A GOVERNANTA

Capítulo 49

-Já estamos indo e vamos te deixar para trás se demorar mais um pouco - ouvi Jack gritar do corredor. 

Ouvi a doce voz de Rafael repreendeu seu pai por gritar e em seguida o homem cochichou alguma coisa que não pude ouvir. 

Ele deveria entender, seu pai sai de nossa residência a pouco mais de uma hora e ele queria que eu me arrumasse em tempo recorde. Mesmo que fosse apenas um jantar, eu não poderia ir vestida de short e regata ou seria expulsa da família sem nem pisar dentro da casa.

Terminei minha maquiagem e encontrei pai e filho juntos no corredor usando cores combinando. Jack estava com blazer preto e uma camisa listrada, que combinavam perfeitamente com a calça jeans que havia escolhido. 

Ao encarar Rafael eu entendi porque Jack tinha insistido tanto em vestir a criança. Ele colocou uma blusa listada com um short jeans, combinando suas roupas. 

-O que achou? - ele perguntou, sorrindo. 

-Rafael esta um fofo - eu disse me abaixando para acariciar a bochecha do pequeno. 

A criança sorriu contente e esticou os braços em minha direção para um abraço. 

-Se for parar para pensar, sem querer, você acabou combinando com a gente - ele disse indicado meu vestido branco com fitas escuras. 

Eu ri alto de nossa versão de família feliz.

-Vamos? - perguntei e Jack nos conduziu até o carro. 

O percurso foi tranquilo e conversamos com Rafael sobre super heróis, confesso que a criança se empolgou na conversa e me contou sobre vários heróis que ele gostava. 

-Chegamos - Jack disso. 

Encarei a imensa mansão espantada. 

Eu sabia que a família de Jack era rica, mas não tinha parado para pensar no quanto e aquele exagero me assustava. Não que a casa fosse feia, mas era enorme e cheia de enfeites que provavelmente valeriam bem mais do que o meu salário poderia pagar. 

Retirei Rafael da cadeira de segurança e ele entrelaçou seus dedos em minha mão, Jack posicionou do outro lado do garoto e segurou sua outra mão. 

-Esta pronta? - perguntou em tom carinhoso.

-Sim - menti.

Subimos um grande número de degraus, apenas iluminados pela luz da lua e pela luminárias nada discretas que estavam espalhadas no local. 

Perto disso aqui, o apartamento de Jack parecia minúsculo. 

As enormes portas estavam abertas e fomos recebidos por uma funcionária uniformizada. Ela nos cumprimentou e indicou que os convidados estavam na sala principal. 

Ao chegarmos ao lugar indicado fiquei ainda mais pasma. Cabia o apartamento todo de Jack só naquele cômodo. Fora que todos os móveis que estavam ali eram perfeitamente desenhados e parecia que estávamos em um castelo medieval, porém com toques modernos.

-Ah! Vocês chegaram - a mãe de Jack nos anunciou. 

Todos se voltaram em nossa direção, sem ao menos tentar esconder o olhar de curiosidade. 

Nina e Margo estavam no canto da sala com duas taças na mão. A cobra cascavel de idade avançada me encarava como se fosse me esfolar viva e sua filha apenas tinha um olhar triste. 

No meio da multidão também encontrei seu Raimundo, que se aproximou para nos cumprimentar com um enorme sorriso no rosto. 

-Fiquei tão feliz com a noticia, mocinha - ele disse acariciando levemente meu cabelo. - Esse rapaz é estranho, mas juro que tem um bom coração.