As horas passam depressa está perto das onze da manhã e eu já me sinto um pouco cansada. Eu jamais imaginei que vida de CEO pudesse ser tão corrida e cansativa. Ainda bem que contratei um... assistente. Bem, eu não sei se fiz o certo, mas acho que só assim poderei manter o olho no Rick e acreditar que ele realmente deseja trabalhar e não ficar jogando seu charme por aí e recebendo pagamento apenas por esse feito.
Ainda estou surpresa por sua desistência do cargo alto...
Ouço alguém bater na porta e peço que entre. A porta se abre lentamente, revelando Juca que trás uma xicara de café fumegante nas mãos.
— Bom dia, minha nova chefe. Trouxe um cafezinho especial de boas-vindas! — Ele pisca sorridente e caminha até minha mesa deixando o café em minha direção. Sorrio abertamente e estico o corpo percebendo o quanto estou dolorida de ficar na mesma posição a horas.
— Bom dia, Juca! Isso é uma loucura! — Ele sorri se sentando a minha frente.
— Com certeza é. Só não vim antes porque estou cheio de trabalho. Mas então, como está se sentindo em seu novo posto? — Eu assopro um pouco o café e sorvo em seguida.
— Ah, eu tô tentando me adaptar. Não é tão difícil como pensei que seria, mas é cansativo, admito.
— Eu entendo. Bom, pelos corredores disseram que você mandou bem a beça nessa reunião e ficaram chocados quando descobriram que o filho... de criação do senhor Bernardo declinou da oferta de COO. Confesso que até eu que sou melhor amigo dele, fiquei surpreso. — Respiro fundo ajeitando o cabelo e assinto.
— Eu também fiquei surpresa, Juca. Eu esperava que ele fosse escolher o caminho mais fácil, no entanto... — Juca fica pensativo.
— Qual o cargo ele vai seguir aqui?
— Será meu assistente. — Juca arqueia a sobrancelha.
— Será que... isso vai funcionar? Você sabe, já tiveram um envolvimento e... as coisas não terminaram tão bem. — Eu tomo mais um gole do café.
— Eu sei. Mas temos que ser adultos e saber separar as coisas. Eu fiz isso na intenção de faze-lo crescer aqui dentro à medida que ele se desenvolve. Prefiro ficar de olho. — Juca sorri de forma zombeteira.
— Ficar de olho... acho que alguém tem medo do meu amigo ficar paquerando pela empresa. — Fico boquiaberta com Juca e exaspero.
— O que? Não! Nada a ver... a vida pessoal do Ri... Henrique pouco me importa agora. Eu só não quero ter que pagar o salário desse cara todo mês pra ele não fazer nada. — Juca concorda.
— Certo. Vou te deixar trabalhar porque aqui eu sei que você tá cheia de coisas pra fazer, assumir uma empresa grande da noite pro dia não é fácil. — Assinto.
— Muito obrigada pelo café. — Ergo a xicara o saudando e ele assente.
— De nada, Lua... até mais tarde. — Ele pisca e sai.
A porta se fecha e eu suspiro. Pensando legal realmente não foi uma boa ideia trabalhar tão próxima ao Rick...
[...]
RICK
Chego em casa e me jogo no sofá deitado de forma relaxada e pensativo. A vida de dormir até o meio dia e não fazer nada, está chegando ao fim.
A ficha agora começa a cair, e percebo que eu agora não sou ninguém. Apenas um assalariado que será assistente da chefe mais deliciosa que eu já vi na vida.
Um castigo vindo com benefício.
— Rick. Meu filho como foi a reunião? — Minha mãe se aproxima com expectativa e eu a encaro me sentando no sofá cedendo espaço pra ela. Começo a lembrar de Lua com o olhar imponente de uma grande mulher de negócios e meu pau começa a dar sinal de vida.
Merda, vê-la tão poderosa me deixou cheio de tesão...
— Foi muito boa. A senhorita Leblanc... tem alma de empresária. A maioria ficou admirado com sua postura profissional. Ela conduziu muito bem a reunião e... — Minha mãe fecha o semblante e se senta ao meu lado.
— Eu não quero saber dessa suburbana. Eu estou perguntando sobre seu futuro. — Reviro os olhos prevendo mais uma cena de surto da minha mãe.
— Eu desisti do cargo de COO. — Minha mãe se levanta abruptamente e me encara furiosa.
Dona Brenda surtando em 3...2...1...!
— Você ficou maluco? Como vamos manter nossos padrões? Essa mansão? Os empregados? — Ela explode em um grito. Dou de ombros.
— A senhora vai receber uma pensão de cinco salários, mãe. Não é muita coisa, mas se vender essa cobertura, se mudar para um apartamento menos luxuoso e cortar um pouco de gastos excessivos, acho que viverá melhor que muitos de classe média. — Minha mãe bufa.
— Você está sendo infantil! Está agindo assim por pura pirraça! Agora a Isabela não vai querer casar com você sendo um pobretão, você vai se tornar um zé ninguém.... eu não vou te sustentar! — Minha mãe grita e eu me levanto apanhando meu maço de cigarro e o isqueiro.
— Não se preocupe. Eu aluguei um apartamento no subúrbio a pouco tempo, e serei assistente da CEO da empresa. — Minha mãe gargalha alto, seu tom se mistura a raiva e frustração.
— Você é um idiota! Um salário de assistente não é mais do que três mil reais no máximo! O que pretende ganhando essa micharia? Acha que vai poder curtir festinha todos os finais de semana? Acha que pode manter sua bebida cara? O seu carro! Acha que consegue manter? — Eu engulo seco e permaneço pensativo. Não pensei nessa hipótese quando aceitei a diminuir meu cargo.
Caminho até a sacada e acendo o cigarro. Mas quer saber? Se eu tenho que passar por isso tudo pra ter a Lua de volta, eu não me importo.
— Mãe...
— Você está empolgado achando que mudando da noite pro dia vai se tornar o salvador da pátria, mas em breve você vai ver o que é ter dor de cabeça e se preocupar todo o final de mês com as contas apertadas!
— Está vendo? A senhora nunca me incentivou a coisa boa, sempre vendo o lado negativo de tudo, me forçando a escolher o caminho mais curto e mais fácil pra me dar bem. Já chega, mãe! A senhora não vai mais me ludibriar. Eu preciso assumir meus problemas sozinho! — Minha mãe sorri furiosa.
— Bom, já que você se acha crescidinho e sabe o que está fazendo, quero que arrume todas as suas coisas e vai embora daqui! Vai viver sua vida miserável no subúrbio com aquela gentalha de merda! — Eu bufo irritado.
— Quer saber? Eu vou mesmo! A senhora vai acabar ficando sozinha e mais amargurada que já é! Já deu pra mim! — Caminho apressadamente para dentro do apartamento em direção ao meu quarto.
Apanho todas as malas e começo a arrumar apressadamente com tudo que irei precisar. Ainda bem que ainda tenho aquele apartamento alugado e é pra lá que vou viver. Se morar em um apartamento simples e apertado é ter paz, prefiro viver lá e manter minha paz.
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A Carona do Prazer - Completa
Literatura FemininaLuana Castro ou Lua como os amigos costumam chamá-la, uma moça humilde criada por sua mãe batalhadora, aprendeu desde criança a lutar para sobreviver. Nada dá muito certo pra ela, até que a sua vida muda de uma forma completamente insana com uma...