Capítulo 52

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Fecho a porta atrás de mim e caminho de volta para a poltrona. Me sento lentamente e cruzo as mãos em cima da mesa.

— Então? O que a senhora deseja? — Ela titubeia e suspira ajeitando o enorme brinco na orelha.

— Confesso que foi difícil vir até aqui pra fazer o que tenho que fazer. — Arqueio a sobrancelha ainda confusa.

— Como assim? Não estou entendendo. — Ela engole o ar e ajeita a bolsa sobre o colo.

— Pedir d... — Ela fala tão baixo que eu mal consigo ouvir.

— O que? Fala mais alto, por favor? — Ela bufa cruzando as pernas, parece bem desconfortável.

— Vim te pedir desculpa! — Ela fala bem rápido e eu a encaro, pasma.

— Me pedir desculpa? — Ela assente, remexendo as mãos um pouco nervosa.

— A forma como eu a tratei. Eu nunca soube que o Leblanc tinha um filho, ou melhor, uma filha. Na verdade, eu nunca soube de nada a respeito de sua mãe, ao não ser que ela se oferecia para o filho do patrão, como os pais dele contavam. — Eu exaspero e rolo a caneta nos dedos.

— A senhora sempre me tratou mal e eu nunca fiz nada para a senhora.

— Eu achava que você era uma ameaça para mim. Achava que você fosse uma amante do Bernardo, ele demonstrava tanto carinho e afeição por você que eu pensei essas coisas. Como eu disse, nunca soube que Leblanc tinha uma filha fora do nosso relacionamento. Também não sabia que você era... alguma coisa do meu filho e sempre enchi a cabeça dele sobre você, mesmo não sabendo de nada. — Engoli em seco e ela sorvou o ar fechando os olhos lentamente e os abrindo em seguida.

— Ouça, eu tô sofrendo demais. A única coisa que me importa nessa vida, o meu filho, fruto do meu verdadeiro amor, está me desprezando. Ele disse que por minha culpa ele perdeu o amor da vida dele... — Ela me encarou com intensidade e eu me encolhi sem jeito.

— Senhora eu...

— Olha, não pensa que é fácil eu estar aqui. Saber que o Leblanc foi um canalha comigo em me deixar somente uma mesada de cinco salários mínimos... — Franzi o cenho.

— A senhora era casada, tinha o direito. Eu não entendi porque ficou tudo pra mim, na verdade. — Ela suspira.

— Éramos casados com separação legal de bens e eu... assinei um termo abdicando de toda herança, quando... quando o Bernardo descobriu a minha traição. — Assenti em silencio. Agora eu entendia aonde Rick tinha puxado a canalhice.

— E porque a senhora veio me pedir desculpa? — Ela lambeu os lábios.

— Tirar um pouco do peso do que eu sinto. Eu sinto muito a falta do meu Rick. Eu hoje percebo que eu... o prejudiquei. Tudo que eu fiz foi pensando somente no bem dele, mas da forma como eu fui educada, acabei passando para ele também. Não pense que estou querendo sua amizade ou interessada no seu precioso dinheiro. Apenas vim fazer o que minha consciência pediu. Bom eu estou indo. — Ela se levantou em silencio e caminhou para a direção da porta.

— Eu te desculpo. — Respondi antes que ela abrisse a porta. Sua mãe paralisada na maçaneta. Ela se virou um pouco e abriu um pequeno sorriso num aceno gentil de cabeça e se retirou.

Assim que a porta se bateu, eu voltei a respirar. O que foi isso?

[....]

Apesar de não gostar muito dela, confesso que martelava a ideia de Rick não procurar mais a mãe dele. Eu pude ver o sofrimento nos olhos dela a ponto de vir me pedir desculpa. E se tem uma coisa que eu sei valorizar é o amor materno.

Fecho o laptop e suspiro. Ajeito minha saia e decido ir falar com Rick a respeito da mãe dele. Saio da minha sala me sentindo um pouco ansiosa, quando estou prestes a bater na sala de Rick, ouço risadinhas vindo da sala dele e franzo o cenho.

— Bem se você quiser, nós podemos tomar um chope no barzinho que abriu perto da minha casa. — Ouço a voz de uma mulher e meu coração acelera de forma angustiada.

— Podemos ver isso. Fico lisonjeado pelo convite. — Num impulso abro a porta de Rick sem bater.

Percebo que a tal mulher, é a Cristina que trabalha no departamento de R.H como assistente. Ela está sentada quase encostando nele enquanto seu decote está bem aberto. Assim que ela me vê, ela dá um pulo. Rick me encara com uma surpresa e logo sua feição fica impassível.

— Senhorita Leblanc, eu...

— Pode ir. Preciso conversar com o Henrique. — Uso um tom firme e ela percebe que eu não gostei do que vi. Ela apenas acena nervosamente e sai feito bala.

A porta se fecha e eu me viro para Rick que tem um sorriso zombeteiro no rosto.

— Qual foi o milagre dessa vez que a fez vir na minha sala e sem bater? — Suspiro.

— Então é assim? — Ele franze o cenho.

— Assim o que? — Sorrio incrédula, meneando a cabeça.

— Foi só eu falar pra você seguir a sua vida que você seguiu meu conselho a risca né? — Pergunto cruzando os braços.

Rick se levanta da mesa dele e caminha na minha direção. A cada passo que ele dá se aproximando, meu estomago se revira e meu coração bombeia forte.

— Qual é o seu problema afinal, Lua? — Mordo o lábio sem dizer nenhuma palavra.

— Eu tentei mostrar diversas vezes que estava arrependido, fiz o que jamais fiz por outra mulher que é implorar, meu coração se partia a cada vez que você me negava o perdão e pra piorar você aparece num club de swing com meu melhor amigo e ainda me humilha na frente dele mandando eu sair da sua vida. O que você espera de mim, Luana? — Eu o encarei sentindo a estranheza por ele me chamar pelo meu nome.

— Sinceramente nada! Eu nunca devia ter esperado nada de você, essa é a verdade! — Tento me afastar dele, mas ele me puxa contra seu corpo fazendo nossos rostos se aproximarem perigosamente.

— Você quer me enlouquecer, Luana. Eu amo você, mas não posso te obrigar a me aceitar de volta. Você sempre esteve certa, eu mereci cada gota de sofrimento que eu mesmo me causei. Só que não posso passar a vida toda martelando uma volta, quando a mulher da minha vida, decide me afastar de todas as formas e ainda sai com meu melhor amigo. — Eu sinto meu corpo fraquejar apenas pelo toque firme de Rick sobre meu pulso. Eu fecho os olhos acreditando que ele iria me beijar, mas ele se afasta.

— Estou seguindo o que me pediu. Que nos tratemos como deveria ser, patroa e funcionário, apenas. — Ele diz friamente enquanto volta para a mesa. Eu engulo tentando digerir tudo que ele disse e sem dizer nada, saio da sala dele atordoada.

Esqueci até de falar sobre a mãe dele depois dessa... 


N/A: Tenso hein, amores, nessa treta entre Rick e Lua, vocês estão do lado de quem? 

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