No dia seguinte, já me encontro na construtora, apenas aguardando a Lua chegar. Confesso que estou ansioso. Finalmente vou trabalhar com algo que eu gosto na verdade, bom, a verdade é que eu queria ser produtor musical, baixista ou violonista, mas se é para trabalhar como vendedor de instrumentos é a solução, então irei fazer isso.
— Bom dia. Já em minha sala tão cedo. Aconteceu alguma coisa? — Lua pergunta em tom profissional. Eu suspiro passando a mão pelo cabelo.
— Bom dia. Na verdade, vim pedir para que assine a minha baixa na construtora. — Seu olhar vagueia, mas ela assente.
— Está realmente decidido a sair fora. O que é? Percebeu que não é para o trabalho? — Sorrio para ela.
— Percebi que não sou pra isso. Aliás, eu sempre soube. Mas agora eu irei fazer algo que realmente gosto. —Ela arqueia a sobrancelha, apanha o contrato da minha mão e se volta para a sua mesa.
— Hum, posso saber o que se trata? — Ela pergunta enquanto lê.
— Vou abrir meu próprio negócio. Não posso ficar parado sem dinheiro. — Ela finalmente me encara parecendo surpresa, mas logo volta a sua postura de indiferente novamente.
— Certo. Só de ter a vantagem de ficar longe de você, eu assino isso com gosto. — Sorrio perplexo.
— Eu entendo que para você é difícil resistir a mim quando estamos tão perto, pode apostar, eu me sinto igual. Só que... acho melhor realmente me afastar, assim eu me acostumo mais rápido que te perdi para sempre. — Lua paralisa com a caneta sobre o contrato. Ela suspira e volta a assinar.
— Prontinho. Boa sorte em sua nova vida. — Assinto e apanho o contrato.
— Obrigado, Lua. Irei para o R.H agora levar isso. Adeus. — Ela apenas acena. Eu saio dali rapidamente. Ficar perto dela, só piora as coisas.
Quando chego no R.H Daniele aparece.
— Olá, Henrique! Bom dia! Já cedo trabalhando para a nossa chefe? — Sorrio para ela.
— Ah, não. Vim deixar isso. Eu estou me demitindo da construtora. — Ela arregala os olhos.
— Sério? Por que isso?
— Eu vou abrir meu próprio negócio. — Ela assente ajeitando a armação dos óculos.
— Ah, eu entendo. Sabe, queria falar com você sobre o nosso encontro no sábado. Me perdoe por ter te deixado na mão, mas você entende, né? — Sorrio para ela. Daniele é uma ótima pessoa e já percebi que ela ainda nutre sentimentos pelo ex marido, assim como eu nutro pela Lua.
— Não tem problema, Dani. Podemos remarcar... — Pisco para ela. Dani parece sem jeito.
— É que... esse final de semana eu conversei com o pai do meu filho, e nós...
— Resolveram reatar? Fico feliz por você, Dani. Pelo tempo que conversamos eu sabia que você ainda o amava. — Ela cora.
— Ai que vergonha! E eu crente que estava sendo convincente. Não que você não seja bonito, mas... esse negocio de sentimento é complicado.
— Eu entendo perfeitamente. Mas podemos marcar sim, como amigos, sem problema, pode levar seu marido. Eu odeio admitir, mas ando me sentindo muito sozinho até mesmo em amizade. — Engulo seco percebendo que depois de perder a herança do Leblanc, não me restou amigo nenhum ao não ser o Juca que agora vive na cola da Lua.
— Certo! Vou marcar com ele um chopp no shopping que tal? Vou ver e te falo!
— Perfeito! Agora deixa eu ir, tenho um monte de coisas pra resolver. — Ela assente e sorri.
— Boa sorte com seu novo negócio, Henrique! Quando inaugurar, me chama! — Assinto e saio.
Vamos, Henrique! V amos reconstruir a sua vida!
LUA
Mordo o lábio me sentindo mal quando entro na sala que pertencia ao Rick e agora está vazia.
Seu perfume ainda se encontra aqui, e eu me sento em sua poltrona. Merda! Esse misto de confusão na minha vida.
Não era isso que você queria, Lua? Chega! Pare de pensar nele!
Volto correndo para o meu escritório e dou de cara com Juca. Ele sorri para mim.
— Bom dia! Como a força do habito, vim trazer uma xicara de café para a minha amiga. — Ele me entrega e eu assinto.
— Bom dia. — Respondo sem empolgação e ele franze o cenho.
— O que aconteceu dessa vez? — Eu arqueio a sobrancelha dando uma remexida no copo de café.
— Hum? Nada! Eu... preciso trabalhar, só isso.
— O pouco que convivo com você, já percebi que tem alguma coisa de errado. Diga, Lua. O que está acontecendo? — Suspiro e tomo um gole de café.
— O Rick, ele foi embora da construtora. — Juca parece surpreso.
— Ele é louco? E vai sobreviver do que?
— Parece que ele vai abrir o próprio negócio. — Juca assente.
— Preciso visitar meu amigo, mais vezes. Está acontecendo coisas na vida dele que nem eu sei.
— Não quero mais falar sobre ele, que tal... sobre a viagem para Aspen? — Juca cruza os braços e sorri.
— É sério mesmo que você quer que eu vá?
— Claro! Eu pedi a Monique pra convidar o Nando, quero reconstruir a amizade com ele, mas sem expectativa de voltas. — Juca arqueia a sobrancelha.
— Será uma maneira desesperada de tentar tirar o Rick do seu sistema? — Suspiro.
— Não! É que...
— Acho que você está sendo radical demais Lua. Por que não chama o Rick pra irmos juntos? Tenta reatar com ele... pelo menos reatar uma amizade.
— Isso é impossível! Eu nunca fui amiga dele, diferente do Nando, de você... o Nando era meu amigo de infância e acabamos namorando. Foi isso... é diferente.
— É diferente porque você ama o Rick? — Eu rolo os olhos.
— Bom, já chega! Hoje mesmo vou procurar um bom hotel para nos hospedarmos.
— Pode deixar comigo, eu já estive lá umas duas vezes, se quiser, posso ver tudo isso! — Sorrio para ele.
— Perfeito! Vou deixar com você! — Abraço meu amigo e volto ao trabalho. Espero que essa viagem me faça um bem enorme e me ajude a distrair a cabeça contra o Rick...
[...]
RICK
Finalmente observo a loja que estou prestes a alugar. Sim, vendi meu carro por uma boa grana que dá pra comprar alguns instrumentos iniciais, alugar a loja por uns cinco meses adiantados, comprei um carro popular e ainda guardei uma quantia de reserva se eu precisar de alguma urgência.
Era um carro valioso, a única lembrança da minha vida milionária, mas já foi. Minha vida agora é outra e tive que me adequar a isso.
— Então senhor Henrique? O que achou? — Observo mais uma vez o ambiente com as mãos nos bolsos da calça. Aqui realmente é perfeito, fica bem no centro comercial, algo me diz que dará tudo certo.
— Perfeito! Negocio fechado! — Ele sorri.
— Vamos fazer um contrato e daqui a algumas horas a loja será totalmente sua pelo tempo de locação.
Assinto animado pra começar a meter a mão na massa. Provar a mim mesmo que sou capaz!
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A Carona do Prazer - Completa
Chick-LitLuana Castro ou Lua como os amigos costumam chamá-la, uma moça humilde criada por sua mãe batalhadora, aprendeu desde criança a lutar para sobreviver. Nada dá muito certo pra ela, até que a sua vida muda de uma forma completamente insana com uma...