Capítulo 37

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#FlashBack

Eu estava sentado em um canto afastado da faculdade. Ali era meu lugar predileto no campus. Havia um pequeno conjunto de árvores e alguns bancos espalhados pelo local. Um desses bancos ficava perfeitamente posicionado em um canto escondido, que me permitia apenas ficar ali calado e fugir do aglomerado de alunos. 

Mas minha paz estava se esvanecendo quando ouvi um grupo de pessoas se aproximar.

-Cassini, você é um idiota - uma garota sorria igual uma boba para o homem. 

Ela tentou parecer fofa, mas foi completamente ignorada, pois o homem estava atento em algo no celular. 

-O que tem de tão importante nesse celular? - perguntou um dos homens ao seu lado. 

-Proposta de emprego - Cassini respondeu. 

-Vai aceitar? Onde é? - a moça perguntou. 

Cassini indicou que eles continuasse e parou para continuar lendo o conteúdo da mensagem. O rapaz caminhou desatento em minha direção e bateu seu pé no pequeno degrau que dava acesso ao meu banco. 

-Ah, oi - ele disse finalmente me vendo. 

-E ai? - respondi. 

-Hey, você é o cara da festa do dia dos namorados - ele falou, me reconhecendo. 

-Sou eu mesmo. 

Ele se sentou ao meu lado e continuou lendo a mensagem, até por fim suspirar. 

-Preocupado? - perguntei.

Eu não era muito bom em puxar assunto com pessoas que eu mal conhecia, mas Cassini tinha uma aura diferente. Ele parecia ser alguém em que eu facilmente poderia confiar. 

-Cara, meu pai esta querendo que eu assuma a cafeteria, mas eu na verdade queria fazer algo com finanças - ele riu. - Você já me imaginou de avental rosa preparando um latte

Ambos rimos de sua comparação. 

-Você ia ficar muito bonito de avental - eu zoei. 

Cassini deu uma boa gargalhada, até por fim encarar as árvores. 

-Se um dia eu abrir minha corretora, eu te chamo para trabalhar comigo - eu disse, de repente. 

-Qual vai ser meu cargo? - ele perguntou, sorrindo. 

-Meu braço direito? - eu falei dando de ombros. 

Ele riu e se acomodou na parte de trás do assento. 

-Então fechado, seremos parceiros de negócio - ele abriu um enorme sorriso. 

Cassini era um daqueles raros caras que fazia eu me sentir a vontade.

-Mas me diga, chefe, você tem algo com a Mona? - ele perguntou.

Ele não parecia interessado nela, na verdade sua pergunta foi bem fora de contexto.

-Ela é minha amiga - eu disse, ainda não lhe contando sobre a gravidez.

Mona mal vinha para a faculdade, por receio de mostrar a barriga de cinco meses. Ela temia ser julgada e por isso deixei que ficasse em meu apartamento.

-Cuidado - ele me disse, encarando a mata. - Ela é gente boa, mas se ela está grudada em você, eu já consigo saber que você provavelmente é rico.

O encarei, surpreso.

-Conheço Mona desde o ensino médio e ela sempre teve um ótimo faro para o filhinhos de papai - ele explicou. - Acho que é por isso que ela mal olhava na minha cara.

Ele riu sem humor.

-Só toma cuidado, você parece ser um cara legal - Cassini falou depois de um longo silêncio.

-Cassini, venha logo - a garota de antes apareceu e gritou pelo rapaz.

Ele estendeu o celular e mostrou a parte de contatos, pedindo que eu adicionasse meu número e assim o fiz. Em seguida eu sorri indicando que tudo bem e ele se despediu com um aceno de cabeça, indo em direção a mulher.

O que ele havia me dito fazia sentido e eu já havia notado a algum tempo, mas por hora resolvi não dá importância por conta da gravidez. Acho que preferi acreditar que alguém como ela fosse se interessar por mim.

A GOVERNANTAOnde histórias criam vida. Descubra agora