Capítulo 48

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O resto do meu dia com Jack foi composto por muito carinho, mas ambos sabíamos que isso não seria suficiente diante da realidade em que estávamos.

-Você sabe que precisamos conversar - eu disse.

Ele assentiu.

-Estou pronto para te contar tudo - ele disse.

-Cassini já fez isso por você - eu falei em tom ríspido.

Jack se ajeitou no sofá e ficou com um olhar triste.

Rafa já havia voltado a casa e apareceu no corredor sorrindo. Ele veio em nossa direção e se acomodou entre nós de forma carinhosa.

Olhei para Jack, indicando que nossa discussão teria que esperar e comecei a distribuir delicados beijinhos sobre as bochechas de Rafael. A criança gargalhava alto e isso provocou uma risada em Jack.

-Mãe Sofia, vamos no parque - ele falou.

Eu olhei pra Jack que assentiu.

-Vamos - eu disse fazendo carinho em sua barriga.

A campainha tocou e Jack se levantou assustado. Como o interfone não tinha tocado, não sabíamos quem nós aguardava atrás da porta.

Fiquei me imaginando em uma novela mexicana e nesse momento eu tenho certeza que apareceriam as vilãs. Por isso, rezei baixinho para que todos os meus pensamentos estivesse errados.

Para a minha sorte, não era Margo.

Pela porta entrou a mãe de Jack e um senhor que eu ainda não conhecia. Ele era elegante e tinha os olhos verdes penetrantes.

-Você deve ser a famosa Sofia - ele veio ao meu encontro.

A presença do homem era marcante e me lembrava muito Jack em seus trajes elegantes. Ambos carregam a mesma aura e parecia fruto da mesma origem. 

-Esse é meu pai, Armando, Sofi - Jack disse.

Eu me levantei sem graça. Que bela forma de conhecer meu sogro, vestida com um pijama de bolinhas. 

Rafael correu para dar um abraço sua avó e eu estendi a mão em direção ao homem. 

-Ela disse sim? - ele perguntou para seu filho e eu o encarei curiosa. 

-Adivinha - Jack brincou. 

O homem deu uma gargalhada alta e deu alguns tapinhas no ombro de seu filho. 

-Ah! Que maravilha, finalmente desencalhou - ele tirou sarro do filho.

Jack fingiu se sentir ofendido, mas parecia contente com a reação de seu pai. Eles pareciam bem próximo, na verdade, mais do que julguei que seriam. Por Jack negar assumir os negócios, pensei que talvez seu pai tivesse uma birra com o filho, mas me enganei. 

-Aceitam alguma coisa? - perguntei, educadamente. 

-Não se incomode minha querida, viemos apenas fazer um convite - disse a mãe de Jack com um tom carinhoso. 

-Ah sim, senhora - falei. 

Ela me olhou brava. 

-Sem esse papo de senhora, pode me chamar de mãe - ela sorriu. 

Okay, informação demais. Pensei.

-Convite para que? - Jack perguntou a seu pai, ignorando sua mãe. 

-Vamos fazer um jantar lá em casa - ele falou, se sentando. - Alguns sócios, nada muito elaborado, mas queria que fosse, pois quero te inserir na empresa. 

Jack ficou tenso, mas não negou. 

-Tudo bem, quando será? - perguntou.

-Hoje a noite - ele disse dando de ombros. - Leve a sua namorado para apresentar ela aos sócios. 

Eu sorri, envergonhada. 

Jack chacoalhou a cabeça e encarou seu pai com uma cara de confusão. 

-Com sócios... isso quer dizer que elas estarão la? - ele perguntou. 

Senhor Armando suspirou fundo. 

-Ele é um dos maiores sócios da empresa, então obviamente estará lá e levará sua família - o homem o respondeu.

Jack me olhou inexpressivo. 

-Não sei se vou, pai - disse.

-Eu disse para levar a Sofia justamente para apresentar ela como sua namorada, assim param essas especulações sobre sua vida amorosa e as propostas de casamento - Armando disse. 

Eu não precisava ser um gênio para entender sobre o que eles falavam. As duas cobras estariam no local. O que mais me preocupava não era a filhote de cascavel, mas sua mãe. Aquela mulher tinha um olhar que me causava calafrios. 

-Tudo bem para você, Sofia? - Armando perguntou. 

Em seu olhar eu vi uma suplica minuciosa. Era evidente que ele esperava muito por aquele momento e seria um grande egoísmo da minha parte me negar a ir apenas baseada em meu relacionamento com as Ferraz.

-Claro, senhor - eu disse educadamente. 

Jack sorriu, porém seu olhar carregava várias perguntas.

-Então iremos - ele disse finalmente. - Assim posso apresentar Sofia com minha mulher. 

Ele não disse namorada, ele disse mulher. Seu tom de voz carregava algo beirando a possessão e eu senti algo delicioso se esgueirar pelo meu intimo. Confesso que amava vê-lo com essa postura mais séria, lhe proporcionava um aspecto mais másculo.

-Oh meu Deus, que orgulho do meu bebê, já esta até se impondo sobre seu relacionamento - sua mãe comentou entre risadas. 

A mãe dele ainda segurava Rafael, que ria junto com a sua avó, mesmo sem entender o contexto da piada. Suas bochechas estava rosadinhas e isso tornava ele ainda mais fofo.

Jack balançou a cabeça, contrariado. 

-Então já vamos indo - Armando falou ao se levantar. - Fiquem bem crianças. 

Assentimos. A mulher me entregou Rafa no colo e se despediu brevemente. Fiquei acompanhando com o olhar enquanto Jack os levava até a saída. 

Ele retornou, sério. 

-Se não quiser ir, eu irei entender - falou. 

-E se plano é que a gente se esconda delas para o resto de nossas vidas? - alfinetei. 

-Não foi o que eu quis dizer - falou.

-Papai, não brigue com a mamãe - ele falou. 

Dei alguns beijos em sua bochecha e mostrei língua para Jack. 

-Meu próprio filho esta me traindo - ele lamentou. 

Ouvir ele dizer isso me fazia lembrar das palavras de Cassini. Para Jack, Rafael era seu filho e ninguém poderia afirmar o contrário e ele deixava isso claro em cada momento com a criança e todas as palavras de afeto que direcionava a ele. 

A GOVERNANTAOnde histórias criam vida. Descubra agora