MONIQUE
Caminho de um lado a outro, nervosa. Aquele imbecil vai ficar no mesmo quarto que eu? Eu aceitei isso?
Que merda! O que a gente não faz pela a amiga, não é?
A porta do quarto se abre, Juca entra parecendo desconfiado, cauteloso.
— Então, vamos ser amigos de quarto afinal. —Ele brinca tentando quebrar a tensão estranha que se forma.
— Pois é, ainda bem que amanhã é o ultimo dia da viagem. Olha, você pode dormir ali... — Aponto para o sofá cama e Juca assente caminhando até ela, e se joga.
— Por mim, sem problemas. — Suspiro.
Confesso que tô tentando me manter calma e indiferente com a presença dele, como sempre foi desde que eu o vi na companhia de Lua. O problema todo é que depois da declaração dele, eu não consigo parar de pensar nisso.
— Ainda bem que Lua e seu amigo se acertaram, eles se amam, né? — Puxo assunto testando a reação de Juca para ver se ele fica indiferente ou sente algo por Lua reatar com Rick, já me arrependendo. Juca sorri.
— Fico muito feliz com isso. Rick mudou muito desde que Lua entrou na vida dele. Os dois se amam e é incontestável. — Vasculho no olhar de Juca qualquer emoção de tristeza ou ciúme, mas não encontro.
— Você não se incomoda? — Ele franze o cenho.
— Me incomodar? Com o que? — Ele sorri confuso.
— A Lua estar com o Rick... — Digo apertando a borda da camisa com força, tentando espantar o nervosismo de estar perto de Juca.
— Por que eu me incomodaria, Monique? Eles sempre se gostaram, até mesmo quando... — Arqueio a sobrancelha.
— Quando? — Juca coça a nuca e se senta no sofá parecendo numa guerra interna para me contar ou não.
— Lembra que em uma das nossas conversas, eu disse que tinha um fetiche e que só revelaria quando... nos conhecêssemos pessoalmente? — Balanço a cabeça acenando que sim.
— Sim, mas o que isso tem a ver com Rick e Lua? — Ele coloca as mãos no bolso da jaqueta.
— Então... eu e Rick temos isso em comum, nós gostamos de swing. — O encaro perplexa.
— Como assim? — Ele suspira.
— Gostamos de trocar de parceiras na hora "H e também gostamos de observar ao vivo e a cores o sexo. — Eu fico boquiaberta com esse fetiche revelado e começo a ligar os pontos.
— Então quer dizer que você, Rick e Lua...
— Não! Sim, quer dizer, eu assisti os dois, essa prática se chama voyeurismo. A diferença dela para o swing e o ménage, é que eu só assisto e tenho prazer com isso, o swing já é a troca de casal e o ménage é quando se envolve uma terceira pessoa, ou até mais que três. — Assinto em choque. Juca parece ansioso e eu tento absorver o que me contou.
— Isso é loucura! O Rick aceita, tipo, ver outros caras observando a mulher dele, até tocando-a? — Juca suspira.
— Eu entendo que pra você isso é... estranho, um tabu. Mas pra gente que curte fetiche não é, não existe falta de respeito. O sentimento não muda. Isso é uma coisa entre quatro paredes, passou dali nada muda.
— Mas se for a mulher que você ama, isso não te causa ciúmes? — Juca sorri.
— Não, Monique, os ciúmes são causados pela a insegurança do medo de perder a pessoa que você ama. Ali naquela pratica pra quem está acostumado, sabe exatamente que você não está perdendo nada, é tudo pela troca intensa do prazer consentido, e mais que isso, controlado por você mesmo e entendido que dali não passa, é simplesmente um fetiche como BDSM, por exemplo. Não é como se o seu parceiro estivesse te traindo com alguma outra pessoa e você descobrisse... — Sorrio me sentindo nervosa.
— Eu acho algo estranho tipo, pensa, se nós dois fossemos um casal e de repente trocássemos de parceiros na hora H ou seu melhor amigo me comesse na sua frente. Isso realmente é loucura. — Percebi um olhar em Juca que não tinha visto antes, ele estava ficando excitado?
— Pra quem tem a mente aberta, não é loucura, Moni. É só prazer... nós sabemos os limites e até aonde podemos ir dentro e fora do fetiche. Mais alguma coisa? — Juca mordeu o lábio e eu suspirei me sentindo estranhamente excitada na possibilidade de ser dividida para dois parceiros ou ser vista.... Eu to ficando louca que nem Juca, Rick e Lua.
— Nada! Eu vou ajeitar a minha roupa para mais tarde. Vou curtir uma balada com a Lua. — Digo e Juca sorri cruzando as pernas tentando esconder sua ereção que se formou devido a nossa conversa intimista.
— Tem certeza? Acho que a sua amiga está vivendo um dia de lua de mel, não acredito que eles saiam daquele quarto para... uma balada. — Suspiro.
— A Lua está se deleitando no mel, literalmente. Mas sem problemas. Eu saio sozinha assim mesmo. — Digo dando de ombros e me viro de costas terminando de dobrar uma roupa que não irei usar hoje.
— Tem certeza? Eu posso te acompanhar, se quiser. Não tenho nada para fazer essa noite. — Eu dou um pequeno salto com a voz de Juca sussurrada perigosamente no meu ouvido e me afasto rapidamente.
— Olha, vamos estabelecer limites aqui, não é porque você está no mesmo quarto que eu, que deve chegar tão perto, outra coisa, não preciso de você para curtir uma balada. Posso não falar inglês, mas eu sei gesticular e não quero um armário feito você espantando qualquer boy gringo que eu tenha a pretensão de arrumar essa noite. — Juca sorri como se eu tivesse contado alguma piada.
— Monique, relaxa. Tô tentando me aproximar de você como um amigo... eu prometo me comportar e ficar bem longe. Você não conhece nada por aqui, não é certo sair sozinha assim... — Suspiro e rolo os olhos.
— Ai, tá bom! Mas ó... você bem distante de mim para não queimar meu filme com os gringos da boate. — Ele bate continência como se estivesse falando com um sargento e eu reviro os olhos novamente.
— Sem problemas, irei me comportar direitinho, prometo. — Assinto, escabreada.
Não sei o porquê, mas meu sexto sentido diz queisso vai dar merda...
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A Carona do Prazer - Completa
Literatura FemininaLuana Castro ou Lua como os amigos costumam chamá-la, uma moça humilde criada por sua mãe batalhadora, aprendeu desde criança a lutar para sobreviver. Nada dá muito certo pra ela, até que a sua vida muda de uma forma completamente insana com uma...