Capítulo 15

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RICK

Mil vezes porra! Por que eu tô tão idiota?

Jogo o celular na cama com raiva e bufo chateado. Não sei porque isso me incomoda, eu não tenho nada com a Lua, apenas saímos duas vezes e eu tô feito idiota com raiva dela e meu pai achando que são amantes.

Supera Rick! Você já foi melhor que isso...

Ouço o toque do meu celular e corro pra ver a mensagem acreditando que Lua tenha me respondido, mas não. Desde que me devolveu a mensagem ríspida, ela me ignorou.

Reviro os olhos quando vejo a foto de Bela no meu telefone.

"Oi meu amor, quero avisar que eu já estou na cidade... chateada que você não veio me buscar no aeroporto." — Coço o pescoço e me jogo na cama.

"Estava bastante ocupado. Me desculpa." — Revido a mensagem. Ouço alguém bater na porta do meu quarto.

— Pode entrar! — Minha mãe entra com um sorriso enorme e eu já imagino o que ela vem me falar.

— Oi filho... ficou sabendo que Isabela voltou da Itália? — Segurei a vontade de revirar os olhos e assenti.

— Eu tô sabendo sim, mãe. Ela acabou de mandar uma mensagem.

— Pois é, eu a convidei para um jantar amanhã em nossa casa para vocês selarem logo esse noivado. — Confesso que fiquei incomodado.

Minha mãe e os pais de Bela haviam feito um acordo para juntarmos nossa família. Eu não liguei pra isso e aceitei, pra mim não faria diferença nenhuma casar com Bela, ela é linda, é rica como eu e é apaixonada por mim, mas agora tudo isso me incomoda.

— Que cara é essa Rick? Já demos a palavra aos pais de Isabela e seu pai tá louco pra você criar responsabilidade e ele acha que você casando já é alguma coisa. Não me decepcione garoto. — Bufei e coloquei as mãos atrás da cabeça cruzando meus pés em seguida.

— Preciso de tempo. — Minha mãe franziu o cenho.

— Tempo? O tempo tá passando Rick, você sabe que o Bernardo está velho, e ele pode te deixar de fora da herança. Ele não tem compromisso nenhum com você, apenas te considera como filho porque te criou desde pequeno, mas você sabe que não tem vínculo sanguíneo nenhum com ele!

— Mãe por favor! Eu já sei que o senhor Bernardo Leblanc não é meu pai de sangue. Eu já sei que você o traiu com um falecido caminhoneiro, eu já sei toda essa história. Não precisa encher a paciência. — Eu disse extremamente irritado.

— E você insiste em bater de frente com ele! Meu filho, eu tenho medo que ele te expulse de casa e você caia nesse mundo de pobres... Eu não vou aguentar.

— Isso não vai acontecer. Eu sei que ele gosta de mim como filho e não vai ter coragem.

— Eu tenho as minhas dúvidas. Ainda mais agora que ele arrumou essa amante. Ela pode dar maior apoio pra ele te colocar pra fora, se divorciar de mim e ainda... ficar com todo o nosso dinheiro. — Me levantei da cama pensando nessa possibilidade.

— Isso nunca, mãe! Já chega desse assunto. Preciso dormir! Por favor mãe. — A pedi que se retirasse inventando que estava com sono. Ela me encarou e fez carinho em meu rosto.

— Pensa direito filho, a única coisa que me importa é você. — Ela saiu e eu fechei a porta completamente irritado.

Eu não ia aceitar isso, meu pai com a mulher que eu saio e ainda roubar todo o nosso dinheiro? Jamais! Isso eu não deixo!

[...]

DIA SEGUIINTE

LUA

Eu estava na mesa de café da manha com o senhor Leblanc. Estávamos tomando café antes dele ir fiscalizar outra obra.

— Sabe Lua... eu ando desanimado com a família que eu tenho. — Ele confessou após tomar um gole de café. Eu o encarei sem jeito.

— Mas o que aconteceu? Desculpa perguntar... não precisa me responder se quiser. — Eu disse com medo de parecer intrometida. Ele sorriu.

— Eu e minha esposa, anos de convivência e só agora me dei conta que me deixei influenciar por escolhas dos outros. — Ainda permaneci confusa e mordisquei a fatia de bolo. Não queria ficar perguntando muita coisa para ele não me achar entrona.

— Eu me casei com ela por pressão familiar, acharam que ela era o melhor pra mim pela posição social das nossas famílias. — Arqueei a sobrancelha.

— Sério? Eu acreditava que essas coisas aconteciam só em novela. — Senhor Leblanc meneou a cabeça chateado.

— Infelizmente acontece. As vezes você abandona coisas que não eram pra abandonar, pessoas, uma vida pra satisfazer o ego de uma família que só pensa em status sociais.

— Pesado! — Confessei dando outra mordida no ultimo pedaço do bolo.

— Agora me preocupo com meu filho, vejo que minha esposa o educou mal demais... eu tenho medo de partir dessa pra melhor e ele falir com tudo que a nossa família construiu. Ele é mimado, odeia trabalhar, não pensa no futuro... só sabe gastar com bebidas, mulheres e noitadas. Aonde foi que eu errei? — O vejo visivelmente abalado.

Apanho a mão dele e acaricio.

— Não fica assim senhor, sabe... porque não tenta o senhor mesmo educar o seu filho? — Ele franziu o cenho pra mim e soltou um suspiro frustrado.

— Como? Um marmanjo daquele, se não aprendeu até agora, não aprende mais,

— Eu não quero me meter nisso, mas eu acho que o senhor pode sim fazer algo para que ele mude o comportamento. Às vezes é falta de um apertãozinho, sabe? — O senhor Leblanc sorriu.

— Minha filha, você me surpreende sabia? Tão nova e tão madura... Eu invejo sua mãe que te criou tão bem. — Meneio a cabeça sorrindo.

— Ah senhor, não é nada! — Digo sem jeito voltando a tomar um gole de café.

Não demora para que o senhor Leblanc mude de assunto e percebo que o coroa é carente de sentimento parental. Fico me perguntando se ele não tem parentes, além dessa mulher e desse filho tóxico que ele tem.

É aí que eu percebo que ninguém tem tudo na vida, o senhor Leblanc é praticamente bilionário e parece ser tão triste com sua vida pessoal. Coitado, não desejo isso a ninguém. 

A Carona do Prazer - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora