Capítulo 11

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Não demorou muito para que chegassemos no apartamento e passei o resto da tarde evitando Jack.

Levei Rafa para a parte externa do apartamento e brincamos muito, até por fim o menino se cansar e retornarmos a casa.

Dei um banho nele e o vesti com uma roupa confortável. Em seguida arrumei sua pequena bolsinha com algumas peças de roupa.

-Aonde eu vou? - ele perguntou, desanimado.

-Visitar sua vovó - eu falei em tom carinho. - Mas logo você volta e a gente brinca do que você quiser.

Ele pareceu analisar a proposta de um jeito fofo. As bochechas risadinhas ganharam mais cor e os olhos cor de mel me encararam.

-Ta bom - ele disse, confirmado.

Saí de mãos dadas com ele do quarto e vi que a mãe de Jack já o aguardava na sala.

Ela era uma mulher elegante. Os olhos verdes se destacavam sobre sua pele bronzeada e contrastavam perfeitamente com os cabelos castanhos na altura do ombro.

-Você deve ser Sofia - ela disse se levantando e me dando um abraço.

O ato de carinho me pegou de surpresa, mas retribui o afeto da mulher.

-Meus filhos falaram ótimas coisas a seu respeito - ela disse, sorrindo. - Principalmente o Jack.

No final ela deu uma piscadela e Jack limpou a garganta.

-Mãe - ele a repreendeu.

-Você vai continuar solteiro se não souber aproveitar a companhia dessa bela dama - ela disse.

Ele revirou seus olhos.

-Por que todos tentam me jogar para cima da Sofia? - ele perguntou.

Não parecia irritado com a sua mãe, seu stress tinha outro dono, mas eu não sabia qual era.

-Quem mais fez isso? - a mulher perguntou, mas não obteve resposta.

-Seu Raimundo - eu disse, para que ela não ficasse chateada com o silêncio.

-Esse meu irmão, sempre muito esperto - ela disse, rindo.

Jack ignorou o comentário e pegou seu filho no colo.

-Você, mocinho, trate de obedecer a vovó - ele disse dando leves beijos na bochecha da criança.

Sua mãe deu um tapa em suas costas.

-Você deveria dizer para ele se divertir - ela bufou. - Por isso o menino tem medo até do vento, olha as coisas que você fala.

Rafa se virou para mim e pegou uma mexa do meu cabelo.

-Hey, rapazinho, eu falei que vamos brincar muito quando voltar - eu disse.

Ele suspirou. Mesmo sendo uma criança, tinha momentos que Rafael parecia um adulto.

-Ouça o que vovó disse e se divirta, tenho certeza que ela vai amar brincar com você - eu disse, sorrindo.

Ele apenas balançou a cabeça.

Os olhos de Jack estavam atentos e sua mãe não ficava muito atrás.

A mulher pegou o pequeno no colo e se despediu brevemente de nós, após isso, ela foi embora.

Eu e Jack ficamos ali, sozinhos.

O desconforto era evidente para ambos. Eu não conhecia seu motivo, mas sabia que para mim sua presença causava uma sensação que eu não conseguia mais controlar.

Era perigoso para mim e para o meu serviço, continuar ali.

-Vou ir me arrumar - eu disse.

Ele suspirou, seus pensamentos estavam conturbados.

-Sofia - ele chamou.

Me virei antes de entrar no corredor e o encarei.

Ele sorriu, sem dizer nada e minhas pernas tremeram ao perceber que ele ficava ainda mais lindo quando sorria.

-Deixa para lá - ele disse.

Suas mãos foram para os cabelos e os bagunçaram ainda mais.

Devo dizer que o penteado que eu fiz durou um bom tempo, até mais do que eu pensava que iria durar. Mas desde que estávamos no carro ele não parava de enfiar os dedos pelos fios.

Ele parecia nervoso.

-Tudo bem, quando quiser falar estarei aqui para ouvir - eu disse, me virando e indo para o meu quarto.

Deitei na minha cama, tentando controlar a respiração. O descompasso do meu coração imenso e eu deveria regularizar aqui.

Depois de tudo normalizado, tomei um banho gelado para neutralizar aquele calor que eu estava sentindo em meu íntimo.

Ao olhar meu guarda roupa, me questionei em que local iriamos.

Optei por um vestido mullet vinho de caimento no joelho com um decote ombro a ombro. Para a maquiagem: um delineado destacado e um batom nude escuro. Como calçado, optei por um salto preto, simples. Para o cabelo fiz um rabo de cavalo bem preso e deixei duas mexas soltas na frente do rosto.

Olhei o resultado no espelho e por alguns segundos meus pensamentos estava direcionados a Jack.

Me perguntava se seria suficiente para agrada-lo ou se naquela noite ele conseguiria resistir a mim.

Chacoalhei a cabeça.

Não poderia pensar esse tipo de coisa, principalmente relacionadas ao meu chefe.

Quando sai do quarto, encontrei Jack caminha do de um lado para o outro.

-Tudo bem? - perguntei.

Ele parou e me encarou. Seus olhos percorreram todo o meu corpo cuidadosamente e pareceram se satisfazer com cada centímetro analisado.

Um brilho novo brotou em sua feição, ele estava maravilhado.

Não que fosse muito diferente minha reação.

Jack usava uma calça jeans desfiada em alguns pontos, uma blusa branca sobreposta por um  cardigan preto. Para complementar ele havia retirado os enormes óculos.

Seus rosto ficava ainda mais lindo daquele jeito.

-Você pode arrumar meu cabelo? - ele perguntou, timidamente.

Dava para ver que ele havia tentado organizar os fios, mas ainda assim, muitos deles estava rebeldes.

Eu sorri e abri a porta do meu quarto, indicando que entrasse.

Seus sorriso envergonhada apareceu e suas bochechas coraram violentamente. Ele entrou, mesmo que relutante.

Puxei seu braço e o acomodei sentado na cama e fui atrás da pomada e do pente.

Em cinco minutos e eu já havia finalizado seu penteado.

Ele estava parecendo um deus grego.

-Obrigada, Sofi - ele falou, me encarando intensamente.

Por fim, Jack se ergueu e tocou levemente meu queixo com a ponta do seu dedo, erguendo meu rosto.

Ele sorriu, satisfeito.

Jack se aproximou e depositou um beijo delicado sobre os meu lábios e em seguida saiu do quarto.

Encarei o espelho e fiquei me perguntando se aquilo havia sido real ou apenas minha imaginação me pregando alguma peça.

O batom falhado indicava que não havia sido um sonho.

A GOVERNANTAOnde histórias criam vida. Descubra agora