Capítulo 48

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Quando entro no escritório, eu tomo um susto. Vejo Juca encostado sobre a minha mesa de braços cruzados.

— Ah, que susto! — Coloco a mão no peito e Juca me encara, curioso.

— Desculpa! Eu vim falar com você, mas não te vi na sala, fiquei esperando uns cinco minutos... chegou agora? — Assinto colocando minha bolsa no armário e ajeito o cabelo nervosamente, como se estivesse sido pega.

— Lua? Você tá agitada, aconteceu alguma coisa? — Respiro fundo e coço o pescoço.

— Juca, você tem o cartão daquela boate... especifica? — Juca aperta o olhar, me analisando.

— Que boate? Você está dizendo...

— Essa mesma! Se puder me passar o número. — Ele parece ainda mais curioso.

— Eu não tô entendendo, pra que você quer esse número? — Reviro os olhos impaciente.

— Ah, Juca! Assunto meu, ora! — Ele parece surpreso e eu me aproximo e acaricio seu braço.

— Desculpa, eu tô... acelerada hoje. Mas enfim, eu quero fazer parte do club. — Juca fica boquiaberto.

— Você?

— Sim, Juca! Quero poder ser eu, me liberar sem sentir culpa e nem sentimento. — Ele acena lentamente, ainda confuso.

— Certo, vou te enviar o numero e o cartão de convite. Se quiser nós podemos ir juntos... — Assinto.

— Perfeito. Quem sabe? Agora deixa eu me concentrar no trabalho porque eu não vou voltar após o almoço. Vou acompanhar a minha mãe e a Monique para conhecermos a casa que minha mãe escolheu.

— Tudo bem... — Juca dá um sorriso estranho e começa a caminhar para fora da minha sala.

— Juca? O que veio fazer aqui mesmo? — Ele meneia a cabeça.

— Nada de importante, na verdade, eu ia te convidar para almoçar, mas já que tem outros planos.

— Podemos jantar... — Seu olhar se ilumina.

— Que horas?

— As 20:30. — Ele assente.

— Perfeito! Até mais tarde. — Ele pisca e sai. Me jogo na minha poltrona com tudo e ergo a cabeça.

Preciso manter a mente no trabalho e colocar uma pedra no que aconteceu hoje!

[...]

— Que piscinão! Imagino altos churrascos aqui. — Monique brinca empolgada enquanto caminhamos à beira da piscina.

A mansão que minha mãe escolheu é perfeita. Tem ótimas seis suítes com seus próprios closets, dois banheiros, sala de jantar, sala de estar, sala de televisão, escritório, cozinha enorme e quarto de empregada. Garagem para até seis carros, uma enorme piscina com Jacuzzi integrada, um amplo jardim na frente e atrás (aonde dona Márcia já avisou que vai fazer adaptações para as hortas dela.)

— Pra mim, o que a senhora decidir, eu aceito. — Ela olha ao redor com um sorriso imenso.

— Pra mim tá perfeito, filha! Adorei tudo aqui! — Sorrio para ela. O corretor nos encara com apreensão e esperança.

— E então? O que acharam? Temos outras opções também, se precisarem. — Sorrio para ele.

— Não se preocupe. Nós já consultamos onze imóveis e a que a minha mãe mais se encantou, foi esse aqui. Nós iremos ficar com essa casa. Minha mãe adorou, então quero realizar a vontade dela! — O corretor sorri de orelha a orelha.

— Muito bem! Vamos a imobiliária fazer todo o processo de compra e venda.

— Vou ligar para o meu advogado nos encontrar lá. — Ele assente enquanto caminhamos para fora do imóvel. Obvio que eu não ia entrar nessa sem uma pessoa que entenda de lei. Afinal, essa mansão custa uns milhões e eu não correria o risco de perder uma grana enorme dessa.

— Sua mãe é sortuda em ter uma filha como você, na maioria dos casos, os desejos dos filhos que compram o imóvel, sempre vêm em primeiro. — O encaro com um sorriso simpático.

— Eu agradeço. Ela merece tudo isso e muito mais. — O corretor sorri. Monique entrelaça o braço no meu enquanto caminhamos.

— Você viu que maravilha? Cada quarto do tamanho da nossa casa e ainda com sacada! — Ela fica maravilhada.

— Já escolheu o seu? — Ela fica sem jeito.

— Ai amiga, eu não sei, não quero incomodar... — Reviro os olhos.

— Monique, por favor! Essa casa é enorme e você sabe que não me incomoda em absolutamente nada, e minha mãe ama a sua companhia. Ela não vai se sentir sozinha, até porque o seu trabalho é bem mais flexível que o meu. — Monique assente.

— Sendo assim...! — Ela sorri e dá um gritinho de animação. Eu meneio a cabeça sorrindo e sem acreditar que hoje tenho grana pra morar aonde eu quiser aqui....

[...]

Após cuidar de toda a documentação com o advogado e o corretor, viemos para a nossa antiga casa. Teremos que ficar mais dois dias, porque temos que comprar os móveis e decorar a casa ainda.

Observo a hora e vejo que Juca já deve estar quase chegando.

— Mamãe, a decoradora irá encontrar você e a Monique para escolherem o detalhe da casa. Amanhã. — Minha mãe assente animada.

— Mas filha, você não vai participar? — Sorrio para ela me arrumando para o meu jantar com Juca.

— Não, mãe. Amanhã eu tenho duas reuniões. Mas não se preocupem, podem escolher o que quiserem, depois eu dou meus toques na casa. — A encaro animada, ajustando o vestido no corpo.

— Hum.... e vai toda linda assim pra aonde, posso saber? — Ela pergunta desconfiada enquanto eu afivelo a sandália.

— Eu vou jantar com o Juca. — Minha mãe parece um pouco confusa.

— Mas não é o Rick que dormiu aqui? — Suspiro ao lembrar da minha fraqueza pela manhã.

— Sim, mãe, mas é como eu falei. Não tenho nada com ele mais e nem pretendo ter. — Minha mãe se aproxima e alisa meu ombro me encarando com um sorriso carinhoso.

— Filha, presta atenção. Eu te conheço muito bem e sei que está apaixonada naquele moço. De tempo ao tempo, filha. Eu não acho justo você usar outro rapaz para fugir do que sente pelo Rick.

— Mãe, eu não posso mais me envolver com o Rick. Ele me fez mal.

— Eu compreendo que o que ele fez, não se faz. Mas vi nos olhos dele o arrependimento e o quanto ele também gosta de você. Eu acho que é questão de tempo até vocês reatarem.

— Nunca mais! — Respondo de imediato. Minha mãe suspira.

— Se a pessoa prova que se arrependeu de verdade, ela merece uma segunda chance, filha. Você gosta dele e ele de você. Não leve a mágoa para o coração, não passe o que eu passei. — Eu suspiro sem dizer nada. Meu celular vibra e vejo a mensagem de Juca me avisando que está me aguardando no portão.

— Bom, mãe, estou indo. Não fique preocupada se eu dormir fora. — Pisco para ela com um sorriso aliviado em mudar de assunto e ela assente em silencio.

— Cuidado na rua, filha! — Assinto dando tchau e saindo apressadamente daquela conversa com a minha mãe. 

A Carona do Prazer - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora