Capítulo 47

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Cassini me deixou no apartamento e eu estava desnorteada ainda com os últimos acontecimentos, então apenas me acomodei no sofá e procurei algo aleatório na televisão. 

Quando a porta se abriu, mesmo que eu sentisse a presença de Jack, não me atrevi a olhar em sua direção. Eu estava envergonhada, mesmo sem entender o motivo. 

-Sofia - sua doce voz me chamou. 

Meu coração palpitou ao ouvir sua voz, mas me encolhi em proteção.

-Sofia, por favor - ele chamou mais uma vez.

Me virei e encontrei Jack em seu terno. Ele segurava um buquê de rosas nas mãos e sorria timidamente.

-O que é isso? - perguntei.

Ele deu de ombros e sorriu mais uma vez.

-Um pedido de desculpa? - falou desajeitado.

Jack se aproximou e esticou o enorme buquê em minha direção.

Era tantas flores que achei impossível contar todas elas e só fui capaz de sorrir.

-Sei que eu errei em mentir e te esconde várias coisas sobre o meu passado - ele disse. - Estarei aqui aberto para esclarecer o que quiser, mas agora só tem uma coisa que eu quero te contar. 

Jack se aproximou de mim e segurou minha mão. 

-A verdade é que eu me apaixonei realmente na primeira vez em que eu a vi durante a faculdade - ele riu. - Você era tão carinhosa e cheia de espontaneidade, era quase impossível não te notar. Quando descobri que iriamos fazer a mesma matéria juntos, me sentei atrás de você e fiquei te observando todos os dias durante a aula. 

Seus dedos se apertaram entorno dos meus e eu percebi que mesmo que parecesse confiante, ele estava nervoso. 

-Quando falou comigo na festa de meio de ano, eu fiquei tão empolgado - ele contava enquanto sorria. - Mas nunca tive coragem de me aproximar, afinal, você tinha muitos pretendentes melhores do que eu - deu de ombros. - E então, você me aparece na porta da minha casa.

Dei um sorriso com seu jeito sem graça, ele fica ainda mais bonito quando estava envergonhado. 

-Como você não me reconheceu, não achei que seria relevante - ele falou. - Mas uma coisa foi levando a outra e eu estava cada dia mais apaixonado. Errei, não nego isso, mas não mudaria nada, pois esses últimos dias foram os melhores da minha vida.

Eu o encarei perplexa. Jack estava falando com o coração e eu percebia isso em cada palavra que ele pronunciava. 

-Então eu humildemente estou aqui - ele falou se ajoelhando - para pedir sua mão em namoro. 

Conseguia me ver facilmente ao lado dele por toda a minha vida, mas ainda assim eu temia. Temia não ter a aprovação de sua família, temia não ser suficiente para ajudar em seus negócios e temia não ser a mulher que ele precisava ou merecia.

Ele notou minha relutância, mesmo com o pouco tempo que tínhamos juntos, Jack me conhecia muito bem. Vi a tristeza em seu olhar. 

-Sei que eu menti - ele falou com a voz baixa -, mas juro que não foi com más intenções. 

Era notório por seu tom o desespero. 

-A mentira em si foi algo que me magoou bastante, porque não foi apenas uma coisa - eu comecei a falar de repente. - Descobri que você é herdeiro de um dos maiores grupos do nosso país, que a mãe do seu filho é uma amiga antiga minha e que nos conhecíamos desde a faculdade.

Ele soltou a minha mão e se afastou dois passos de mim. 

-Já pensou em como me senti quando descobri que eu não sou nada perto das possibilidades que você pode ter? - eu estava gritando, com raiva. 

Ele ficou confuso e arqueou as sobrancelhas. 

-Como assim? - perguntou. 

-Olha para aquela garota, a tal de Nina, ela é linda e tem todos os quesitos para ocupar melhor esse cargo do que eu - falei. Ele deu um passo em minha direção, mas recuei dois. - Eu não sou ninguém. 

-Sofia, olha para mim - ele me chamou e só então percebi que não o encarava mais. 

-Jack, não é tão simples assim, eu sou sua funcionária. Não tenho nada a lhe oferecer ou a acrescentar em sua posição social - eu o confidenciava. 

As lágrimas estavam teimando para sair, porém eu não queria chorar.

-Sofia - ele falou firmemente. 

O olhei e vi doçura em seus olhos. 

Jack se aproximou com seus passos largos e eu sentia seu perfume cada vez mais perto de mim. 

-Entenda que eu não me importo com isso e nem com o que irão pensar sobre nós - ele falou. - Eu amo você e se quiser eu largo toda a minha fortuna e a gente foge para um lugar afastado e ficamos somente nós dois. 

Nunca o tinha visto tão sério e convicto de algo. 

-Não estou pedindo para abandonar tudo - eu retruquei. 

-Eu sei que não, mas se eu corro o risco de perder você por conta desse dinheiro, eu me desfaço dele e me livro do que te afasta de mim - Jack estava com os olhos marejados. 

Jack era um cara incrível. 

-Entenda, Sofia, eu não me vejo mais sem você - ele falou. - Se não quiser namorar, tudo bem, eu espero, mas não vou sair daqui e continuarei esperando até que você se decida. Então por favor, não me abandone. 

Corri em direção aos seu abraço e o apertei. Seus braços não esperavam por esse contato direto, mas logo me envolveram de uma forma acolhedora. 

Mas na minha cabeça eu só o ouvia dizer que me amava. Jack Giluer me amava.

-Não vou te abandonar - eu disse. 

Me afastei e vi um sorriso de orelha a orelha ocupar todo o seu rosto. 

-Então isso é um sim? - perguntou. 

Me ajeitei com o meu buque em mãos e sorri em retribuição. 

-É um sim desde que aceitei o buquê - falei, brincando.

Ele me beijou e eu senti que tudo estava perfeito, mas uma sensação tomou meu corpo e eu soube que alguma coisa ainda estava para acontecer.


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