conversa sincera entre pai e filha pode não acontecer...

[...]

Hora do almoço e como era de se esperar, desço com Juca para almoçar. Mas assim que saímos do elevador direto para a garagem, vejo ele... o único que eu não queria ver na minha frente.

— Lua... vamos conversar...? — Ele pergunta hesitante com uns óculos escuros escondendo seus olhos. Juca me encara preocupado, e eu suspiro exasperada.

— O que está fazendo aqui? Eu já não te falei que não quero saber de você?

— Eu sei. Mas você precisa me escutar.

— Rick, nada que você disser, eu vou acreditar. Você mentiu pra mim o tempo inteiro. Eu não quero saber nada do que você quer falar. Pra mim tudo não vai passar de uma mentira como todas as outras. — Rick apenas engole a seco sem nada dizer. Juca permanece ao meu lado parecendo desconfortável com a nossa pequena discussão.

— Eu estou destruído... Estou prestes a perder meu pai por minha culpa, e ainda perdi a mulher... a mulher que trouxe sentimentos a minha vida. — Rick responde baixo com a cabeça abaixada. O telefone de Rick toca insistentemente, mas ele parece ignorar.

— Lamento. Eu também tô destruída e você nem imagina o quanto. Juca, vamos? — Juca apenas assente. Quando estou prestes a sair, ouço Rick atender o celular em estado de choque.

— Como assim, meu pai faleceu? Isso é mentira, mãe! — Eu paro de caminhar e volto meu olhar a Rick que desaba encostando no carro, retirando seus óculos escuros e revelando seus olhos cheios de olheiras. Juca me encara.

— Lua... eu preciso ajudar o meu amigo. Me perdoa. — Seu semblante é tomado pela tristeza, assim como o meu. O homem que eu acabei de descobrir ser o meu pai, faleceu...



N/A: É meus amores, segurem a emoção que vem muito mais por aí... E agora hein? Como ficará a vida de Lua e Rick? Algum palpite? 

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