Capítulo 12

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Eu demorei alguns minutos em meu quarto, primeiro para entender o que havia acontecido. Segundo para passar o batom que havia sido retirado.

Eu encarei aqueles lábios falhados e fiquei pensando no toque delicado de sua boca.

Eu não saberia o que dizer ou o que fazer quando estivesse próxima a ele. Meu corpo todo ansiava por mais daquilo que ele havia me dado, mas minha mente insistia em dizer que era errado.

Nós acabamos de nos conhecer e fora que ele era meu chefe.

Suspirei fundo.

Não adiantava ficar ali murmurando e lamentando. Eu deveria fazer o que sempre fiz de melhor: deixar fluir.

Abri a porta do meu quarto e ouvi uma voz animada vindo da cozinha. Duas pessoas conversavam de forma descontraída.

-Belissima - disse Tadeu ao me ver.

Ao seu lado havia uma mulher. Seus cabelos negros escorriam entorno de seu decote em V. O vestido apertado destacava seu corpo de uma forma sexy.

Ela me olhou e sorriu.

-Então você é a tal Sofia - ela disse, sorrindo. - Prazer, eu sou a Gabi.

Eu a cumprimentei.

-Gabi é a namorada de Tadeu - Jack disse, rindo.

-Nós não namoramos - disse a mulher. - Podemos dizer que somos amigos que se pegam de vez enquanto.

Tadeu revirou os olhos e acrescentou:

-Todo dia.

Ela deu de ombros e voltou a sorrir.

-Vocês deveriam namorar logo - Jack disse, rindo mais uma vez.

Ela bebeu uma boa golada da bebida que eles degustavam.

-Se você quer namorar comigo, senhor Giluer, eu largo seu irmão - ela disse em tom provocativo.

-Otimo, agora até minha mulher quer meu irmão - Tadeu fingiu estar ofendido.

-Passo - Jack disse, bebendo um gole.

Ele já deve ter bebido bastante para estar tão solto, constatei mentalmente.

-Enfim, chega de ladainha, vamos festejar - Tadeu comemorou.

Todos concordaram em deixar Cassini nós levar, assim ninguém ficaria preso a situação de não poder beber. Dessa forma, todos nós fomos no mesmo carro.

Tanto eu como Jack não havíamos jantado, então optamos por comer algo antes de entrar na balada proposta por Tadeu.

-A gente vai na frente e vocês mandam uma mensagem quando forem entrar - ele disse.

Seria um momento a sós para eu e Jack, mas não achei que deveríamos iniciar a noite com uma conversa séria. Por hora, decidi que apenas iria levar aquela situação para debaixo do pano.

-O que deseja comer? - perguntou.

Olhei envolta, muitos restaurantes caros. Mas algo me chamou a atenção. Uma pequena barraca de espetinho no fim da rua.

-Aquilo - eu apontei para o local.

Ele sorriu e assentiu.

Assim que iniciei minha caminhada senti uma das mãos de Jack se acomodar em meu ombro. Caminhamos em silêncio até o local, abraçados.

Ao chegar, ele logo afastou minha cadeira para que eu sentasse e se acomodou ao meu lado.

-O que desejam? - perguntou uma mulher.

Ela encarava Jack com os olhos famintos e fez charminho para que ele a notasse. Porém o homem encarava o cardápio e nem havia notado a presença dela.

-Eu quero um completo de coração de galinha - eu falei e ela anotou.

-E o senhor? - outra tentava de chamar a atenção.

-Um completo de carne de boi - ele disse, finalmente fechando o cardápio. - Para beber um suco de laranja na jarra.

Assim que falou ele sorriu para mim e a mulher saiu frustrada.

-Eu pedi certo? - ele perguntou.

-Não tem como errar em um churrasquinho - eu falei.

-Achei legal, primeira vez que venho em um lugar assim - ele disse, olhando tudo ao redor.

Eu o encarei surpresa.

-Sério? - perguntei.

Ele voltou a me olhar.

-Não sei se sabe, mas eu e Tadeu fomos criados em berço de ouro - ele riu sarcasticamente. - Tadeu ainda teve seu lado rebelde e vivia na rua, mas eu nunca fui muito de sair de casa.

-Nem na faculdade? - eu perguntei

-Eu ia direto para a casa depois da faculdade - ele deu de ombros.

-Assim que tivermos tempo, vou levar o senhor para comer um podrão - eu disse.

Ele me olhou desconfiado.

-Isso não me parece algo comestível - ele riu. - E não me chame de senhor, me chame de Jack.

-Tudo bem, Jack - eu falei. - Mas confia em mim, você vai se amarrar em um podrão.

O nome parecia divertir ele.

-Tudo bem, se você está dizendo - ele disse.

Conversamos sobre comidas de rua e em como elas são deliciosas. Para o meu contentamento, pelo menos o pastel de feira ele já havia experimentando.

-O pedido de vocês - a mulher se aproximou novamente.

Jack sorriu brevemente para ela e olhou maravilhado para mesa.

-Muitas comidas diferentes - ele disse rindo.

-Isso que significa completo - eu gargalhei.

Ele experimentou e pareceu adorar. Mas realmente, estava tudo muito gostoso.

Rimos do molho de alho que havia grudado em sua barba e de como ele descobriu que o vinagrete ficava perfeito com arroz e feijão tropeiro.

-Eu poderia comer só isso aqui - ele disse, indicando a combinação.

Gargalhei novamente de seu exagero, mas fiquei contente que pude apresentar para ele um pouco do mundo normal.

-Temos que ir - Jack anunciou assim que terminamos de saborear nosso jantar.

Eu assenti e ele se levantou para ir pagar a conta.

A mulher de antes surgiu para limpar a mesa.

-Que sortuda você - ela falou com um rosto fechado.

Ignorei o comentário e caminhei em direção a Jack, que me aguardava.

-Agora vamos curtir um pouco mais dessa noite - ele disse, me puxando pela cintura e nos levando em direção a boate.

A GOVERNANTAOnde histórias criam vida. Descubra agora